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Depressão pós-parto masculina afeta milhões de pais

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Quando se fala em depressão pós-parto (DPP), geralmente se associa à mulher. Mas será que ela pode acontecer também com os pais? O pediatra de Nova Jersey, nos Estados Unidos, David Levine, nunca tinha ouvido falar nessa possibilidade. E ele não é o único.

A verdade é que a depressão pós-parto é uma condição de saúde mental e que pode fazer com que as mães e os pais se sintam mal permanentemente, apáticos ou até mesmo que tenham pensamentos suicidas no primeiro ano depois do parto.

Ela é uma condição bem conhecida entre as mulheres, mesmo que ainda seja subdiagnosticada no mundo todo, com isso, não é sempre que ela é tratada adequadamente, o que pode trazer consequências trágicas. E o que é menos conhecido ainda, mesmo entre os médicos, é que os homens também podem ter depressão pós-parto.

Depressão pós-parto

Forbes

Entretanto, vários dos recursos que ajudam no diagnóstico e tratamento da depressão pós-parto, como por exemplo, questionários de diagnóstico usados pelos médicos e redes de apoio, foram estabelecidos para as mulheres. Até porque, os sintomas relacionados à DPP geralmente se referem mais à mulher do que ao homem.

Junto com isso está o preconceito que os homens podem achar que sofrerão se expressarem problemas de saúde mental. Por isso, os médicos afirmam que não são apenas as mães que não estão sendo diagnosticadas com depressão pós-parto, mas que milhões de pais podem também estar sem amparo.

“Embora tenha aumentado a circulação de informações sobre as doenças mentais, como a depressão pós-parto nas mulheres, é fato que ela tem sido muito menos reconhecida nos homens”, disse Grant Blashki, consultor clínico da organização australiana de saúde mental Beyond Blue.

Mesmo assim, é estimado que aproximadamente 10% dos pais sofram de depressão pós-parto no primeiro ano depois do nascimento do filho. Isso é o dobro da incidência dessa condição na população geral masculina. Ainda existem pesquisas que mostram que 10% talvez seja bem pouco. Sendo que, entre três e seis meses depois do parto, cerca de um em cada quatro pais tem sintomas de depressão.

Além disso, segundo Daniel Singley, psicólogo em San Diego, na Califórnia, especializado em problemas masculinos, muitos pais também sofrem de ansiedade generalizada, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) e estresse pós-traumático. Contudo, poucos desses homens expressam esses problemas.

“Na minha experiência, é interessante que, mesmo entre pessoas com boa escolarização ou profissionais de saúde, ainda haja alto nível de estigmatização sobre os problemas de saúde mental entre os homens. E isso pode resultar em negação, baixa procura de ajuda ou na sensação de que você deveria simplesmente resolver aquilo sozinho”, pontuou Blashki.

Diagnosticar

Vou ser pai

Normalmente, os homens evitam cuidados médicos mais do que as mulheres. E além disso, existe, em vários casos, a sensação de constrangimento ou então de vergonha por ser um homem, no caso um pai, e estar com depressão.

“Os homens realmente não querem buscar ajuda para a saúde mental, pois isso é estigmatizado e feminizado. E eles com certeza não querem buscar ajuda durante o período perinatal”, afirmou Singley.

O psicólogo ainda afirma que, em casais heterossexuais, a mensagem é que a gravidez e o parto fazem parte do universo feminino. Então, os pais podem ser excluídos das consultas pré-natal, dos cursos ou até do próprio parto. E quando estão nas consultas, geralmente são instruídos apenas a dar apoio, ignorando qualquer ansiedade ou medo que eles também possam estar sentindo.

Tudo isso, como aponta Singley, ressalta o estereótipo masculino de “prover e proteger” e ignora o fato fundamental que é: os pais precisam apoiar as mães, mas eles também precisam de apoio.

Identificação

Minuto psicologia

Mas o que acontece se os pais que devem ser fortes e dar apoio tiverem depressão?

“Ainda são frequentes muitos mitos sobre problemas de saúde mental como sinal de fraqueza ou algo que o homem deveria simplesmente poder resolver sozinho. Esse tipo de mito pode ser intensificado pela sensação de que o homem deveria ser a parte forte durante essa grande fase de transição para a mãe e o bebê”, disse Blashki.

Outro fator é que a depressão pós-parto muitas vezes é associada principalmente às mulheres. Por conta disso, é menos provável que um homem, ou até as pessoas do seu convívio, reconheçam os sintomas da depressão pós-parto.

Embora quem dê à luz tenha mais probabilidade de ter depressão pós-parto, um estudo concluiu que, em média, cerca de 24% das mães têm depressão, contra 10% dos pais.

Os sintomas da condição também são diferentes em homens e mulheres. Enquanto as mães tendem a ficar mais chorosas e incapazes de saírem da cama, os pais com a condição tendem a adotar comportamentos de fuga. Além disso, eles estão mais sujeitos a abusarem de substâncias ou do álcool, e serem indecisos, irritáveis ou autocríticos.

“Às vezes, os homens mostram o que chamamos de ‘apresentação depressiva masculina mascarada’, que parece um pouco diferente da forma típica em que pensamos sobre a depressão. Pode haver tendência à somatização, que é a presença de sintomas clínicos em vez de emocionais, como dores de estômago ou enxaquecas”, pontuou Singley.

Como ajudar

BBC

Os pais que não buscam ajuda podem sofrer consequências graves. Por exemplo, os homens dos países ocidentais têm quatro vezes mais propensão ao suicídio que as mulheres, isso normalmente não é só por conta da depressão pós-parto.

Um estudo mostrou que, se o pai sofrer com depressão no primeiro ano de vida do filho, a criança tem uma probabilidade maior de enfrentar mais dificuldades de comportamento, ter desenvolvimento mais fraco e menor bem-estar com quatro ou cinco anos de idade.

Os especialistas dizem que, uma solução para ajudar no diagnóstico e tratamento da depressão pós-parto é a inclusão dos pais, priorizando sua saúde mental além da saúde das mães, desde o começo.

Outro ponto ressaltado por Singley é que é importante deixar claro para os pais que eles também irão precisar de apoio. Ele pode vir de amigos que também são pais ou de grupo de pais em que eles se reúnem para falar dos desafios da paternidade.

Mas também é necessário que os homens se abram e falem dos problemas de saúde mental para ir os desestigmatizando.

Fonte: G1

Imagens: Forbes, Vou ser pai, Minuto psicologia, BBC

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