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Cientificamente, o que explica a afinidade que as pessoas têm pelo cheiro de gasolina?

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Você gosta do momento em que o frentista começa a colocar gasolina no seu carro? Você curte o cheiro forte do combustível invadindo suas narinas? A mistura de hidrocarbonetos, anticongelante e mais diversas outras substâncias químicas te dá um prazer incomparável?

Claramente, cheirar gases tóxicos não é indicado, mas existe uma parcela da população que não perde a chance de sentir o cheiro de gasolina. Assim, de acordo com a ciência, isso pode estar ligado ao sentimento de nostalgia.

Em um artigo publicado na revista Discover, Carl Engelking pontua que a gasolina adquire seu cheiro tão distinto de benzeno, um composto que aumenta os níveis de octanagem e melhora a eficiência do combustível. Dessa forma, o benzeno é bem fácil de identificar com o nosso olfato, mesmo quando está presente em pequenas quantidades. E existe um motivo por trás de achar esse cheiro agradável.

Benzeno tem um cheiro naturalmente doce, o que a maior parte dos narizes consegue captar. É tão forte que conseguimos identificar o cheiro se tiver apenas uma parte em um milhão no ar que respiramos. Além disso, ele evapora rapidamente, então você poderia colocar um pouco de benzeno em um ambiente e você iria sentir o cheiro imediatamente.

Cheiro de gasolina ou de pós-barba?

NILTON FUKUDA/ESTADÃO

Acontece que não é tão estranho gostar do cheiro de gasolina. De acordo com Engelking, no século 19 e no início do século 20, benzeno era um produto usado em pós-barba e produtos de higiene feminina para garantir um cheiro mais doce. Além disso, era usado na produção de café descafeinado.

Porém, esses usos não duraram muito tempo, e por uma razão muito boa. Isso porque benzeno é um cancerígeno conhecido e é perigoso quando inalado em altas concentrações ou por muito tempo. Portanto, pode ser que você goste do cheiro de gasolina, mas você com certeza deveria evitá-lo.

Agora que você sabe em que produtos o benzeno já foi ingrediente, isso ainda não explica o motivo de tantas pessoas gostarem do cheiro perigoso. Sendo assim, embora pesquisadores não tenham chegado a uma conclusão definitiva nesse assunto, existem duas teorias primárias.

Cheiro engatilha memórias

O nosso nariz pode provocar memórias fortes e vívidas se capturarem cheiros familiares. Assim, o cheiro de um celeiro pode te transportar para os verões da sua infância, o cheiro do pernil assado pode te levar para a noite de Natal, ou o cheiro do perfume de sua mãe pode te colocar no banco de trás de seu carro, na ida para a escola.

Essa conexão fortíssima entre cheiro e memória é conhecida como o fenômeno Proust. Essa seria uma referência ao autor francês Marcel Proust, que descreveu uma memória potente da infância, provocada pelo cheiro de biscoitos mergulhados em chá.

No entanto, a ligação vai muito além da literatura. O olfato é o único dos cinco sentidos que aprendemos na escolinha que não passa pelo tálamo antes de chegar no prosencéfalo.

Desse modo, o tálamo funciona como um operador de botões, conectando as entradas dos nossos sentidos, dos olhos, ouvidos, boca e toque, com as partes certas do cérebro para que possamos registrar tudo e fazer ter algum sentido.

Porém, o olfato ignora esse operador por completo. Além do mais, o emaranhado de nervos que detecta moléculas de cheiro possui uma alta concentração de conexões perto da amígdala e do hipocampo, que estão envolvidos em respostas emocionais e formação de memórias, respectivamente.

Voltando ao amor pela gasolina, é possível que você tenha formado uma memória forte e agradável que se ligou o cheiro de gasolina. Por exemplo, seu cérebro pode ligar o cheiro da gasolina às viagens em família ou aos seus passeios de bicicleta perto do posto na esquina de casa. Portanto, quando você sente o cheiro, seu cérebro sinaliza: opa! Alegria!

Segunda teoria

Fonte: Skitterphoto

Segundo Carl Engelking, “outra teoria se concentra mais no efeito físico que o benzeno tem nos receptores nervosos que detectam o cheiro. O benzeno e outros hidrocarbonetos, quando inalados, têm um efeito supressor sobre o sistema nervoso, o que resulta em uma sensação temporária de euforia. Produz uma sensação prazerosa que não é diferente do álcool ou de uma série de outras drogas.”

“Isso ocorre porque o processo biológico de entorpecer seus nervos ativa a via mesolímbica, também conhecida como via de recompensa do cérebro. Sempre que seus nervos olfativos recebem aquela dose de benzeno, o sistema mesolímbico fornece uma agradável dose de dopamina. É essencialmente o seu cérebro lhe dizendo: ‘Sim, isso é bom. Faça mais disso.'”

“A via mesolímbica, como você provavelmente deduziu, é uma peça-chave na neurobiologia do vício. Seja sexo, videogames, drogas ou gasolina, é esse caminho no cérebro que os faz se sentir bem e inicia um ciclo de feedback auto-reforçado. De fato, a gasolina é um inalante comumente abusado e é devastador para a saúde daqueles que se tornam viciados. Então, novamente, não cheire intencionalmente essas coisas.”

Fonte: Mental Floss

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