História

Desmistificando a Alquimia: o antigo segredo da transmutação

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Seja nos livros, nas lendas ou em filmes, quase todas as pessoas já ouviram falaram sobre alquimia.

Esse processo foi um dos pilares da química na Idade Média, e até os dias atuais apresenta influência direta na medicina, na ciência e nos estudos da natureza.

No entanto, é como existirem dúvidas sobre como esse tema se comporta e o que ele representa. Nesse caso, vale a pena entender alguns pontos principais que regem essa área.

O que é alquimia?

Via Toda Matéria

Alquimia é uma teoria científica, muitas vezes classificada como pseudociência, que teve seu desenvolvimento na Idade Média. Seus quatro principais objetivos se ligam ao misticismo e ao ocultismo.

Embora não tenha surgido nesse período, a alquimia é por vezes referida como a “química da Idade Média”.

Presente em diversas civilizações desde a Antiguidade, da China à Grécia, a alquimia migrou para o Egito durante o período helenístico.

Posteriormente, voltou para a Europa no século XII, através da tradução de textos árabes para o latim.

Os quatro objetivos fundamentais da alquimia envolviam:

  1. transmutação de metais inferiores em ouro;
  2. busca pelo “Elixir da Longa Vida”, capaz de curar todas as doenças e conferir vida longa;
  3. criação de vida humana artificial chamada homunculus;
  4. aceleração da riqueza para a realeza.

Apesar de não ter fundamentos científicos, a alquimia desempenhou um papel crucial no desenvolvimento de procedimentos e conhecimentos que mais tarde contribuíram para a química.

A transformação de metais em ouro na alquimia é frequentemente interpretada como uma metáfora para a mudança de consciência, onde a “pedra” representa a mente “ignorante” transformada em “ouro”, ou seja, sabedoria.

Enquanto isso, a busca pelo “Elixir da Longa Vida” e a “Pedra Filosofal” representava a procura por uma transformação espiritual e sabedoria.

Alguns estudiosos reconhecem que o “Elixir da Longa Vida” e a “Pedra Filosofal” podem ter fundamentos simbólicos, relacionados a práticas de purificação espiritual.

O alquimista Nicolas Flamel, em seu livro “O Livro das Figuras Hieroglíficas”, sugeriu que termos como “bronze”, “titânio”, “mercúrio”, “iodo” e “ouro” serviam como metáforas para confundir leitores não iniciados.

Algumas interpretações identificam o “Elixir da Longa Vida” como uma substância produzida pelo corpo humano, capaz de prolongar indefinidamente a vida sagrada após a realização da “Grande Obra de todos os Tempos”. Essas ideias também encontram eco na tradição do Tai Chi Chuan.

Relação com os metais

Via Hotmart

Um dos pilares da prática da alquimia, que replica até os dias atuais, é o processo da manipulação dos metais.

Inicialmente, existia a busca pela Pedra Filosofal, com matérias-primas essenciais que incluíam o orvalho, o sal, o mercúrio e o enxofre.

No entanto, os processos eram confusos, e muitas vezes literários, representando conceitos que conhecemos hoje. Por exemplo, o uso do sal seria por ser um solvente universal.

Enquanto isso, elementos como mercúrio e enxofre representam os princípios da combustão e corrosão, além da volatilidade das mudanças nas composições químicas.

Dessa forma, mesmo que não existisse uma base científica para essa interpretação, a base da alquimia em relação aos metais tinha sentido.

Ainda, a associação da astrologia foi essencial para incentivar o estudo de vários metais, associando, por exemplo, o sol com ouro, a lua com a prata e os planetas, como Mercúrio e Vênus com cobre e mercúrio.

A Pedra Filosofal

Os alquimistas dedicavam-se a reproduzir em laboratório a Pedra Filosofal, também conhecida como medicina universal, a partir de uma matéria-prima mais rudimentar.

Essa pedra prometia a transmutação dos metais e do Elixir da Imortalidade, capaz de estender a vida indefinidamente. O conjunto de práticas associadas à Pedra Filosofal era denominado por eles como “A Grande Obra”.

Para alguns, a manipulação laboratorial dos “metais” pelos alquimistas medievais era uma metáfora que transcendia para a verdadeira natureza espiritual da alquimia.

Nessa perspectiva, essa transformação tinha uma interpretação pessoal, levando de um estado inferior para um estado espiritual mais elevado.

Outras interpretações sugerem que as operações alquímicas e a transformação do operador ocorriam em paralelo, enquanto diferentes pontos de vista também coexistiam.

A Pedra Filosofal não apenas possibilitaria a transmutação, mas também a criação do Elixir da Longa Vida, uma panaceia universal capaz de prolongar indefinidamente a existência.

Isso evidencia o interesse dos alquimistas nas áreas da saúde e da medicina, com muitos deles sendo reconhecidos como precursores da medicina moderna, destacando-se, por exemplo, Paracelso.

Leis próprias

Além disso, a Pedra Filosofal permitiria realizar transmutações sem obedecer à Lei da Troca Equivalente, uma das regras fundamentais da alquimia.

Uma transmutação que se acreditava possível com essa pedra era a ressurreição humana. Assim, desafiava a proibição dessa prática pela Lei da Troca Equivalente, que exigiria o sacrifício de uma vida para trazer outra de volta.

A busca pela Pedra Filosofal é, de certa forma, comparável à busca pelo Santo Graal nas lendas arturianas.

Embora as lendas arturianas não sejam escritos alquímicos, há uma semelhança, talvez no sentido estritamente psicológico.

No romance “Parsifal” de Wolfram von Eschenbach, escrito entre 1210 e 1220, o Santo Graal é associado não a um cálice, mas a uma pedra enviada dos céus por seres celestiais, possuindo poderes inimagináveis.

De maneira similar, na cultura islâmica, uma pedra chamada Hajar el Aswad, guardada dentro da construção sagrada conhecida como Caaba em Meca, desempenha um papel importante e tornou-se objeto de culto.

Influência atual da alquimia

Via BBC

Apesar de ser um mito e uma pseudociência, a alquimia ainda influencia várias áreas na atualidade.

Por exemplo, os primeiros praticantes descobriram a manipulação de substâncias e experimentaram várias combinações que geraram descobertas químicas.

Ainda, alguns alquimistas foram responsáveis pela descoberta de elementos químicos. Paracelso, por exemplo, contribuiu para a introdução de novos elementos na medicina, como o mercúrio e o antimônio.

Em termos filosóficos, a alquimia ajudou a entender mais sobre a saúde do corpo humano, como o bem-estar mental e emocional influenciava no físico.

Ainda, vale mencionar que a abordagem experimental e observacional dos alquimistas foi fundamental para criar a mentalidade científica atual, de tentar, combinar e analisar os resultados.

Assim, a prática da transformação gerou parte da ciência como conhecemos hoje, e também busca pelo bem-estar, pela vida e pela riqueza.

 

Fonte: Audacy, Wikipedia

Imagens: Toda Matéria, Hotmart, BBC

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