Saúde

Síndrome da autocervejaria faz corpo produzir álcool, mesmo sem beber

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Na Bélgica, um homem de 40 anos foi absolvido nesta segunda-feira (22) das acusações de dirigir alcoolizado, e o motivo é curioso: síndrome da autocervejaria.

Apesar dos exames terem mostrado elevados níveis de etanol no sangue, ele não recebeu condenação, multa ou registro legal.

Embora a embriaguez ao volante seja proibida no país, o indivíduo conseguiu provar ser portador de uma condição extremamente rara, conhecida como síndrome da autocervejaria, ou síndrome da fermentação intestinal.

Com isso, ele provou não ter bebido álcool quando a polícia o abordou, e, apesar do bafômetro indicar, ele não tinha culpa.

Casos da síndrome da autocervejaria têm gerado debates intensos não apenas na Bélgica, mas também nos Estados Unidos e no Reino Unido.

É realmente improvável pensar que o corpo humano possa produzir álcool por conta própria, sem a ingestão de qualquer bebida alcoólica.

No entanto, é surpreendente que a produção endógena de etanol seja possível em casos muito raros e específicos.

Claro, essa “desculpa” não se aplica no Brasil como forma de desrespeitar a lei ou contestar o resultado de um teste de bafômetro. Mas vale a pena mencionar que essa síndrome realmente existe.

O que é síndrome da autocervejaria?

Via Freepik

Pacientes diagnosticados com a síndrome da autocervejaria têm microrganismos no sistema digestivo que convertem alimentos ricos em carboidratos, como pães e batatas fritas, em álcool. Em alguns casos, o uso de antibióticos pode desencadear essa condição.

A condição rara resulta da proliferação generalizada de microrganismos intestinais. Isso, por sua vez, leva à produção endógena de etanol, como destacam pesquisadores da Rawalpindi Medical University (RMU), no Paquistão, em um artigo publicado na revista científica Cureus.

Diferentes microrganismos, especialmente fungos (leveduras) e bactérias, podem causar essa condição, tais como:

  • Saccharomyces cerevisiae
  • Candida albicans
  • Candida parapsilosis
  • Candida glabrata
  • Candida kefyr

Se um paciente com a síndrome da autocervejaria consumir refeições ricas em carboidratos, mesmo sem ingerir álcool, ele apresentará comportamentos típicos de embriaguez, como marcha cambaleante, fala arrastada, desconforto gastrointestinal e confusão mental.

Em situações extremas, pode ocorrer intoxicação alcoólica, o que levaria a um quadro grave de coma ou outros sintomas mais sérios.

Tem como parar?

Devido ao papel dos carboidratos na patogênese desta síndrome, os pacientes recebem conselhos médicos para reduzir a ingestão de carboidratos e aumentar o consumo de proteínas.

Alguns casos relatados na literatura mostraram melhora apenas com essas mudanças na dieta, sem necessidade de tratamento medicamentoso.

Contudo, se os ajustes na alimentação não resultarem em melhora da condição, a equipe médica responsável deve considerar a prescrição de medicamentos para controlar a proliferação dos microrganismos no trato intestinal do indivíduo.

No entanto, a síndrome da autocervejaria não possui uma cura a longo prazo, apesar de existirem algumas cirurgias experimentais para tentar reverter o sistema.

Por ser muito novo, os pacientes devem se atentar à rotina, alimentação e fazer uso dos remédios para controlar.

Caso do homem bêbado

Via Freepik

No caso do paciente belga com a síndrome da autocervejaria, o número de episódios associados à embriaguez diminuiu significativamente com a adoção de uma dieta de baixo teor de carboidratos.

No entanto, o processo de diagnóstico e confirmação da condição se prolongou por vários anos.

Isso porque a saga começou em abril de 2022, quando uma parada de rotina flagrou o homem com uma taxa de álcool no ar expirado de 0,91 mg por litro, enquanto o limite legal na Bélgica é de 0,22 mg/l.

Em maio, ele recebeu uma nova autuação, registrando 0,71 mg/l. No entanto, somente agora conseguiu resolver a questão legalmente.

Em outros casos, se não conseguisse a comprovação, poderia ser preso injustamente, ou mesmo causar um acidente sério na estrada.

Por isso, mesmo sendo um paciente sem controle sobre seu organismo, é responsabilidade dos motoristas se atentarem para seu estado de sobriedade.

 

Fonte: Canaltech

Imagens: Freepik, Freepik

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