História

Fosse Dionne: o poço sem fundo

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Você consegue imaginar como seria um poço sem fundo? Na teoria, todo poço precisa ter um fundo, certo? Mas em Tonnerre, uma cidade ao nordeste da França, há um local que contraria essa regra, pelo menos em partes. O Fosse Dionne é uma nascente com águas de um azul intenso que, na Idade Média, era alvo de diversas lendas. Pensava-se que uma grande serpente vivia no fundo do poço, ou que poderia ser um portal para outro mundo.

Fosse Dionne é um grande exemplo de fonte cárstica. Os territórios cársticos são aquelas regiões constituídas por rochas compactas e solúveis, principalmente calcárias. Essas regiões dão origem a uma paisagem muito peculiar, com a presença de sumidouros, desfiladeiros, precipícios, ribeiros subterrâneos ou cavernas.

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A nascente da fonte consiste em uma bacia profunda (daí o nome “fosse”). Ela se abre em uma câmara submersa com uma entrada de 2,5 metros de altura que é visível da superfície. O manancial jorra em média cerca de 311 litros de água por segundo, embora a velocidade com que flui varie dependendo da estação. 

O poço é alimentado principalmente pela água da chuva que entra nas camadas de calcário ao redor de Tonnerre. Estudos via rastreamento de corantes demonstraram que parte da água da nascente vem do rio Laigne, que desaparece no subsolo no Gouffre de la Garenne, em Villaines-en-Duesmois, a 43,5 quilômetros de Tonnerre. 

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O fluxo é altamente variável e com filtragem mínima. Dependendo das chuvas, tempestades ou degelo, podem sair até 3.000 litros por segundo (como ocorreu em março de 2001). A vazão média varia entre 87 litros por segundo em agosto e 619 litros por segundo em janeiro.

Explorações sem sucesso

Até hoje, ninguém conseguiu localizar sua origem, o que dá ao Fosse Dionne o título de “poço sem fundo”. Nas últimas décadas, três mergulhadores morreram tentando chegar à origem desta fonte. Dois deles em 1974 e um em 1996. Eles nunca saíram da imensidão de água. 

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Em outubro de 2020, o prefeito de Tonnarre contratou o mergulhador profissional Pierre-Éric Deseigne, para descer os mais de 70 metros do subsolo, explorando um total de 370 metros da entrada da cavidade. Mesmo chegando a uma área até então inexplorada e voltando com vida, o profissional não conseguiu resolver o mistério sobre a fonte do Fosse Dionne.

Como resultado dos acidentes fatais, o mergulho subterrâneo na Fosse Dionne é estritamente regulamentado. Hoje, o poço é uma grande atração turística da cidade, que atrai milhares de curiosos pela sua história e apreciadores da sua beleza. A origem do poço segue sendo uma incógnita e, considerando os resultados das expedições, é provável que continue sendo por um longo tempo.

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