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Implante cibernético ajudou homem com paralisia a se comunicar

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Um homem paralisado, que não conseguia falar ou escrever, conseguiu se comunicar, usando mais de mil palavras, por meio de uma neuroprótese, que traduz suas ondas cerebrais em frases. A informação foi divulgada por cientistas americanos na última terça-feira (08/11)

Sua frase favorita é “Tudo é possível”, revela Sean Metzger, pesquisador da Universidade da Califórnia em São Francisco (UCSF), nos Estados Unidos, e autor do estudo publicado na revista científica Nature Communication.

O participante do experimento é chamado de BRAVO1, uma referência ao nome do ensaio em inglês: Brain-Computer Interface Restoration of Arm and Voice. O paciente possui mais de 30 anos e sofreu um AVC aos 20 que o deixou com anartria, um transtorno na linguagem que torna seu discurso ininteligível, mesmo que suas funções cognitivas tenham permanecido intactas.

BRAVO1 utiliza um lápis óptico iluminado preso a um boné de beisebol para se comunicar. Isso permite que ele consiga apontar com a cabeça as letras em uma tela.

No ano de 2019, após ser incluído na pesquisa, os cientistas implantaram em seu cérebro um eletrodo de alta densidade, por cima do córtex motor, região responsável pela fala.

Atualmente, eles conseguem detectar os impulsos elétricos provocados no local quando o paciente tenta falar. De acordo com Metzger, BRAVO1 “gostou muito da experiência porque pode se comunicar (de forma) rápida e facilmente conosco”.

“Aprendi muito sobre ele”, acrescentou. Ele conta que pediu ao paciente que dissesse o que desejava, e com isso descobriu que BRAVO1 “não gostava nada da comida do local onde morava”.

O implante

Foto: Reprodução/ Youtube

Anteriormente, a equipe da UCSF responsável pelo projeto já havia demonstrado que a interface cérebro-computador poderia expressar em linguagem oral 50 palavras comuns que o homem tentava comunicar.

Já na nova pesquisa, o time de cientistas conseguiu decodificar quando o paciente silenciosamente articulava as 26 letras de alfabeto fonético. Logo em seguida, os caracteres eram transformados em palavras e depois frases.

Para aperfeiçoar o resultado, uma interface usa um sistema de modelização da linguagem em tempo real para apontar quais palavras, ou erros, são encontrados na sequência de letras pensadas pelo participante. Dessa forma, os pesquisadores  conseguiram decodificar mais de 1.150 palavras, que representam “mais de 85% do conteúdo das frases habituais em inglês”.

Além disso, uma simulação demonstrou que este vocabulário pode alcançar mais de 9 mil palavras. De acordo com Metzger, esse é “o número de palavras que a maioria das pessoas usa ao longo de um ano.

Na pesquisa, a interface conseguiu decodificar aproximadamente 29 letras por minuto, com uma taxa de erro de 6%. Isso representa sete palavras por minuto. Para Metzger esta velocidade pode aumentar no futuro.

Futuro do projeto

Foto: kjpargeter / Freepik

Um outro experimento da Universidade de Stanford, realizado no ano passado, apontou que uma interface cérebro-computador desenvolvida na instituição conseguia decodificar 18 palavras por minuto quando o voluntário imaginava que estava escrevendo frases.

No entanto, Metzger aponta que o melhor é uma interface que combine a detecção de palavras com a do alfabeto fonético, como a desenvolvida na UCSF.

O experimento ainda deve ser confirmado por outros participantes. Além disso, o projeto está longe de ficar disponível para os milhares de pacientes que anualmente perdem a capacidade de se comunicar oralmente devido a alguma doença ou acidente.

Também vale destacar que, de acordo com o professor de neuropróteses da Universidade de Newcastle, no Reino Unido, Patrick Degenaar, uma cirurgia para solucionar o problema da fala é “muito invasiva e de alto risco”. Por isso, esse dispositivo só poderia ser usado em um número reduzido de pacientes em um futuro próximo. 

Porém, o profissional ainda comemora o que considera “resultados impressionantes”.

Veja abaixo o vídeo mostrando como o implante funciona:

Fonte: Science Alert

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