História

Estátuas descobertas na Espanha mudam tudo o que sabemos sobre a Antiguidade

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A escavação arqueológica em Badajoz, sudoeste da Espanha, reformulou nossa compreensão sobre a cultura ibérica pré-romana dos tartessianos.

Os cinco bustos de pedra datados do século V AEC, descobertos, revelam que os antigos habitantes da região eram uma civilização refinada que rivalizava com as da Grécia e da Etrúria.

Os tartessianos permanecem como uma civilização enigmática, muitas vezes considerada uma das mais antigas da Europa Ocidental.

Apesar disso, as evidências físicas de sua cultura têm sido escassas, e sua história é principalmente conhecida por meio de referências de escritores gregos e romanos.

A revolução na arqueologia se desenrolou com a descoberta dos cinco bustos de pedra no sítio arqueológico Casas de Turuñuelo.

Via Só Científica

De acordo com Sebastián Celestino, pesquisador do Instituto de Arqueologia de Mérida e codiretor do projeto, essa descoberta desafia a noção de que os tartessianos não tinham representação figurativa ou antropomórfica.

As estátuas, quase do tamanho real, estão preenchendo lacunas em nossa compreensão da vida tartessiana. Alguns detalhes, como brincos e cabelos trançados, evidenciam uma cultura altamente sofisticada e artística.

Os cinco bustos foram encontrados juntos em uma única sala dentro do imponente edifício Casas de Turuñuelo, um colossal edifício de dois andares com 2.500 anos.

Com base nos artefatos descobertos, os pesquisadores sugerem que essa sala pode ter servido como centro econômico e político para a área local.

Bustos dos tartessianos

De maneira intrigante, a preservação dos bustos tartessianos pode ter sido resultado da destruição deliberada do edifício onde estavam.

Cerca de 2.500 anos atrás, o local foi queimado, enterrado e abandonado após uma festa grandiosa e um massivo sacrifício público de mais de 50 animais.

A camada de argila usada para enterrar as evidências possivelmente protegeu as estátuas contra a erosão do solo e dos elementos.

Essa descoberta dos cinco bustos redefine a perspectiva da cultura tartessiana.

Longe de ser uma civilização pouco sofisticada, sem representações humanas, os tartessianos podem agora ser reconhecidos como uma sociedade igualmente sofisticada e artística em comparação com outras de sua época.

Sobre os tartessos

Via Wikipedia

Os tartessos, do povo tartessianos, de acordo com descobertas arqueológicas, representaram uma civilização histórica localizada ao sul da Península Ibérica, caracterizada por uma fusão de traços ibéricos pré-históricos e fenícios.

Essa cultura possuía um sistema de escrita próprio conhecido como tartessiano, composto por 97 inscrições na língua tartessa.

Nas narrativas históricas, Tartessos aparece como uma cidade portuária semi-mítica na costa sul da Península Ibérica, correspondendo à moderna Andaluzia, na Espanha, na desembocadura do rio Guadalquivir.

Suas referências datam do primeiro milênio AEC, aparecendo em fontes gregas e do Oriente Próximo. Heródoto por exemplo a localiza além das Colunas de Hércules.

Autoras romanas, embora repetissem as fontes gregas, indicam que o nome Tartesso caiu em desuso no final do milênio. Assim, sugerem uma possível perda da cidade devido a uma inundação.

A cidade

Além disso, a cidade era conhecida por sua riqueza em metais, sendo descrita por Éforo de Cime, no século IV AEC, como um próspero mercado que comerciava estanho, ouro e cobre das terras celtas.

O comércio de estanho era particularmente lucrativo na Idade do Bronze, sendo um componente essencial do bronze e relativamente escasso. O rei de Tartesso, Argantonio, mencionado por Heródoto, era notável por sua riqueza em prata.

Os habitantes de Tartessos eram importantes parceiros comerciais dos fenícios, cuja presença na Península Ibérica remonta ao século VIII AEC. Os fenícios estabeleceram seu próprio porto na região de Gadir (ou Gades, atual Cádiz).

No século VI a.C., Tartessos desaparecem abruptamente da história, algumas teorias sugerem que eles sumiram por Cartago após a batalha de Alália. Enquanto isso, outras indicam a possibilidade de uma refundação com o nome de Carpia, sob condições pouco claras.

Os romanos chamaram a ampla Baía de Cádis de Tartessius Sinus, mas o reino de Tartessos já não existia.

O mistério ao redor dos tartessianos é grande, em termos históricos e arqueológicos. Por isso, descobertas como essa, com bustos totalmente preservados, auxilia no entendimento de como esse povo se organizava, quem cultuavam e quais eram seus conhecimentos científicos.

Dessa forma, pesquisadores saberão um pouco mais sobre esse povo, além de explorar a região com maior confiança para encontrar outras evidências.

 

Fonte: Só Científica, Wikipedia

Imagens: Só Científica, Wikipedia

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