Em 1957, um grupo de operários que trabalhavam na impermeabilização da abóbada de uma cripta medieval em Whithorn, na Escócia, encontrou três caixões de pedra. Dentro deles, estavam enterradas três pessoas: dois homens e uma mulher, que pode ter sido considerada a mais bonita da Idade Média.
Os trabalhadores também encontraram alguns adereços que apontaram de quem seriam aqueles corpos.
Mais de 60 anos depois, especialistas utilizaram a tecnologia 3D para dar vida aos rostos dos indivíduos que estavam nos caixões. O resultado é impressionante.
A reconstituição do rosto da mulher
O trabalho foi realizado por meio do projeto de pesquisa Cold Case Whithorn, desenvolvido no sítio arqueológico de Whithorn. O local era habitado pela mais antiga comunidade cristã já identificada na Escócia, e teria existido por aproximadamente 1.600 anos.
O projeto tem como meta trazer mais informações sobre como era esse período da história. “É sempre um desafio imaginar como era realmente a vida nos tempos medievais. Essas reconstruções são uma maneira brilhante de se envolver com quem essas pessoas do nosso passado realmente eram, de suas vidas cotidianas, suas esperanças e suas crenças”, disse à BBC Julia Muir Watt, gerente de desenvolvimento do projeto.
Os pesquisadores informaram que já conseguiram digitalizar e reconstituir o rosto destas três pessoas: um bispo, uma jovem mulher e um clérigo com lábio leporino e fenda palatina.
Essas pessoas teriam vivido no condado de Wigtownshire entre os séculos XII e XIV, e foram enterradas na região de Dumfries e Galloway, na Escócia.
Os rostos identificados
Com os métodos usados (que envolvem datação por radiocarbono, registros históricos e análise de isótopos estáveis), os pesquisadores conseguiram identificar a figura de um bispo chamado Walter, que teria presidido Whithorn entre 1209 e 1235.
O esqueleto de Walter apresentou sinais de obesidade e que ele possuía uma alimentação rica em peixe. De acordo com os cientistas, seus dentes confirmavam que ele cresceu em Galloway.
Junto ao corpo do religioso, estavam uma roupa e objetos de valor, como um anel de ouro incrustado de rubis e esmeraldas.
A mulher ainda não teve sua identidade descoberta. No entanto, os cientistas afirmaram que seu crânio revela uma jovem bonita, de rosto muito simétrico, e que teria morrido com aproximadamente 20 anos.
Devido aos objetos enterrados com ela, os pesquisadores apontam que ela pode ter feito parte da elite local.
Já o clérigo, que também não foi identificado, foi o indivíduo mais desafiador para fazer a reconstituição. De acordo com os pesquisadores, isso aconteceu por seu rosto ser assimétrico e apresentar uma fenda palatina.
Mesmo que ele tenha sido enterrado ao lado de membros da elite, os cientistas acreditam que o clérigo foi o mais pobre entre as três pessoas encontradas.
Técnicas usadas no estudo
As técnicas utilizadas no estudo que identificaram o rosto da “mulher mais bonita da Idade Média” são consideradas inovadoras. Um pesquisador projetou imagem 3-D dos crânios. Logo em seguida, elas foram reconstruídas digitalmente para ficarem mais realistas.
“Isso envolve o uso de profundidades de tecidos moles faciais, musculatura esculpida individualmente para caber em cada crânio e métodos científicos de estimativa de cada característica facial, como olhos, nariz, boca e orelhas, a partir da morfologia do crânio”, explicou o antropólogo e artista forense Christoper Rynn, que trabalhou nesta parte do projeto.
Em relação às informações sobre a dieta e a saúde dos indivíduos encontrados, isso foi possível por meio da análise de isótopos estáveis dos corpos.
A arqueóloga Shirley Curtis-Summer descreveu qual a importância desses dados: “este projeto é de enorme importância, porque embora nunca possamos contar a história completa da vida desses povos medievais, podemos reconstruir sua dieta, mobilidade e agora seus rostos, o que nos permite mergulhar em seu passado e ficar cara a cara com eles”.
Fonte: Mega Curioso
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