Essa inteligência artificial pode ser sua namorada por R$ 5 o minuto

A inteligência artificial (IA) é uma tecnologia que dá às máquinas a possibilidade de terem conhecimentos através de experiências, e permite que elas se adaptem ao seu meio e desempenhem tarefas quase da mesma maneira que um ser humano faria. Mas até que ponto ela pode ser uma coisa boa?

Um exemplo de um uso bem assustador da inteligência artificial é Caryn Marjorie. Ela é uma influencer com mais de 1,8 milhão de seguidores e mais de mil namorados. Como isso é possível? Graças ao chatbot. Através dele, CarynAI consegue fazer companhia e conversar com milhares de pessoas.

Quem criou a CarynAI foi a IA Forever Voices. Ela foi criada para imitar a voz e a personalidade de Marjorie e dar à quem quiser a possibilidade de conversar com “ela” pagando um dólar, cerca de cinco reais, por minuto. Mesmo ainda estando em sua fase beta, esse chatbot já fatura mais de 71 mil dólares.

Namorada inteligência artificial

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Claro que esse uso da inteligência artificial levanta algumas questões éticas. Para alguns, a CarynAI serve como uma maneira de “curar a solidão”, enquanto outros são preocupados com possíveis impactos nos relacionamentos pessoais e na sociedade como um todo. Tanto que, Jason Borenstein, pesquisador em ética, ressalta às pessoas que consideram esse serviço para pensar nas questões éticas antes que o avanço dessa tecnologia seja feito de uma forma muito rápida.

Além de CarynAI, a mesma empresa também criou outros chatbots, mas de celebridades, como por exemplo, Steve Jobs, Taylor Swift e Donald Trump. Contudo, o que diferencia CarynAI dos outros é que ela promete conseguir cria um vínculo emocional com seus usuários.

Questões

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Justamente por isso que as questões éticas são uma preocupação ainda maior. Até porque, como apontam alguns especialistas, os usuários podem acabar preferindo o relacionamento com a inteligência artificial ao invés dos com pessoas reais. Como consequência, o desenvolvimento emocional e habilidades sociais podem ser afetadas.

Mesmo com essas preocupações, a influencer olha o chatbot com otimismo e o vê como uma forma de alavancar sua carreira. Na visão dela, a CarynAI consegue fazer o que ela não consegue, no caso, se conectar com seu público que é gigantesco. Ainda de acordo com ela, isso faz parte do jogo dos influenciadores.

Ao que tudo indica, a empresa também tem uma visão parecida. Já que conforme pontua o CEO da Forever Voices, John Meyer, eles querem expandir esse conceito de namorados de inteligência artificial com mais influenciadores e estrelas dos filmes adultos.

Desenvolvimento

Expresso

Assim como essas questões éticas a preocupações com relação à CarynAI, uma preocupação geral a respeito do desenvolvimento da inteligência artificial tem sido visto entre os grandes nomes do setor. Como no caso de Geoffrey Hinton, um dos maiores nomes da inteligência artificial, e ex-vice-presidente do Google. O homem é conhecido como “padrinho da IA” e recentemente deixou seu cargo e fez um alerta sobre os riscos do uso dessa tecnologia.

Segundo Hinton, em entrevista ao The New York Times, ele deixou seu cargo em abril desse ano como uma forma de demonstrar sua preocupação com o desenvolvimento das inteligências artificiais. De acordo com ele, existem vários problemas éticos que ainda não foram resolvidos associados com as IAs generativas, como por exemplo, o chatGPT, Bard e bing chat.

Na visão dele, esses modelos podem gerar uma onda de desinformação no mundo todo, onde as pessoas não conseguiriam diferenciar o que é verdade das mentiras. Uma outra preocupação que ele tem é com relação aos empregos e a possibilidade de alguns acabarem. Ele acredita que essas inteligências artificiais podem fazer muito mais do que acabar com a parte chata do trabalho e acaba trazendo problemas para vários setores.

Além disso, o “padrinho da IA” também se preocupa com o uso de armas autônomas no futuro. Até porque, esses modelos poderiam ser treinados para manejar o armamento.

Embora a maior parte dessas preocupações de Hinton sejam teóricas, elas podem se tornar verdade se não existir uma regulamentação ou alguns mecanismos eficazes de controle da inteligência artificial. Tanto é que uma das preocupações dele é que o desenvolvimento delas dê uma escalada tão grande que chegue em um ponto em que elas serão usadas de uma forma nada positiva para a sociedade.

Mesmo que ele tenha desenvolvido inteligência artificial por 15 anos, Hinton disse que mudou seu posicionamento em 2022 quando o Google, OpenAI e algumas outras concorrentes começaram a criação de sistemas com uma inteligência maior que a dos humanos. De acordo com ele, em cinco anos a evolução foi “assustadora”. Por conta disso, esses sistemas poderiam sim ser problemáticos nos próximos cinco anos.

Fonte: Mistérios do mundo, Canaltech

Imagens: Expresso, Twitter, The current PK