A escritora Caitlin Moran, de 40 anos, afirma que diante de tantas obrigações, as mulheres maduras tem pouco tempo para fazer sexo. A própria autora tem na sua agenda um compromisso semanal, sempre às sextas-feiras às 9h: fazer sexo com o marido.
Em entrevista à BBC, ela afirmou que “quando você é mais velha, o sexo espontâneo é mais difícil porque está muito ocupada, então você precisa colocá-lo na programação”.
“Não subestime a clássica sessão de dez minutos de sexo. É um clássico por uma razão.”
Dez anos antes, a autora lançou o best-seller “Como Ser Mulher”. A obra narra a transição da adolescência para a vida adulta e proclamava que “feminismo é ser tão livre quanto os homens” e que todas as mulheres estão convidadas a se tornarem feministas.
Atualmente, ela está promovendo o lançamento de seu último livro, “More than a Woman” (“Mais que uma mulher”, em tradução livre; sem edição brasileira). No novo livro, a escritora se encontra com seu eu futuro, uma idosa que a alerta para o que está por vir: “Eles vão te pedir para sustentar o tecido da sociedade. E de graça. É isso que significa ser uma mulher madura”.
Motivo para escrever “More than a Woman”
Antes de falar sobre a necessidade de agendar o sexo, a autora explicou por qual razão escreveu “More than a Woman”.
De acordo com ela, foi após notar que o livro “Como Ser Mulher” não causou a mudança no mundo como ela pensou. Além disso, ela informou que a sua geração não falava sobre o processo de envelhecimento.
“Vi que há batalhas que não estão sendo vencidas, queria abordá-las e também celebrar ser uma mulher mais velha, porque, sem modelos de mulheres mais velhas, continuaremos com o mesmo problema: quando você passar a ter uma certa idade somos vistas como inferiores e descartáveis.”
A escritora também apontou que se as mulheres adultas não forem heroínas, com voz no mundo, o feminismo estará preso apenas às jovens que lutam nas batalhas.
“Vamos começar entusiasmando as meninas sobre a ideia de envelhecer e vamos fazer isso juntas, celebrar a idade que cada uma tem e mudar esse mundo.”
O problema da pornografia
Ao ser questionada sobre a sua afirmação sobre a pornografia estar passando uma ideia errada para os jovens sobre sexo, Moran afirma que “se 94% dos jovens veem a pornografia de hoje, essa se torna sua ideia de sexo”.
“É tão limitado e tão focado no prazer masculino que você quase nunca vê um orgasmo feminino. Não estamos falando de consentimento, pois sexo é algo que acontece com a mulher, algo que o homem fará com ela. É muito destrutivo, não é divertido, não é alegre, não é sobre duas pessoas fazendo algo juntas.”
Além disso, a escritora aponta que acredita que essa é outra razão para as meninas terem medo de se tornarem adultas, porque a sexualidade é uma grande parte disso.
“E se o sexo que as jovens assistem é pornografia, violência, ser esbofeteado, mordido e estrangulado, por que elas iriam querer fazer sexo e por que elas iriam querer crescer? Se é o que você gosta, tudo bem, mas me parece que a variedade que vemos não é suficiente, não é o que eu quero para minhas filhas. Isso não é sexo, é pornografia e precisamos ter essa conversa.”
A importância do sexo conjugal, ou sexo de manutenção, e por que tem que estar na agenda?
De acordo com a autora, o sexo de manutenção é uma das poucas coisas que os adultos podem fazer que não custa dinheiro, não engorda e realmente relaxa. Ela afirma que ele é importante por ser uma maneira eficaz de se sentir bem consigo mesma e de amar seu parceiro.
“Mas temos que agendar, porque estamos acostumados com o sexo jovem acontecendo espontaneamente. Quando você é mais velha, o sexo espontâneo é mais difícil porque está muito ocupada, então você precisa colocá-lo na programação.”
Logo em seguida, ela afirma que acredita que muitas mulheres pensam “ah, não vou fazer sexo com meu marido porque vou levar duas horas e teremos que balançar nos lustres e usar roupas incríveis e criar um diálogo de filme”.
No entanto, ela afirma que não deve ser subestimada a sessão de dez minutos de sexo. “É um clássico por uma razão. Se é o tempo que você tem, isso vai resolver.”
Fonte: BBC
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