História

Raro monumento pré-histórico descoberto na Espanha desafia historiadores

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Em Cañaveral de León, no sudoeste da Espanha, foi descoberto um notável monumento pré-histórico pelos arqueólogos: uma estela.

Essa é uma placa vertical de pedra ricamente decorada, encontrada no antigo complexo funerário conhecido como necrópole de Las Capellanías. Com quase 3.000 anos de idade, esse elemento se classifica como extremamente raro.

Marta Díaz-Guardamino, uma das arqueólogas que integra a equipe responsável pela descoberta, destaca que este achado desafia as concepções estabelecidas sobre as elites sociais no sudoeste da Europa naquela época.

Além disso, lança luz sobre a função e o significado desses monumentos comemorativos.

As estelas são famosas por suas decorações e inscrições, e na Península Ibérica, que atualmente se divide principalmente entre Espanha e Portugal.

Além disso, identificaram cerca de 300 peças semelhantes, incluindo as chamadas estátuas-menires.

Via Wikipedia

O enigma das estelas ibéricas

No intervalo de 1250 a 700 a.C., as estelas na Ibéria pré-histórica exibiam uma decoração centrada em representações de pessoas, aparentemente seguindo um padrão relativamente uniforme.

Marta Díaz-Guardamino, pesquisadora da Universidade de Durham, no Reino Unido, destaca que as estelas ibéricas desse período tinham a função de “homenagear figuras importantes da comunidade”.

Até o momento, os arqueólogos conseguiram identificar dois tipos principais de figuras nas estelas ibéricas desse período: a representação do “guerreiro”, associada a indivíduos do sexo masculino, e figuras com cocares, frequentemente interpretadas como representações de indivíduos do sexo feminino.

No entanto, os contextos de uso dessas estelas pré-históricas e das estátuas-menires na Península Ibérica permanecem pouco compreendidos.

Díaz-Guardamino ressalta que o significado e a função dessas estelas e estátuas-menires ibéricas são “extremamente difíceis de discernir e geram debates intensos entre os arqueólogos”.

Estelas de Las Capellanías

Em setembro, a equipe liderada por Díaz-Guardamino descobriu a mais recente estela na região. Ela estava sobre uma estrutura circular de cremação à qual possui vínculo aparente.

Esta é a terceira estela que surge no local, sendo que a primeira apareceu em 2018 durante a reparação de um caminho rural que agora se sabe atravessar a necrópole.

A descoberta dessas estelas em um contexto funerário em que as outras duas foram encontradas é excepcional.

Dado que os contextos de uso desses monumentos são completamente desconhecidos, esta representa a primeira vez que temos um contexto para interpretar como esses raros monumentos aconteciam. Ainda, é possível entender mais sua importância na sociedade do final da Idade do Bronze e início da Idade do Ferro.

A estela retrata uma figura humana com cocar, colar, e duas espadas, apresentando detalhes minuciosos de rosto, mãos, pés e genitais masculinos. Essa estela mescla características dos tipos de cocar e guerreiro.

Ao incluir a genitália masculina, a nova estela evidencia que esses papéis sociais não estavam restritos a um gênero específico. Assim, podiam ter associação a diferentes identidades de gênero.

Marta Díaz-Guardamino destaca que essa estela desafia interpretações anteriores. Isso porque demonstram que eram simplistas e refletiam mais as concepções modernas de gênero do que as das sociedades pré-históricas.

Via Só Científica

Revelando os segredos da Necrópole

Existe a crença de que a necrópole existiu aproximadamente entre os séculos IX e VI a.C. No entanto, essa cronologia precisa de confirmação por meio de técnicas de datação por radiocarbono.

A necrópole revelou uma série de sepulturas contendo cremações humanas e uma coleção notável de objetos funerários.

No momento, essas evidências estão passando por minuciosa análise, com a expectativa de proporcionar informações detalhadas sobre a cronologia da necrópole, a origem dos materiais presentes e as identidades das pessoas ali sepultadas.

Determinar a idade das estelas representa um desafio significativo, uma vez que as esculturas em pedra não podem receber datas de maneira científica.

No entanto, diversas linhas de evidência indicam que a última estela em Las Capellanías passou por esculpimento em algum momento entre os séculos IX e VII a.C.

É importante ressaltar que essa data é preliminar e está sujeita a ajustes à medida que os resultados das análises por radiocarbono no local forem revelados.

 

Fonte: Só Científica

Imagens: Só Científica, Wikipedia

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