Saúde

Dieta pouco saudável aumenta o risco de desenvolver depressão; entenda

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Nos últimos anos, especialistas observaram um aumento nos transtornos depressivos em todo o mundo, representando um desafio crescente para a saúde pública.

Antes da pandemia, estima-se que cerca de 4% da população mundial, o equivalente a aproximadamente 280 milhões de pessoas, sofressem de algum tipo de transtorno depressivo. Isso ultrapassou significativamente os números registrados em 1990, que eram de aproximadamente 3%, equivalente a cerca de 180 milhões de pessoas.

Além disso, durante a pandemia, pelo menos 53 milhões de casos adicionais de depressão grave foram acrescentados a esse contingente.

Esses transtornos depressivos têm um impacto substancial no bem-estar geral, afetando o funcionamento físico e psicossocial dos indivíduos.

Existe uma solução para reduzir esses números? Certamente, a desaceleração do ritmo de vida, a gestão do estresse, a mitigação do isolamento social e a promoção do contato com a natureza podem oferecer ajuda.

No entanto, há outro fator que muitas vezes é negligenciado quando se trata de prevenir a depressão: a dieta.

Via Freepik

Dietas e transtornos depressivos

Nos últimos anos, os comportamentos relacionados ao estilo de vida, como a alimentação, têm recebido atenção especial como estratégias viáveis para prevenir a depressão. Mas será que temos clareza sobre qual dieta é melhor e qual não é para a nossa saúde mental?

A crescente adoção de hábitos alimentares não saudáveis e sedentários tem criado um desafio global em larga escala, perturbando o equilíbrio energético e o acesso a alimentos naturais.

Eles, historicamente, têm sido fontes importantes de nutrientes saudáveis para a humanidade, como frutas, nozes, legumes e grãos integrais.

Essa mudança nos afasta de um dos padrões alimentares mais cientificamente comprovados para a saúde: a dieta mediterrânea. Ela é parte de uma tradição culinária intercultural milenar.

Em vez disso, temos tendência a adotar dietas inadequadas, que incluem o consumo excessivo de alimentos ultraprocessados. Todos possuem elevados níveis de sódio, açúcares adicionados e gorduras trans.

Esta prática representa um grande perigo. Isso porque o consumo excessivo desses alimentos pode desencadear a liberação de citocinas pró-inflamatórias pelo nosso sistema imunológico inato.

Essas citocinas, entre outras consequências, aumentam a incidência de diversos problemas de saúde. Por exemplo, certos tipos de câncer, síndrome metabólica, diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares, neurodegenerativas e até depressão.

Uma resposta inflamatória normal no corpo humano se caracteriza por um aumento temporário e restrito da atividade inflamatória quando há uma ameaça, que se resolve quando a ameaça passa.

No entanto, ao adotarmos regularmente hábitos alimentares não saudáveis, acabamos sofrendo de inflamação sistêmica crônica de baixo grau. Isso provoca alterações significativas em todos os tecidos e órgãos, aumentando assim o risco de várias doenças não transmissíveis.

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Probabilidade de ter depressão aumenta

Para investigar uma possível relação direta entre a adesão a um padrão alimentar pró-inflamatório e o risco de desenvolver depressão, uma equipe conduziu um estudo longitudinal envolvendo 3.206 idosos espanhóis inicialmente livres de depressão.

Durante um período de acompanhamento de três anos, eles avaliaram o impacto da dieta.

A equipe utilizou o Índice Dietético Inflamatório, um algoritmo de pontuação que leva em conta o impacto de diversos parâmetros dietéticos, como alimentos, nutrientes e outros componentes bioativos. Ainda, usaram seis biomarcadores inflamatórios: proteína C-reativa, interleucina-6, interleucina-1β, interleucina-4, interleucina-10 e fator de necrose tumoral-α.

As análises revelaram que os participantes que adotaram uma dieta pró-inflamatória, caracterizada pela alta ingestão de carboidratos, gorduras trans, gorduras saturadas e colesterol, apresentaram uma maior incidência de depressão ao longo do estudo.

Especificamente, os indivíduos que seguiram a dieta mais inflamatória tinham o dobro de probabilidade de desenvolver transtornos depressivos. No caso, a comparação era aqueles que aderiram a uma dieta anti-inflamatória.

Ela se baseia na ingestão regular de nutrientes e componentes bioativos como fibras alimentares, vitaminas A, D e E, ácidos graxos ômega-3, betacaroteno, zinco, magnésio e selênio.

Todos esses elementos estão em alimentos como frutas, verduras, legumes, nozes, peixes, frutos do mar e grãos integrais, entre outros.

Embora mais pesquisas sejam necessárias para obter conclusões mais definitivas, esses resultados sugerem que os hábitos alimentares podem exercer uma influência significativa na saúde mental dos adultos mais velhos.

Portanto, é importante considerar a dieta como um fator modificável que pode contribuir positivamente para a prevenção da depressão.

 

Fonte: Revista Galileu

Imagens: Freepik, Freepik

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