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Como a ciência explica o registro da Estrela de Belém?

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Você acredita que é possível explicar a existência da Estrela de Belém? Essa discussão voltou à tona recentemente, quando ocorreu uma “Grande Conjunção” extraordinária entre Júpiter e Saturno, algo que não era presenciado há quase 800 anos.

Nesse evento, os dois planetas estiveram tão próximos no céu noturno da Terra durante o solstício de inverno (no hemisfério norte) e o solstício de verão (no hemisfério sul) que quase pareciam formar um único objeto.

Essa conjunção peculiar foi apelidada por alguns como a “Estrela de Natal” e despertou questionamentos sobre um evento celeste semelhante que teria ocorrido durante o primeiro Natal descrito na Bíblia, conhecido como a Estrela de Belém.

No entanto, será que essa visão cósmica realmente aconteceu? E, em caso afirmativo, o que a ciência astronômica nos revela sobre sua possível causa?

Curiosamente, existem algumas evidências de que um par de conjunções planetárias, não muito diferentes da Grande Conjunção que presenciamos recentemente, ocorreram em torno do período historicamente aceito para o nascimento de Cristo.

Essas conjunções podem, potencialmente, explicar a existência da Estrela de Belém. No entanto, é importante ressaltar que nem todos concordam com essa teoria.

Via Paróquia São Francisco de Assis

A Estrela de Belém

A história da Estrela de Belém aparece exclusivamente no livro de Mateus. De acordo com o evangelho, uma estrela brilhante surgiu no céu oriental quando Jesus nasceu, sendo notada especialmente por um grupo de sábios homens.

Esses “Magos” bíblicos, ocasionalmente referidos como reis, são representados nos presépios ao redor do mundo.

A narrativa bíblica descreve como esses três sábios viram a nova estrela como um sinal do nascimento do Rei dos Judeus e, em resposta, decidiram viajar para Jerusalém para adorá-Lo.

Ao chegarem, eles indagaram a Herodes, o governante designado por Roma, sobre o paradeiro do bebê Jesus. Segundo o relato de Mateus, eles perguntaram sobre o rei dos judeus, pois viram sua estrela no Oriente.

No entanto, Herodes ficou alarmado com essa informação. Ele e seus próprios sábios também buscaram descobrir o local de nascimento de Jesus.

Eventualmente, convocaram os três sábios para perguntar quando exatamente a estrela havia aparecido. Com base na profecia de Miquéias, que afirmava que o Messias nasceria em Belém, Herodes enviou o trio para procurar Jesus naquela cidade.

Infelizmente, Herodes também ordenou a matança das crianças em Belém na tentativa de eliminar Jesus.

Conforme o relato de Mateus: “Quando ouviram o rei, partiram; e eis que a estrela que tinham visto no Oriente ia adiante deles, até que, chegando, se deteve sobre o lugar onde estava o menino. Ao verem a estrela, sentiram uma alegria muito grande”, segundo a passagem na bíblia.

Evidências da Estrela de Belém

Por séculos, os astrônomos têm examinado registros históricos em busca de evidências que possam explicar a Estrela de Belém.

Os estudiosos têm debatido sobre possíveis causas desde o século XIII. Algumas teorias propõem que poderia ter sido uma supernova, um cometa, uma erupção solar ou um alinhamento planetário.

No entanto, também existe a possibilidade de que o evento nunca tenha ocorrido. A verdade é que a ciência provavelmente nunca chegará a uma resposta definitiva.

Mas vamos considerar a ideia de que a Estrela de Belém foi um evento celestial real. Quais são algumas explicações baseadas na ciência que poderiam dar conta desse fenômeno?

Embora a narrativa seja vagamente descrita, ela oferece algumas pistas. Alguns cenários podem ser facilmente descartados.

Por exemplo, a Estrela de Belém não poderia ter sido um meteoro, um pedaço de rocha espacial que queima intensamente na atmosfera terrestre e desaparece rapidamente. Não seria possível para os três sábios acompanharem um meteoro por semanas.

Além disso, é improvável que uma supernova, a explosão violenta de uma estrela que aumenta drasticamente seu brilho durante dias, semanas ou meses, possa explicar a Estrela de Belém.

Via Aleteia

Supernova

As supernovas foram consistentemente observadas e registradas ao longo de milhares de anos. Se uma supernova tivesse ocorrido na época do nascimento de Jesus, outras culturas provavelmente também teriam percebido esse evento.

