Curiosidades

Como funciona o movimento que propaga o ódio às feministas?

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O Movimento Antifeminista, ou Antidireito das Mulheres, vem ganhando força no Brasil, constituindo-se como uma tendência preocupante na sociedade atual.

Esse grupo prega padrões de comportamento fundamentados em princípios evangélicos, buscando enfraquecer a luta pela equidade e pelos direitos das mulheres.

Infelizmente, parte de suas ações se baseia em acusações e disseminação do ódio contra ativistas que defendem a igualdade de gênero.

Uma das características mais marcantes desse movimento é a participação de diversos líderes religiosos, que têm se engajado na divulgação de discursos e argumentos, muitas vezes baseados na interpretação da Bíblia, para justificar suas posições antifeministas.

É o caso do Pastor Silas Malafaia, por exemplo, uma das figuras mais emblemáticas nesse meio, com quase 2 milhões de seguidores assistindo a seus vídeos e visualizando postagens.

Essa utilização da religião como instrumento para combater os avanços das lutas feministas pode ter impactos significativos na mentalidade de seus seguidores e na perpetuação de estereótipos e desigualdades de gênero.

Via

Direitos, aborto e política

Entre as pautas mais contestadas pelos antifeministas estão o direito ao aborto, o acesso à educação e a participação das mulheres na política e em posições de poder, como no Congresso Nacional.

O deputado Nikolas Ferreira polemizou, recentemente, ao discursar utilizando uma peruca, falando contra os direitos das mulheres transexuais.

Tais questões são alvo de constantes ataques e tentativas de retrocesso, o que pode representar um sério retrocesso para os direitos das mulheres e para a busca de uma sociedade mais justa e igualitária.

A discussão sobre o antifeminismo no Brasil demanda uma abordagem complexa, uma vez que envolve questões culturais, religiosas, políticas e sociais.

É fundamental combater a disseminação de discursos de ódio e desinformação que vão contra os princípios da igualdade de gênero e dos direitos humanos.

A luta pela equidade de gênero e pelo direito das mulheres à autonomia sobre seus corpos e vidas é uma causa que não deve ser menosprezada.

Defesa

Além da disseminação de discursos antifeministas em diversos setores da sociedade, o movimento também conta com o apoio de associações de defesa, compostas por advogados evangélicos.

Eles se colocam à disposição para aceitar causas judiciais relacionadas a essa ideologia.

Essas associações atuam na defesa dos interesses do movimento antifeminista e podem ingressar com ações na justiça com o objetivo de barrar avanços em políticas de igualdade de gênero ou restringir direitos conquistados pelas mulheres.

A presença crescente de influentes defensores do movimento antifeminista nas redes sociais também tem contribuído para a disseminação de suas ideias.

A facilidade de alcance do público proporcionada pelas mídias sociais tem sido utilizada para propagar discursos conservadores e contrários aos direitos das mulheres.

Assim, influenciam um grande número de pessoas que, por vezes, podem se sentir legitimadas a compartilhar preconceitos e discriminações.

Posição social e virtual antifeminista

Via PNGWig

Desde 2006, o Movimento Nacional da Cidadania Pela Vida tem marcado sua presença nas redes sociais com a inflamação da hashtag #BrasilSemAborto.

Desde a criação de seu perfil no Twitter em 2009, o movimento tem se empenhado em disseminar conteúdos relacionados à sua causa.

Em 2012, o ano em que o Supremo Tribunal Federal (STF) descriminalizou o aborto por anencefalia, a conta do movimento liderou uma grande empreitada contra a decisão.

A estratégia adotada nas redes sociais inclui a divulgação de conteúdos como a série #VerdadePelaVida.

Ela aborda questões sobre o início da vida com base em informações médicas, e busca desmistificar informações equivocadas sobre o tema.

Além disso, o movimento incentiva seus seguidores a entrarem em contato com o gabinete do STF para expressar sua posição contrária ao aborto.

A Marcha pela Vida é uma iniciativa promovida por eles para dar visibilidade à sua causa, acompanhada pelas hashtags #abortoépreconceito e #asduasvidasimportam.

Além da atuação nas redes sociais, a campanha #BrasilSemAborto também tem uma presença ativa no cenário político.

Durante as eleições, o movimento apoia candidatos que defendem a causa antiaborto, o que resulta em um aumento significativo de engajamento no Twitter.

Além disso, por anos, eles têm patrocinado a coleta de assinaturas para a votação e aprovação no Congresso Nacional do Estatuto do Nascituro, projeto de lei (PL 478/2007) que visa conceder aos fetos direitos de cidadania, o que implicaria na proibição completa de qualquer tipo de aborto.

Ataques reais

Mesmo com o fim do governo Bolsonaro, as consequências do discurso antiaborto, da propagação de conteúdos falsos e dos ataques contra mulheres e pessoas LGBTQIAP+ por líderes religiosos e políticos da extrema-direita continuam.

Os dados de feminicídios no Brasil revelam uma situação preocupante. Ano após ano, o número de assassinatos de mulheres aumenta. Agora, ultrapassa a assustadora média de mais de três mortes por dia, conforme relatório do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Em 2022, registraram 1.437 casos de feminicídio, somando-se a isso quase 75 mil vítimas de estupro, sendo a maioria delas crianças.

No cenário da violência contra a população LGBTQIAP+, também houve um aumento expressivo em 2022, com um crescimento de 164% em relação ao ano anterior.

Denúncias de violência física, sexual, psicológica, patrimonial, tortura, negligência e discriminação chegaram ao Disque 100, órgão vinculado à Ouvidoria do Ministério dos Direitos Humanos.

Esse aumento de violência afetou particularmente a população trans, com 131 assassinatos apenas em 2022, conforme dados da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra).

O Brasil ainda enfrenta o grave problema da criminalização e perseguição às mulheres que decidem abortar.

Isso porque os dados do Data SUS revelam que em uma década foram registradas 528 mortes em procedimentos pós-abortamento.

Além disso, mais de 1.000 brasileiras sofreram processo por aborto entre 2018 e 2022, conforme o Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

O número de processos tem aumentado, com 464 mulheres processadas apenas em 2022, três vezes mais do que no ano anterior. Até abril de 2023, já são 189 processos de aborto.

Via Freepik

É preciso lutar

Esse cenário demanda uma resposta efetiva por parte da sociedade, dos órgãos governamentais e dos movimentos feministas.

Assim, é essencial se unir para combater o avanço do antifeminismo e suas consequências negativas para a igualdade de gênero e os direitos das mulheres.

A educação, o diálogo e a conscientização são fundamentais para enfrentar esse cenário e promover uma cultura de respeito à diversidade e aos direitos humanos.

Além disso, somente por meio de esforços coletivos e da união é possível construir um país onde mulheres e homens sejam tratados com igualdade, livre de preconceitos e discriminações baseadas no gênero.

 

Fonte: Terra

Imagens: Freepik, PNGWig, DCM

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