É possível um peixe ‘se afogar’?

Quando alguém pensa em peixe logo vem à mente água, até porque, esse é o habitat desse animal. Justamente por isso que é estranho pensar que ele pode se afogar, visto que todos pensam que a única forma de ele morrer, sem ser por um predador, é quando é retirado da água.

Contudo, os peixes têm sua versão de se “afogar”. O biólogo e aquarista Jonathan Alves explica que a definição de se afogar é uma asfixia que é provocada pela água ou algum outro tipo de líquido. Então, o que acontece com os peixes é que eles podem morrer por falta de oxigênio.

“O aparelho respiratório dos peixes é composto por guelras, que funcionam como uma tela fina e cheia de vasos sanguíneos, filtrando produtos químicos, entre eles oxigênio, amônia e dióxido de carbono”, explicou o biólogo Felipe Eduardo Mari.

Peixe se afogando

Vida de bicho

Ainda de acordo com ele, se o ambiente não tem uma quantidade ideal de oxigênio o peixe não irá sobreviver. Geralmente a água que tem valores de oxigênio dissolvido menor do que 2 mg/L é tida como perigosa porque pode fazer com que o oxigênio não chegue o suficiente no organismo do animal, isso é chamado de hipóxia.

“A concentração de oxigênio varia conforme a pressão atmosférica (altitude) e com a temperatura do meio — se for mais baixa, têm maior capacidade de dissolver oxigênio, enquanto as mais elevadas apresentam menor solubilidade”, disse Felipe.

Mesmo que a maior parte das espécies de peixes absorvam o oxigênio pelas guelras, algumas, como o pirarucu, têm que capturar o ar na superfície. Isso porque, no caso do pirarucu, seu sistema respiratório teve a finalidade diminuída para que ele tivesse sua bexiga natatória evoluída, o que o ajuda na respiração.

“Caso o pirarucu não consiga ir à superfície, ele morrerá pela falta de oxigênio. Outros grupos de peixes também necessitam de ar atmosférico, como os dipnoicos e os bichirs”, disse Jonathan.

Como saber

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Para saber se um peixe está sem oxigênio é preciso notar alguns sinais, como por exemplo, se ele ficar em excesso na superfície, se movimentar as brânquias de forma rápida, nadar de forma desorientada ou apresentar uma letargia.

Contudo, existem exceções, como no caso dos peixes da subordem Anabantoidei, como o betta. Isso porque eles têm uma estrutura especial que se chama labirinto. Ele é um órgão respiratório bastante vascularizado e permite que esse animal busque oxigênio na superfície. Justamente por isso que eles vão para a superfície várias vezes. Por isso, também, que no caso deles isso não é um sinal de afogamento.

“De qualquer forma, um peixe betta fora d’água ainda morreria devido à ausência de umidade e saturação excessiva de oxigênio no ambiente”, concluiu Felipe.

Pet

Para muita gente, ter um peixe como animal de estimação pode ser considerado um pouco sem graça. Contudo, isso pode mudar, porque uma empresa japonesa criou um recipiente peculiar capaz de ajudar os donos a levarem seus peixes para passear. O produto, cujo formato lembra o de um contêiner, permite que o animal seja realocado sem ocasionar danos.

Conhecido como bolsa katsugyo, o aquário portátil é um tubo longo, com uma seção intermediária transparente, uma alça e um medidor que monitora a saturação de oxigênio da água.

O produto foi desenvolvido pela empresa “Ma Corporation” e tem como objetivo se tornar uma alternativa mais elegante, eficiente e ecologicamente correta que os sacos de plásticos que são utilizados para o transporte de peixes.

Por ser algo inédito, a bolsa katsugyo segue em fase de teste. Portanto, ainda não se sabe quando o produto estará disponível no mercado. Os envolvidos na elaboração do recipiente ainda precisam realizar novas análises para se certificar da equidade dele. Todo o trabalho está sendo documentado no Instagram.

Os inventores da bolsa katsugyo também estão realizando experiências com várias espécies de peixes. Nessa parte do processo, os especialistas querem saber qual espécie se adaptará melhor ao novo entorno. Para os envolvidos, até o momento, a cavala, uma espécie de peixe que está acostumada a se locomover mais em um ambiente aquático, é um dos peixes que pode não se adequar ao aquário.

Fonte: Vida de bicho, Mi Peces

Imagens: Vida de bicho, YouTube