Guia turístico da Chapada insulta universitário negro: ”Preto desgraçado”

Estamos no século 21 e, infelizmente, o racismo ainda está presente na sociedade. Esse é um assunto importante e que devemos discutir diariamente. Até porque, casos de insultos racistas infelizmente acontecem todos os dias, como por exemplo, o caso de um jovem negro que recebeu várias mensagens racistas enviadas por um guia turístico da Chapada dos Veadeiros.

O caso aconteceu na madrugada do último domingo. Na ocasião, Betho Callan mandou áudios para o rapper Ariel Lucas. Toda briga entre o guia e o jovem negro teria começado por conta de uma bituca de cigarro. E depois do ocorrido, Ariel registrou boletim de ocorrência na Polícia Civil do Distrito Federal.

O começo de tudo foi no dia dois de maio, no Bar do Mendes, que fica na Asa Norte, em Brasília. De acordo com Ariel, ele foi até o bar com um grupo de amigos para uma comemoração. Na ocasião, o jovem estava fumando um cigarro de tabaco e quando ele foi jogar a bituca fora, a ponta acabou caindo perto de Betho, que no momento não ficou incomodado, conforme disse Ariel.

Ameaças ao jovem negro

Depois de 22 dias, o guia turístico começou a mandar várias mensagens com insultos racistas e ameaças de morte ao jovem negro e para seu grupo de amigos via Instagram.

“Eu estava dormindo e acordei com diversas ligações e mensagens dele. De primeira eu não entendi, porque isso tem mais de um mês, e em momento algum eu joguei algo nele”, disse Ariel.

Ainda segundo Ariel, Betho namora a ex-namorada de um dos seus amigos e ele pensa que esse fato deve ter alguma influência em toda situação. Nos áudios que o guia mandou, ele ofende e ameaça o jovem negro de várias formas.

“Agora tu tá dando uma de sonso, é, seu preto desgraçado. Filho da puta, maldito. Eu vou queimar sua vida, seu filho da puta. Vou matar você e seu amiguinho aí do lado. Vou atropelar teu bonde”, disse Betho.

Insultos

Metrópoles

O jovem respondeu o guia dizendo que ele deveria estar confundindo-o com outra pessoa e que não tinha jogado nada em ninguém. Mesmo assim, Betho continuou com os insultos. “Tô confundindo você não, irmão. Você tá louco, é? Arrumou confusão com a firma, agora sustenta”, continuou o guia nos áudios.

“Ei, pretinho, tu tá com medo de quê? Tu não tacou a bituca pro meu lado? Teus amigos ainda falaram: ‘Não faz isso, não’. Agora você sustenta, negão, sustenta teu cu, irmão. Tô na tua cola”, disse Betho.

Em vários áudios o guia turístico disse que ia “pegar” o jovem negro. Ele inclusive disse que iria até onde Ariel trabalha. “Eu vou te atropelar de uma forma que você nem imagina. Fica olhando para os lados, filho da puta. Já tô ligado na tua ‘fita’ inteira. Já sei até a loja que tu trabalha”, ameaçou o guia.

Depois de todos os áudios com insultos e ameaças, o jovem disse como se sentiu. “Eu fiquei muito mal com tudo isso. Ele tentou me diminuir de várias formas com aqueles áudios, e nas ligações também. Ele disse coisas muito piores nas chamadas”, explicou Ariel.

Racismo

Ricmais

Nesse caso, os insultos racistas foram feitos por um homem adulto. Mas infelizmente, não existe idade para que esses ataques sejam feitos. Como no caso de Mathew, de cinco anos, que pergunta à sua mãe “mamãe, um dia eu vou ficar branco?”

O menino fez a pergunta para a estilista Claudete Alphonsus depois de ter sido alvo de xingamentos por outros alunos de uma escola na Zona Sul de São Paulo. De acordo com a mãe, ela tinha notado o desânimo do filho em ir para as aulas e resolveu conversar com ele a respeito.

A estilista publicou uma sequência de stories em setembro do ano passado, nos quais é possível ver Mathew chorando e contando ter sido chamado de “cocô” pelos seus colegas de classe por conta da cor da sua pele.

“Foi a coisa mais dolorosa de ouvir. Eu senti meu coração dilacerar e partir em pedacinhos. Sofri e chorei com ele. Peço a todos que tomem conta do mental de seus filhos pretos e não permitam que machuquem e nem permitam que eles façam seus filhos acharem que é feio por ser marrom! Ele tem 5 anos e já sofre o peso da cor. Não passarão”, desabafou a mãe.

Fonte: Metrópoles, G1

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