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A história do homem sírio que só veste amarelo há 39 anos

Amarelo
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Antes belas e prósperas, grandes partes da cidade de Aleppo, na Síria, ficaram praticamente irreconhecíveis, como resultado da guerra civil. Porém, em meio a um cenário tão devastador, Abou Zakkour, habitante da cidade, não só sobreviveu aos conflitos, como mantém, por 39 anos, um hábito bastante peculiar: vestir-se inteiramente de amarelo.

Esse hábito o fez ficar conhecido como ‘homem amarelo de Aleppo’. Suas roupas, incluindo cuecas, meias, capa de celular, chapéus, gravatas e até mesmo seu guarda-chuva, possuem um tom de amarelo característico. E ele possui seus motivos para isso.

Zakkour, que atualmente possui 71 anos, tomou a decisão de usar apenas amarelo em 1983, e desde então, jamais mudou de ideia. Para ele, a cor simboliza o Amor.

Nem sempre Zakkour conseguiu encontrar peças amarelas. Para contornar o problema, ele mesmo desenvolveu uma tintura especial, que usa até hoje para transformar tudo em amarelo.

E as outras cores?

A mídia local o questionou, em 2019, se algum dia incluiria outras cores em sua rotina. Porém, Zakkour garantiu que continuará fiel ao amarelo até o dia em que morrer. Ignorando todas as outras cores, ele afirmou: “Vestir outra cor me deixaria mal e estranho porque estou vestindo amarelo há 35 anos e é muito tempo. Eu não posso nem ter nenhuma cor diferente dentro do meu traje amarelo”.

Os amigos de Zakkour declararam que o hábito não está presente apenas em suas roupas. O amarelo se estende para alguns objetos de seu apartamento no bairro de Maari, como roupas de cama, latas de lixo, toalhas, etc.

Durante a guerra, nos momentos em que ainda podia transitar pelas ruas, ele chegou a ser chamado de terrorista e traidor, por seu amarelo lembrar alguns dos uniformes usados pelo Estado Islâmico. Além disso, algumas pessoas chegaram a pensar que ele poderia ser um cafetão, ou ter ligações com o ISIS ou a Al-Qaeda.

Por conta dessas acusações, ele chegou a ser atacado. Em 2013, Zakkour sofreu um desses ataques por integrantes do Exército Livre da Síria, que desconfiavam que ele era um informante de Bashar al-Asad, ditador e inimigo dos rebeldes sírios.

Em uma cidade marcada pela devastação da guerra, Abou Zakkour transita pelas ruínas e continua a exibir o amarelo em suas roupas e acessórios, lembrando a todos que apesar da violência, destruição e morte, sua crença no amor prevaleceu por 39 anos.

A cidade de Aleppo

Aleppo se localiza estrategicamente entre o Mediterrâneo e a Mesopotâmia. A cidade milenar e ex-capital econômica conhecida como uma joia arquitetônica, é um dos locais mais antigos do mundo a serem continuamente habitados, desde 4.000 a.C.. Além disso, muitas civilizações se estabeleceram na cidade, devido ao cruzamento de importantes rotas comerciais.

Aleppo se especializou na indústria de manufatura, principalmente têxtil. Ademais, durante o século XIX, a metrópole do norte da Síria se tornou a segunda cidade do Império Otomano.

Em 1979, a Irmandade Muçulmana recebeu uma acusação pelo regime de ser a responsável por um ataque contra a academia militar de Aleppo. O regime então reagiu duramente, negligenciando a cidade. Os mercadores apoiam a revolta da irmandade islâmica. Sendo assim, as atividades comerciais e industriais foram responsáveis por trazer de volta um pouco da prosperidade da cidade, durante a década de 1990.

Antes da devastação ter início, milhares de estudantes protestaram em Aleppo na primavera de 2011. Até então, a cidade estava sã e salva do movimento de contestação lançado em março.

Os combates violentos entre o exército legalista e o Exército Sírio Livre, composto por desertores e civis que pegaram em armas, tiveram início em julho de 2012. Contudo, a maior parte da cidade foi dominada pelos rebeldes.

Pouco tempo depois, os primeiros ataques aéreos e lançamento de barris cheios de explosivos começaram. Aleppo se viu fragmentada entre áreas dominadas pelos rebeldes e pelo regime.

Após anos de batalhas violentas que culminaram na morte de milhares – dentre eles, civis e militares – as forças do regime Assad tomaram os últimos redutos da oposição síria no leste de Aleppo, no início de dezembro de 2016, logo após os rebeldes abandonarem essas posições.

Fonte: Hypeness

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