Curiosidades

Esta planta estranha tem cheiro de carne podre

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A maioria dos seres humanos possui cinco sentidos, que ajudam a perceber o mundo ao seu redor. A ciência já estudou novos deles que podem mostrar que temos até mais que os consagrados tato, paladar, olfato, audição e visão. Todos têm sua importância e o olfato tem um papel importante. Até porque, os cheiros das coisas podem servir como um alerta, além, é claro, de poder remeter a memórias, pessoas e deixar um ambiente mais agradável.

E geralmente as pessoas associam coisas bonitas com cheiros agradáveis, mas nem sempre a realidade pode ser essa, como no caso da flor-cadáver que abriu recentemente em um sitio de Batatais, em São Paulo. A flor chamou atenção por conta de uma característica bem fora do comum.

Planta

G1

Ela é considerada uma planta exótica no nosso país, mas em algumas regiões da Ásia ela é endêmica. A planta tem proporções grandes e exala um cheiro bastante forte e que se parece com o de carne podre. Justamente por isso que ficar perto dela é uma coisa quase impossível, ainda mais nos dias mais quentes.

“O pessoal vem, tira foto e sai correndo por causa do cheiro”, disse Paulo Eduardo Cerri, agricultor e engenheiro agrônomo e colecionador da espécie.

Paulo ganhou as sementes da planta de um amigo dos EUA há 10 anos. Ele as plantou em cinco caixas d’água em seu sítio em Batatais. Supreendentemente, mesmo estando 16 mil quilômetros do seu habitat natural, a planta conseguiu que três delas brotassem.

A chamada Amorphophallus titanum é vista nas florestas tropicais a oeste da Ilha de Sumatra, na Indonésia. Nesse habitat, o ar é bastante úmido e a temperatura é praticamente a mesma o ano todo. Essa planta é conhecida por ter a maior inflorescência do reino vegetal, podendo ter até três metros de altura e pesar 75 quilos.

“Ganhei o presente, plantei, esperei e hoje tenho as flores. Mas nunca achei que a planta chegasse a florescer, por estar em uma condição muito diferente da região original dela. Isso foi uma surpresa”, contou Paulo.

Cheiro

G1

Por conta da experiência que ganhou, Paulo descobriu que a flor é resistente ao nosso clima e encontrou uma forma de se manter viva aqui. “Nas épocas secas e frias do ano, ela entra em dormência. As folhas ficam secas e a planta dorme, ou seja, o bulbo fica debaixo da terra. Quando a condição do tempo melhora, ela rebrota novamente”, explicou.

Contudo, as flores dessa planta não trazem um cheiro agradável, muito pelo contrário, não à toa que ela se chama flor-cadáver. “Ela é mal cheirosa. Na hora do sol quente, o cheiro é muito desagradável. É o pior horário. Ninguém aguenta ficar por perto”, disse Paulo.

Felizmente, da mesma forma que o visual da planta, o cheiro dura somente três dias. Esse é o período em que ela se fecha para reabrir em dois ou três anos.

Ameaça

BBC

Claro que a maioria das pessoas não gosta de um cheiro ruim. Mesmo assim, ele tem o seu propósito. Contudo, o que muitas pessoas não sabem é que alguns cheiros podem estar fadados a desaparecer para sempre, como por exemplo, o aroma de um livro que ficou guardado por anos e é sentido quando é folheado. Conforme esses livros vão sendo descartados, esse aroma fica mais difícil de ser sentido novamente.

Esse problema não é exclusivo dos livros. Mas para Cecilia Bembibre, pesquisadora do Instituto de Patrimônio Sustentável da University College London (UCL), no Reino Unido, o cheiro de livros antigos é importante.

Tanto é que ela está desenvolvendo técnicas para recuperar aromas “extintos” do passado e conseguir preservar os que estão à nossa volta. Até porque, os cheiros são uma parte do patrimônio cultural que, várias vezes, são esquecidos.

“As propostas feitas por espaços dedicados ao patrimônio cultural, como galerias, museus, casas históricas, se concentram principalmente no visual. O engajamento que eles propõem tende a ser visual. Com algumas exceções, a estimulação dos sentidos, como objetos que podem ser tocados ou cheirados, é reservada para o público infantil”, disse ela.

No entanto, Bembibre está tentando mudar esse cenário. “Eu queria chamar a atenção para essa questão que foi muito pouco pesquisada – os cheiros como patrimônio olfativo da humanidade”, pontuou.

Mas para que os cheiros sejam preservados é preciso capturá-los. E como se captura algo tão intangível quanto uma fragrância histórica? Uma das formas é expondo uma fibra de polímero ao perfume para que os compostos químicos que provocam o cheiro no ar consigam se aderir nela.

Depois disso feito, a pesquisadora analisa a amostra em laboratório. Ela dissolve as substâncias presas na fibra, as separa e identifica. Então essa lista de compostos químicos que ela obtém é efetivamente a receita do perfume.

Além desse método, um outro separa e identifica os compostos diretamente da amostra de gases. Essa forma é bem usada na indústria de perfumes, alimentos e bebidas. Isso porque permite a identificação de compostos ativos que são voláteis.

Um terceiro método é usar o nariz. Seja pedindo a um grupo de voluntários para descrever determinados aromas ou  recorrendo a “narizes” especializados, ou seja, de profissionais que têm o nariz treinado, como por exemplo, os perfumistas.

“Nós caracterizamos o cheiro do ponto de vista humano. Isso é importante porque se queremos preservá-lo para o futuro, isso depende de muitos fatores. Não apenas da composição química, mas também da nossa experiência”, explicou Bembibre.

Fonte: G1,  BBC

Imagens: G1, BBC

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