Em cirurgia inédita no DF, bebê é operada ainda dentro do útero da mãe

Gerar um filho e dar à luz uma nova vida é uma das emoções mais intensas que alguém pode viver. O momento do nascimento de um bebê é sempre muito esperado pelos futuros pais. Em alguns casos, ele é tido como um verdadeiro milagre. Nesse caso, o bebê ainda nem nasceu. A data está prevista para fevereiro de 2024, mas mesmo assim ele já passou por uma cirurgia.

A cirurgia inédita foi feita no Distrito Federal com o bebê ainda dentro do útero da sua mãe. O procedimento foi feito na última sexta-feira no Hospital Materno-Infantil de Brasília (HMIB).

Ao todo a cirurgia durou três horas e através dela a equipe médica conseguiu corrigir uma espinha bífida, que é uma malformação que tem o nome científico de meningomielocele. Essa doença acontece quando parte da coluna fica exposta, o que gera limitações motoras e problemas neurológicos no bebê desde o útero. E esses problemas seguem até o final da vida.

O HMIB foi o primeiro hospital do DF a fazer uma cirurgia para corrigir uma espinha bífida. Para a cirurgia a equipe foi composta por 20 servidores.

Caso do bebê

Galileu

Raiane da Rocha, de 36 anos, a mãe da bebê, que irá se chamar Agatha, tinha começado o pré-natal na rede privada, mas depois que uma ecografia mostrou a malformação ela foi recomendada a procurar o HMIB, que tem uma equipe de medicina fetal.

No dia 16 de outubro Raiane teve sua primeira consulta no hospital. De acordo com ela, os últimos dias antes da cirurgia foram cheios de ansiedade e gratidão. “Estamos muito confiantes na equipe e no hospital. Fomos muito bem recebidos e sabemos que vai dar certo”, disse ela.

O pai da bebê, o mecânico montador Jeremias Nascimento, de 43 anos, pontuou a importância de ter acompanhado sua esposa em todos os momentos. “Eu preciso trazer tranquilidade para ela, independentemente de qualquer coisa, eu tenho que deixá-la tranquila”, disse ele.

O casal mora em Águas Lindas de Goiás e tem um filho de quatro anos. De acordo com eles, eles têm a tranquilidade para enfrentar essa segunda gestação que está sendo bem diferente e dizem ter grandes expectativas para quando Agatha nascer. “Ver ela correndo com o irmão. É esse o meu sonho”, disse a mãe.

Cirurgia

Galileu

Depois de 12 dias da primeira consulta de Raiane no HMIB foi feita a cirurgia. “Fazemos uma incisão um pouco maior que uma cesariana, tiramos o útero com o bebê lá dentro e abrimos o útero para corrigir a coluna do bebê”, explicou a médica Carolina Wanis Ribeiro de Sousa, servidora da Secretaria de Saúde do DF (SES-DF) e especialista em medicina fetal.

Para a cirurgia da bebê, o médico Fábio Peralta, do Gestar Centro de Medicina Fetal, do HCOR e Maternidade Star, todos em São Paulo, estava presente. Segundo ele, no passado não existia esse tipo de correção. Por conta disso, as crianças que tinham espinha bífida não eram vistas fora de cadeiras de rodas.