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“Escurecer o Sol” pode ajudar a proteger a Terra; especialista explica

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Com o crescimento do aquecimento global, começam a surgir sugestões para reduzir os danos, como escurecer o sol.

Até o ano passado, a Terra tinha um aumento de temperatura superior a 1,26°C, e estamos caminhando para ultrapassar a marca de 1,5°C por volta de 2030.

Estudos indicam que, mantendo as atuais políticas climáticas, poderíamos alcançar um aumento de 3°C até o final deste século.

Essa situação teria consequências devastadoras para comunidades e ecossistemas vulneráveis em todo o mundo, tornando imperativo repensar estratégias radicalmente novas para conter as mudanças climáticas.

Por isso, uma proposta em consideração envolve o conceito de escurecimento do Sol.

Via PxHere

Entenda

Ao longo da história, eventos vulcânicos poderosos desempenharam um papel notável na regulação temporária das temperaturas globais. Um exemplo marcante foi a erupção do Monte Tambora, na Indonésia, em 1815, e mais recentemente, o Pinatubo, nas Filipinas, em 1991.

Essas erupções vulcânicas lançaram grandes quantidades de partículas microscópicas na atmosfera superior, formando uma espécie de neblina que obscureceu a luz solar.

Esse fenômeno resultou em uma redução temporária das temperaturas globais, proporcionando um breve alívio ao aquecimento do planeta.

Com isso, surge uma proposta para lidar com as mudanças climáticas em curso.

A ideia seria imitar o efeito das erupções vulcânicas, criando artificialmente uma neblina de partículas que refletiriam a luz solar e, assim, reduziriam a quantidade de calor absorvido pela Terra.

No entanto, é importante abordar essa proposta com cautela e considerar cuidadosamente as implicações ecológicas e sociais que podem surgir.

Ainda assim, a discussão em torno de escurecer o Sol como uma estratégia para combater as mudanças climáticas destaca a urgência de repensar e inovar nossas abordagens diante desse desafio global.

Pesquisa

Peter Irvine, um pesquisador apoiado pelo projeto Horizon Europe, uma iniciativa de pesquisa científica da União Europeia, desempenha o papel de conselheiro científico na Degrees Initiative.

Essa é uma organização não-governamental (ONG) que promove o financiamento de estudos globais em desenvolvimento relacionados à geoengenharia de modificação da radiação solar.

Em um artigo veiculado no The Conversation, Irvine explana o conceito de “escurecer o Sol” como uma estratégia para combater o aquecimento global.

Ele destaca que, embora o Sol aqueça a Terra, é a retenção do calor pelos gases de efeito estufa que mantém nosso planeta em uma temperatura elevada.

A proposta para enfrentar o efeito do aquecimento causado pelas emissões de CO₂ seria criar uma névoa artificial persistente, semelhante àquela observada após grandes erupções vulcânicas.

Estudos indicam que escurecer o Sol em apenas 1% poderia resultar em um resfriamento de 1°C no planeta.

Prós e contras de escurecer o Sol

Embora possa parecer improvável à primeira vista, todas as avaliações técnicas realizadas até o momento apontam para a viabilidade e custos relativamente baixos dessa abordagem, que envolve o uso de aeronaves para liberar partículas reflexivas na atmosfera superior.

A pergunta que se apresenta, portanto, é se devemos realmente seguir por esse caminho.

Para Irvine, a prática de escurecer o Sol não representa uma solução perfeita para reverter as mudanças climáticas.

Isso porque o calor solar é mais intenso durante o dia, especialmente no verão e em regiões tropicais, enquanto os gases de efeito estufa aquecem a atmosfera em qualquer momento e lugar.

Entretanto, o especialista destaca que é possível alcançar um resfriamento mais brando ao ajustar a localização da liberação dessas partículas. Isso reduz significativamente os riscos climáticos, conforme indicam pesquisas.

O aumento das temperaturas, conforme observado, traz consigo implicações sérias, desde a migração de espécies em busca de climas familiares até riscos extremos de calor e mudanças nos padrões de precipitação, intensificando secas e inundações em escala global.

Diante desse cenário, a busca por soluções inovadoras, mesmo que controversas, destaca a urgência de abordar as complexidades das mudanças climáticas e mitigar seus impactos devastadores.

Via PxHere

Falta conhecimento

Peter Irvine adverte que ainda estamos longe de possuir conhecimento suficiente para recomendar escurecer o Sol atualmente.

No entanto, ressalta que se os países não começarem a considerar seriamente essa ideia, corremos o risco de perder uma oportunidade valiosa para mitigar os riscos das mudanças climáticas.

Embora a prática de escurecer o Sol possa atenuar alguns dos efeitos do aquecimento global, também traz consigo potenciais alterações nos padrões globais de vento e chuva.

Estudos apontam para mudanças gerais relativamente pequenas na precipitação, mas a incerteza persiste quanto a variações mais acentuadas em regiões específicas.

Adicionalmente, bloquear parte da luz solar surge como uma estratégia eficaz para preservar o frio em regiões geladas. Além disso, contribui para conter o derretimento das camadas de gelo na Antártida e Groenlândia, fatores que contribuem para o aumento do nível do mar.

No entanto, é crucial destacar que essa abordagem não aborda a acumulação contínua de CO₂ e outros gases de efeito estufa na atmosfera, nem os impactos adversos, como a acidificação dos oceanos.

A complexidade dessas considerações ressalta a importância de uma abordagem cautelosa e abrangente ao explorar possíveis estratégias de geoengenharia.

Preocupações com os efeitos colaterais

Conforme destacado por Irvine, a formação de uma camada de partículas resultante do escurecimento do Sol teria como consequência a opacidade do céu.

Se essas partículas sulfatadas fossem liberadas de maneira semelhante às erupções vulcânicas, poderiam contribuir para a ocorrência de chuva ácida.

Além disso, existe o potencial de impactar a camada de ozônio, prolongando o tempo necessário para a recuperação de seu “buraco”.

Não obstante esses efeitos colaterais, eles são substancialmente menores quando comparados aos impactos das mudanças climáticas.

Estudos indicam que os benefícios resultantes, como a redução de extremos de calor na saúde humana, superariam significativamente os impactos desses efeitos secundários.

 

Fonte: Olhar Digital

Imagens: PxHere, PxHere

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