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Fred Nicácio: ‘Sou gay, preto e gago. Sou a frustração de uma sociedade inteira’

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Fred Nicácio foi um personagem único na história do Big Brother Brasil. Ele surpreendeu a todos ao sair e retornar ao reality show por três vezes durante a mesma edição, algo completamente inédito. Isso demonstra claramente os sentimentos intensos que ele despertou no público.

Amado e odiado, o médico se envolveu em diversas polêmicas do programa devido ao seu jeito considerado debochado e até mesmo arrogante.

Enquanto memes e brincadeiras surgiam em decorrência de sua participação na casa, Fred também fez com que o público confrontasse várias questões relacionadas à raça, incluindo o racismo religioso.

Ele afirma ter orgulho de ser pauta do programa e levantar assuntos tão pertinentes. Afinal, acredita que o Big Brother é um reflexo social, e, por isso, precisa expor os preconceitos vividos diariamente.

Em entrevista para o portal UOL, ele falou sobre várias questões raciais e sobre sua experiência.

Pautas raciais no BBB

Via Gazeta

Durante sua participação no Big Brother Brasil, Fred Nicácio diz ter abordado de forma explícita as questões raciais, algo que sempre esteve presente no programa.

Por isso, acredita que estamos avançando na conquista de espaços de expressão para pessoas que possuem conhecimento sobre esses assuntos, pois ter um lugar para se expressar é importante, mas também é fundamental saber o que dizer.

Nicácio diz ter sido corajoso ao trazer essas pautas raciais de maneira direta, colocando o dedo na ferida e mostrando como a sociedade brasileira realmente é. Com isso, sente que sua participação no Big Brother teve um propósito missionário, pois cumpriu uma missão ao levar essas discussões adiante.

Seu objetivo não era apenas o prêmio, pois nem sempre vencer é o que importa. Ele retornou ao programa por três vezes para completar essa missão de trazer à tona pautas que normalmente levariam décadas para serem discutidas na televisão aberta e em horário nobre.

O racismo pode ser encoberto apenas para aqueles que estão praticando-o, pois para aqueles que o sofrem, ele é evidente e bastante perceptível.

Violência x Racismo

Nesta edição, três casos que envolviam violência contra a mulher foram tratados de forma assertiva. Para você, por que casos que foram julgados como racismo não tiveram as mesmas punições?

Fred Nicácio foi perguntado sobre os casos de violência contra mulher no programa. No entanto, parecem não ter sido julgados com as mesmas punições.

Ele diz que gostaria que as pessoas podem não necessariamente corresponder às ações que elas realmente tomarão.

No entanto, acredita-se que a falta de reconhecimento da extensão da dor causada por atos racistas seja algo estrutural.

As pessoas tendem a lidar de maneira menos séria com atos de racismo religioso em comparação a atos de importunação sexual.

Durante o encontro na casa com os outros nove participantes, ninguém tinha ideia de como seria a dinâmica.

Eles tinham o direito de desistir logo no primeiro dia, mas é altamente improvável que alguém colocasse, por exemplo, Dania para conviver com os dois indivíduos que a importunaram sexualmente por 48 horas.

No entanto, quando se trata de uma vítima de racismo religioso conviver com seus três agressores, essa situação é aceita. Isso evidencia a diferença na maneira como se avalia a intensidade da dor.

É sempre mais fácil ignorar, não ouvir e silenciar, permitindo que a sociedade continue perpetuando privilégios para pessoas que não possuem talento ou carisma algum, mas apenas por serem brancas.

Abalo

Via RD1

No reencontro, também recordou sobre seu abalo de conviver com as pessoas que o violentaram em forma de preconceitos.

Contudo, Fred Nicácio diz que “não tem como fazer um rio ir para trás”. Por isso, sempre segue em frente, e não queria desistir. Ele precisava atingir seu propósito.

Sua vida tem essas percepções do que pode aprender com os Orixás e pensou  que não tinha o direito de desistir. Foi esse o motivo que o fez continuar.

Ainda, falou sobre ter que conviver com os participantes polêmicos Key, Cristian e Gustavo, a quem processava por intolerância religiosa.

Ele diz não poder dar detalhes da Justiça, mas quis passar uma mensagem de que é preciso assumir seus atos e prestar contas. Ele diz que a ‘branquitude’ está certa de que não precisa mudar, mas ele quer converter isso.

Embora muitos tenham sido contra, ele não queria ser mais um caso de racismo que não acaba em punição. Mesmo com gravações, nada aconteceu de imediato. Por isso, seguiu em frente com o processo.

Verdades

Quando surge a questão sobre o prêmio de Ranço no reencontro com os participantes do BBB após o término do programa, Fred Nicácio afirmou, na época, que falou as verdades necessárias no momento.

Ao responder, o médico disse que não conseguiria listar todas, pois se relacionam com sua própria existência, como um homem gay, negro, médico, comunicador e gago.

Ele se diz a personificação da frustração de toda uma sociedade, e é difícil para muitos lidarem com ele porque é, de fato, indigesto.

Via Sou Enfermagem

Aqueles que acompanharam o programa puderam perceber a quantidade de coisas que a sociedade teve que engolir.

É importante destacar que não se cria uma revolução sendo amado por todos, e não renunciaria à sua intelectualidade e à nobreza que o pertencem, simplesmente porque as pessoas não sabem como lidar com uma pessoa negra e intelectual.

O que esperar dos próximos programas

Por fim, encerra a entrevista dizendo que, para os próximos BBBs, espera que a porcentagem de negros continue alta, mostrando a diversidade de pessoas que existem no Brasil.

Também espera uma punição e vigilância mais expressas sobre os crimes de racismo, e continuará acompanhando para garantir que essa pauta não acabe.

 

Fonte: UOL

Imagens:  Sou Enfermagem, RD1, Gazeta Web

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