Embora alguns acreditem que a hipótese não teve registro histórico correto, os astrônomos da atualidade afirmam terem diversos vestígios de supernovas antigas.

Ao estimar o brilho máximo desses eventos, os pesquisadores até identificaram alguns remanescentes associados a observações históricas na Terra.

Por outro lado, os equipamentos não detectaram evidências de uma supernova que tenha relação com a ‘original ‘ Estrela de Belém.

Na verdade, a única supernova visível a partir da Terra no momento do nascimento de Cristo ocorreu em 185 DC e foi registrada por astrônomos chineses.

Cometa de Natal

Antigamente, pesquisadores chegaram a avaliar a possibilidade da Estrela de Belém ser apenas um cometa próximo da Terra que cruzou o céu noturno.

Esses corpos celestes compostos de gelo, originários do distante sistema solar, geralmente brilham intensamente quando se aproximam do sistema solar interno e são aquecidos pelo sol.

Além disso, cometas frequentemente permanecem visíveis no céu por semanas ou meses. Temos registros históricos de outras culturas sobre cometas, assim como temos sobre as supernovas.

De fato, no ano 5 a.C., astrônomos chineses observaram o aparecimento de uma “estrela da vassoura”, que muitos pesquisadores interpretaram como sendo um cometa.

Assim como as supernovas, os estudiosos chineses notaram a ocorrência de vários cometas na história e até registraram incidentes em que impactos de meteoros causaram mortes.

Na década de 1970, os pesquisadores perceberam a coincidência temporal dessa “estrela da vassoura” chinesa e uma série de artigos científicos começou a debater essa ideia, entre outras teorias.

Essas discussões culminaram em um artigo de 1977 no The New York Times, escrito pelo renomado jornalista científico Walter Sullivan, que sugeriu que a Estrela de Belém poderia ter sido um cometa, uma conjunção planetária, uma nova estelar ou simplesmente um mito.

No entanto, ao longo das décadas seguintes, nenhuma conclusão consensual emergiu.

Uma outra teoria sugere que uma conjunção tripla de Júpiter e Saturno ocorreu em 7 a.C. Comparando as posições dos planetas com as estrelas de fundo, essas ilustrações revelam os eventos astronômicos.

Em 29 de maio, Júpiter passou por Saturno pela primeira vez. Júpiter ultrapassou Saturno novamente em 30 de setembro, com ambos movendo-se para a direita (oeste).

Por fim, os planetas retomaram o movimento para o leste e, em 5 de dezembro, Júpiter passou por Saturno pela terceira vez.

Via UOL

Mito ou realidade?

Desde então, muitos entusiastas e astrônomos amadores têm apontado para outras posições celestiais ocorridas na mesma época como evidência adicional de que os astrólogos antigos podem ter atribuído significado a esses eventos.

Estrelas e planetas brilhantes moviam-se através de constelações importantes. Além disso, alguns sugeriram que a Estrela de Belém pode não ter sido um evento celestial em si.

Em vez disso, argumenta-se que o efeito combinado de vários anos desses eventos astronômicos pode ter levado os magos a interpretar os sinais como o nascimento de um novo rei.

No entanto, é importante ressaltar que nenhum desses eventos se encaixa perfeitamente na descrição apresentada no livro de Mateus. O contexto histórico também é distante.

Os povos antigos tinham um bom conhecimento dos planetas, portanto, seria estranho chamar uma conjunção planetária de “estrela”.

Além disso, é difícil imaginar como Herodes teria sido pego de surpresa por três homens sábios contando-lhe sobre uma nova estrela; certamente ele teria notado qualquer objeto brilhante ou óbvio no céu.

Ainda vale ressaltar que, de acordo com a Bíblia, a astrologia é considerada herética, o que torna a ideia de interpretar o significado das estrelas um tanto suspeita desde o início.

No final, provavelmente nunca saberemos ao certo o que realmente inspirou a história bíblica da Estrela de Belém.

Felizmente, tivemos a oportunidade de presenciar nossa própria “estrela de Natal” em 21 de dezembro de 2020. Portanto, cada um de nós pode decidir por si mesmo o que isso significa.

E, independentemente de qualquer heresia, todos esperamos que ela traga boas notícias de paz, alegria e amor. Certamente, estamos precisando delas agora.

 

Fonte: Gaia Ciência

Imagens: UOL, Paróquia São Francisco de Assis, Aleteia

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