Curiosidades

Como o cérebro corresponde aos estímulos no contexto das apostas?

Homem 3D pensando
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A cada ano, o mercado de apostas vem crescendo mundialmente. Desde que o governo Temer criou a modalidade lotérica de apostas de quota fixa em 2018, o número de casas de apostas não para de crescer no Brasil, com mais de 500 companhias atuando no país e investindo pesado em propaganda. Isso fez com que o Brasil se tornasse o lugar com o maior número de acesso a site de apostas no mundo. E o ápice até o momento aconteceu em dezembro de 2023, quando foi sancionada a Nova Lei de Apostas, Lei n° 14.790/2023, que passou a regularizar tanto as apostas esportivas quanto os jogos online no país, entre eles jogos de cassino.

As empresas de apostas esportivas têm sido o principal ator para esse número crescente. Com patrocínios pesados de anúncios na televisão, em campeonatos como é o caso da Betnacional com o Campeonato Carioca e principalmente nos uniformes dos times, essas empresas estão mudando a forma de se consumir esporte. Só na edição de 2024 da Série A do Brasileirão, das 20 equipes, 15 têm patrocínios masters (aqueles que ocupam o espaço nobre no centro do uniforme), de casas de apostas.

De acordo com pesquisa do Datafolha, cerca de 15% dos brasileiros já usaram sites de apostas. A maior parte dos apostadores são os jovens, que correspondem a 30% de quem tem 16 a 24 anos e entre homens 21% e mulheres 9%. O gasto médio mensal em “bets” é de R$263,00. O valor é equivalente a quase 20% de um salário mínimo pago em 2023, que era de R$ 1.321. E esse número poderá aumentar cada vez mais, já que espera-se que o mercado arrecade até 6 bilhões de reais este ano.

Apesar de todo o investimento e crescimento no setor, as apostas podem se tornar de uma atividade recreativa e lúdica a um problema grave de saúde, o vício, caso aconteça de forma recorrente e em “altas doses”. O vício específico em jogo é classificado como um transtorno impulsivo e uma dependência. Apesar de não ter nenhum composto químico envolvido, os jogos de azar atuam no cérebro de maneira semelhante ao álcool e outras drogas. Diante disso, o Fatos Desconhecidos tentará explicar como as apostas influenciam o nosso cérebro?

Como funciona nosso cérebro nas apostas?

Quando apostamos, as regiões do cérebro que são acionadas são as associadas às de tomadas de decisões arriscadas que incluem o córtex pré-frontal ventromedial (envolvido na tomada de decisão, memória e regulação emocional); córtex frontal orbital (que ajuda o corpo a responder às emoções); e ínsula (que regula o sistema nervoso autônomo).

O que estimula as apostas é que, quando os resultados são positivos, há um aumento da atividade no sistema de recompensa do cérebro e a liberação de dopamina, o neurotransmissor do prazer. A busca pela liberação dessa química contribui para o desenvolvimento do vício.

Quando os jogadores veem o resultado de suas apostas, seus cérebros ficam mais ativos nas áreas ligadas à sensação de recompensa, como o núcleo caudado. Isso é especialmente intenso em pessoas viciadas em jogos de azar.

A dopamina, uma substância que ajuda as células nervosas a se comunicarem, desempenha um papel crucial nesse sistema de recompensa do cérebro.

Estudos mostram que jogadores compulsivos têm níveis mais altos de excitação quando a dopamina é liberada em seus cérebros, comparados a pessoas saudáveis.

A liberação de dopamina parece reforçar o impulso de jogar mais, aumentando a excitação e diminuindo a inibição para fazer escolhas arriscadas. Esse tipo de ação acontece muito nos famosos caça-níqueis, devido ao seu resultado imprevisível, a cada puxada da alavanca o cérebro lança uma nova descarga de dopamina, o que faz a pessoa ficar jogando cada vez mais.

O núcleo accumbens, que também está envolvido na sensação de recompensa, desempenha um papel em comportamentos de risco em adolescentes e adultos. Essa região é rica em dopamina, o que sugere que a dopamina tem um papel importante em comportamentos arriscados.

Caminhos para combater o vício do jogo

Como dito no começo do texto, o vício do jogo é classificado como um transtorno impulsivo e uma dependência, e para combater este problema existem alguns caminhos que podem ser seguidos. A primeira é procurar acompanhamento médico e psicológico, porque além do vício muitos indivíduos desenvolvem outros problemas como impulsividade, irritação, ansiedade e até depressão. O que acarreta também problemas financeiros e não saber o momento de interromper o jogo.

Outro caminho é desenvolver outras atividades que faça com que o cérebro produza dopamina como a prática de alguma atividade física como corrida ou natação, criar novos hobbies como ler um livro, cozinhar ou desenhar. Isso faz com que a nossa cabeça crie novas formas de geração de prazer e satisfação ao invés do jogo.

A aprovação da nova lei ajudou bastante nesse cenário com as medidas de jogo responsável, que é um conjunto de medidas, diretrizes e práticas a serem adotadas para prevenção ao transtorno do jogo compulsivo ou patológico, para prevenção e não indução ao endividamento e para proteção de pessoas vulneráveis.

Entre elas está a publicidade honesta, ressaltando as consequências do jogo compulsivo e mostrando a realidade, que dentro do cenário de apostas há a possibilidade de ganhos e perdas.

Uma das diretrizes também é a proibição do jogo para menores de 18 anos a partir do registro do CPF ao criar uma conta em um site de apostas, já que muitos jovens abaixo desta idade têm o costume de apostar. Então isso também se torna uma forma de controle.

Para os adultos, apostar moderadamente e desfrutar da experiência de jogo que tenha baixo risco. O importante aqui é que haja uma gestão de banca, que é um controle de quanto a pessoa vai usar de dinheiro para destinar as apostas.

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