Folha de boldo é alternativa sustentável ao papel higiênico

Que o chá de boldo é famoso, disso todos sabem, mas e se ele servir como substituto do papel higiênico? Poucas pessoas pensariam nisso! Mas um estudioso e pesquisador propôs essa opção.

Em busca de alternativas mais sustentáveis e acessíveis ao tradicional papel higiênico de folhas duplas ou triplas, existe um movimento em que pessoas trocam o papel por folhas de boldo in natura, sem qualquer processo de industrialização.

Esta prática já ocorre em alguns lugares na África e nos Estados Unidos. Contudo, essa substituição também levanta questões sobre o acesso aos produtos básicos de higiene.

Martin Odhiambo, pesquisador e fitoterapeuta do Museu Nacional do Quênia, explica mais sobre o assunto.

Segundo ele, a Plectranthus barbatus é o papel higiênico africano. Muitos jovens desconhecem essa planta hoje em dia, mas ela tem o potencial de ser uma alternativa amigável ao ambiente, sendo um substituto do papel higiênico.

Embora a ideia de usar folhas de boldo possa parecer estranha, essa iniciativa atribui um novo propósito a uma espécie originária da África e da Índia, conhecida por suas propriedades medicinais.

Na América Latina, o boldo-do-chile (Peumus boldus) é mais comum. Ambas as espécies podem ser encontradas no Brasil, para quem se interessar pela proposta.

Folha de boldo é versátil

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Com suas folhas verde-acinzentadas, o boldo tem sido utilizado por comunidades tradicionais há muitos séculos, especialmente na medicina hindu e ayurvédica.

No entanto, seu uso não se restringe a esses grupos e é observado até mesmo no Brasil.

De acordo com pesquisadores da Universidade Livre de Berlim, a maioria dos usos da espécie de boldo Plectranthus barbatus está associada a distúrbios intestinais, fadiga hepática, problemas respiratórios, doenças cardíacas e distúrbios do sistema nervoso central, conforme descrito em um artigo para a revista Planta Medica.

Inclusive, é importante ressaltar que estudos recentes indicam possíveis aplicações das propriedades do boldo na medicina convencional. Por exemplo, os óleos essenciais extraídos demonstram uma significativa atividade antimicrobiana.

Além de seu uso medicinal, os boldos são cultivados para outros propósitos, como prevenir a erosão do solo em encostas e até mesmo como fonte de alimento.

Os autores destacam que no Quênia, as folhas macias e aveludadas são utilizadas como lenços higiênicos, o que sustenta a proposta de substituição ao papel higiênico.

Substituto do papel higiênico

Segundo os defensores da proposta, ter um substituto do papel higiênico usando essa planta é bastante simples.

Isso se deve ao fato de que as folhas de um boldo adulto possuem, em média, o tamanho de um quadrado de papel higiênico industrial.

Portanto, a ideia no banheiro é usar o vegetal para se limpar e depois descartá-lo na privada durante a descarga. Um dos aspectos mais diferenciados é o cheiro semelhante ao da menta, que é liberado com a fricção.

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Plantio caseiro

Nos Estados Unidos, um dos defensores dessa ideia é Robin Greenfield, conhecido por seu ativismo ambiental.

Atualmente, ele cultiva cerca de 100 pés de boldo em um viveiro na Flórida e utiliza parte dessas folhas para higiene pessoal há cinco anos.

Em fala, ele diz que muitas pessoas associam o uso da planta como papel higiênico à pobreza, mas é importante lembrar que, ao utilizar papel higiênico industrial, ainda se utilizam plantas. A diferença é que elas estão simplesmente sendo processadas por uma indústria.

Apesar de todas as vantagens ambientais, vale destacar que Greenfield optou por cultivar seu próprio papel higiênico, embora pudesse facilmente comprar papel de folhas triplas no supermercado, se desejasse.

Embora alguns julguem seu posicionamento, além da economia, ele também representa um grande impacto ambiental.

Onde não existe opção

Enquanto isso, em algumas regiões da África, onde o preço do papel higiênico está aumentando, a situação é diferente. Isso porque, para alguns indivíduos, essa é uma das poucas opções de higiene disponíveis.

Isso levanta preocupações adicionais, como o acesso a produtos básicos de higiene e até mesmo ao saneamento básico, temas diretamente ligados à saúde da população.

Com essa alternativa de substituto do papel higiênico, seria possível atingir essas comunidades mais pobres, garantindo dignidade e saúde básica com uma opção natural, segura e que permite amplo cultivo.

No entanto, ainda é necessário estudar outros princípios e desmistificar algumas mentiras sobre o uso de folhas na higiene. Esse é o primeiro passo para uma escolha mais ecológica e inovadora.

Fonte: Canaltech

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