Foguete de 11 toneladas vai cair na Terra nesse final de semana

A China lançou o último módulo para sua estação espacial Tiangong, que orbitará a Terra como um posto avançado espacial e laboratório para pesquisas de ponta por pelo menos uma década. Desse modo, às 15h37 da segunda-feira, o módulo experimental Mengtian decolou no topo de um foguete de carga pesada Long March 5B do Centro de Lançamento de Satélites Wenchang, na ilha de Hainan, no sul da China.

Deng Hongqin, diretor do Centro de Lançamento de Satélites de Xichang, declarou o lançamento um sucesso por volta das 15h50. Espera-se que o componente de 18 metros de comprimento pesando 23 toneladas atraque no módulo central da Tiangong poucas horas após a decolagem. Isso é o equivalente a quatro elefantes asiáticos adultos.

O foguete

Olhar digital

Assim, o projeto será supervisionado pelos astronautas Chen Dong, Liu Yang e Cai Xuzhe, que vivem a bordo da estação desde junho. A data de lançamento coincidiu com o aniversário da morte de Qian Xuesen, conhecido como o pai do programa de foguetes da China, que morreu em 31 de outubro de 2009.

A mais de 380 km (236 milhas) acima da Terra, Mengtian será realocado posteriormente por um braço robótico para dar a Tiangong sua forma final em T e concluir a fase de construção. Vale destacar que a China levou menos de dois anos para montar o Tiangong de três módulos em órbita, começando com o lançamento do módulo principal, Tianhe, em abril do ano passado.

Comparado com Tianhe e o outro módulo experimental, Wentian, que entrou em órbita em julho, Mengtian está equipado com mais instalações de pesquisa e apoiará uma série de experimentos físicos sob microgravidade.

Por exemplo, a instalação de física de átomos ultrafrios visa usar lasers para resfriar átomos a 10 picokelvins, que é menos de um bilionésimo de grau acima do zero absoluto (-273,15 Celsius) e seria a temperatura mais baixa já alcançada pela humanidade.

Tempo no espaço

Mengtian está carregando um trio de relógios atômicos de última geração, incluindo o primeiro relógio atômico óptico baseado no espaço do mundo, que pode trabalhar em conjunto para manter o tempo com precisão ultra-alta sem perder um segundo em um bilhão de anos.

Desse modo, haverá um total de nove instalações experimentais do tamanho de geladeiras dentro de Mengtian, de acordo com um vídeo divulgado pela Agência Espacial Tripulada da China (CMSA) no domingo.

Também havia espaço para os astronautas se exercitarem e para armazenamento. Enquanto isso, existem 37 adaptadores do lado de fora do Mengtian para apoiar experimentos e estudar os efeitos da radiação cósmica em organismos e plantas. Além disso, o módulo também pode ajudar a liberar microssatélites e CubeSats da órbita, segundo o vídeo.

Como Wentian, Mengtian usará um par de painéis solares maciços que têm uma envergadura total de 56 metros quando desdobrados para ajudar a alimentar Tiangong. Até agora, o CMSA aprovou mais de 100 propostas de experimentos de pesquisadores chineses.

Pesquisas

Sendo assim, pelo menos 25 projetos já estão em andamento, incluindo aqueles para estudar a cristalização de proteínas e os efeitos da microgravidade em células vegetais, ossos e músculos, de acordo com reportagem da revista Nature na semana passada.

Os astronautas levaram cerca de 12.000 sementes, incluindo sementes de berinjela e melão, para a estação espacial, expondo-as à radiação cósmica e à microgravidade por seis meses, antes de devolvê-las em abril para serem plantadas na Terra.

Espera-se que Tiangong hospede mais de 1.000 experimentos científicos ao longo de seu tempo de atividade, incluindo projetos internacionais organizados em conjunto pelo CMSA e pelo Escritório das Nações Unidas para Assuntos do Espaço Exterior.

Em novembro, a China planeja lançar o Tianzhou 5 – a quarta missão de carga para Tiangong – para fornecer suprimentos para a próxima missão tripulada Shenzhou-15. Tiangong e a Estação Espacial Internacional (ISS) são as duas únicas estações espaciais em serviço na órbita baixa da Terra.

Embora a ISS deva sair de órbita no início de 2030, Tiangong pode eventualmente ser expandida de três para seis módulos, de acordo com autoridades espaciais chinesas.

Foguete cairá na Terra

Após impulsionar o módulo, o centro do foguete irá cair na Terra esse final de semana. Diferente da maior parte dos foguetes, feitos para se alavancarem até o Oceano Pacífico, esse caiu em sua própria órbita ao redor da Terra.

Agora, está no caminho para cair nesta sexta ou início de sábado. No entanto, ninguém sabe onde o foguete irá cair e ninguém está controlando-o. Ainda assim, é altamente improvável que ele caia sobre você. Então, cientistas acreditam que após pegar fogo, cerca de 20% a 40% da massa do fogete irá cair.

Fonte: Science Alert