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‘E se eu lambesse o sabonete?” O que são esses pensamentos que surgem do nada

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O pensamento e o pensar são, respectivamente, uma maneira de processo mental ou faculdade do sistema mental. Os pensamentos são fundamentais no processo de aprendizagem e também são construtores e construtivos do conhecimento, além de também serem o principal veículo do processo de conscientização.

Contudo, alguns pensamentos surgem do nada e podem até ser estranhos, como por exemplo, ter vontade de gritar em um lugar silencioso, lamber um sabonete que tem cheiro de fruta ou jogar o celular pela janela.

Muitas pessoas já tiveram esses pensamentos e nem sabem que existe um nome para eles: pensamentos intrusivos. Eles aparecem na mente e podem assustar as pessoas, mesmo que, na maior parte das vezes, não cheguem a se concretizar.

No TikTok existem vários vídeos sobre esse assunto e até encenando como reagir a esse tipo de pensamento. “Eu fecho a janela exatamente para não deixar meus pensamentos intrusivos ganharem”, comentou uma mulher em um vídeo. “Eu sou manicure. Tem hora que eu penso: ‘e se eu arrancasse o dedinho com alicate?'”, disse outra.

“Uma das melhores coisas que a internet me deu foi descobrir sobre pensamento intrusivo. Eu real achava que era maluca e nunca tinha falado com ninguém sobre isso porque tinha pânico de alguém descobrir”, disse uma terceira pessoa.

Pensamentos intrusivos

João Magalhães

Eles nada mais são do que ideias angustiantes que surgem sem motivo. Esses pensamentos intrusivos aparecem de repente. “No geral, esses pensamentos são completamente normais e qualquer pessoa está suscetível a tê-los em algum momento”, avaliou o psiquiatra Antônio Geraldo, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).

Mesmo todas as pessoas podendo tê-los, em determinado momento eles podem ser um problema. “Se for algo recorrente, sem controle e que gere sofrimento ou seja incapacitante, pode ser um sintoma de doença mental, como transtornos ansiosos. Quando eles causam prejuízos, a doença que os gera precisa ser tratada adequadamente”, explicou ele.

Além disso, eles podem ser um sinal de transtorno de ansiedade. De acordo com Antônio, os pensamentos intrusivos são um dos sintomas principais dos transtornos de ansiedade, no entanto, eles precisam estar relacionados com outros sintomas. Isso quer dizer que somente eles não são capazes de fechar um diagnóstico.

“É importante investigar se eles têm relação com algum transtorno mental. Um médico psiquiatra fará o diagnóstico e indicará o tratamento ideal”, ressaltou o psiquiatra.

E outro ponto importante a se definir é que eles são diferentes de pensamentos obsessivos. “Um pensamento é intrusivo quando ele surge do nada, sem a vontade da pessoa, quando ele simplesmente se intromete no meio dos outros pensamentos. Se este pensamento persistir, ele passa a ser um pensamento obsessivo”, concluiu Antônio.

Rejeição

Portal Pós

Por ser uma coisa tão importante para nós, além de constante, ele desperta o interesse de vários cientistas. Tanto é que um estudo discutiu como as pessoas recusam pensamentos que queriam ter esquecido, além de apontar uma forma melhor para impedir que eles aconteçam com frequência.

Quando uma pessoa reprime um pensamento depois que ele chega à sua consciência, trata-se na realidade de um controle reativo de pensamento. De acordo com os pesquisadores, uma alternativa para isso seria o controle proativo. No caso, ele inclui esforços de antecipação e atenção direcionada. É o contrário do controle reativo, que é mais uma correção e age depois dos pensamentos indesejados já estarem na mente.

Para seu estudo, os pesquisadores fizeram um experimento em que os participantes deveriam criar associações entre palavras. Os 80 voluntários visualizaram palavras em uma tela e então digitaram uma palavra relacionada.

Com isso, os pesquisadores disseram aos voluntários que não eram permitidas conexões repetidas. Então, quando a palavra aparecesse de novo, eles teriam que digitar outra resposta. Por exemplo, se a palavra “céu” aparecesse, o voluntário poderia responder “azul”. E quando a palavra aparecesse de novo, ele poderia pensar de novo em “azul”, rejeitar esse pensamento e mudar para “nuvem”. Isso seria um caso de controle reativo.

Em um caso de controle proativo, o voluntário iria descartar previamente a relação com “azul” e, quando visse a palavra “céu” de novo, ele já iria responder a palavra “nuvem”.

Como resultado desse experimento, os pesquisadores puderam atestar que a maioria das pessoas faz um controle reativo dos seus pensamentos. De acordo com eles, esse tipo de controle pode ser problemático, já que os pensamentos são autorreforçados. Ou seja, ao pensar em alguma coisa, a probabilidade que esse pensamento volte aumenta.

Isso quer dizer que toda vez que as pessoas tentam rejeitar alguma coisa de maneira reativa, ela tem o potencial de se tornar mais presente. Temos como exemplo, quando uma pessoa fala “não olhe para baixo” quando se está atravessando um lugar alto.

Os pesquisadores chamaram o estudo de “se você não deixar entrar, não precisa tirar”, fazendo uma referência ao controle proativo dos pensamentos. E por mais que não seja possível evitar aqueles que são indesejados, os pesquisadores afirmam que é possível prever a volta deles e tentar barrá-los ao máximo.

Até porque, quando se sabe previamente no que se deve focar, é possível também bloquear proativamente algumas associações de interferirem naquilo que é relevante.

As razões para as pessoas controlarem seus pensamentos são diferentes. Algumas podem querer fazê-lo por eles serem desagradáveis, já outros podem ser distrativos ou improdutivos.

“Embora as pessoas experimentem um pensamento indesejado antes de poder pará-lo, nossas descobertas sugerem que interromper um pensamento depois que ele aparece também impede que ele volte à mente imediatamente, permitindo que as pessoas substituam o pensamento rejeitado, em vez de permanecer em um loop sem fim”, escreveram os pesquisadores.

Fonte: VivaBem,  Superinteressante

Imagens: João Magalhães, Portal Pós

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