Natureza

Marsupiais são bem mais evoluídos do que outros mamíferos, inclusive humanos

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Um novo estudo desafia a ideia de que os marsupiais são mais “primitivos” do que os mamíferos, chocando a comunidade científica e o que entendemos de evolução.

A pesquisa mostra que seu desenvolvimento mudou mais do que o dos mamíferos desde que eles compartilharam um ancestral.

A bióloga evolutiva Anjali Goswami, do Museu de História Natural do Reino Unido, explica que, por muito tempo, eles eram mamíferos inferiores aos demais, sendo um estágio intermediário de evolução.

No entanto, descobriu-se que os marsupiais estão entre as espécies que mais evoluíram dos nossos ancestrais em comum.

Essa ideia agora desatualizada surgiu do fato de que os marsupiais, como os cangurus, dão à luz filhotes ainda em estágios iniciais de desenvolvimento.

Isso faz com que seus filhotes completem a maior parte de seu desenvolvimento dentro de bolsas, aparentemente um passo mais complicado do que o que os monotremados, como o ornitorrinco, fazem ao colocar ovos.

Por outro lado, é menos complexo que o desenvolvimento dos mamíferos placentários, que possuem uma gestação completa. É o caso dos humanos, baleias e ouriços, por exemplo, que nascem já completos.

VIa UOL

Interpretação

Dessa forma, como membros desse grupo, temos tendência de ver outros grupos como menos evoluídos, explica a bióloga.

Agora, a pesquisa traz pontos mal-interpretados dessa evolução, sendo um caminho novo para entender os graus de complexidade das espécies.

Além disso, também determina quais as espécies são mais simples ou mais primitivas, em termos de evolução.

Isso será possível graças aos estudos sobre genética e uma maior conscientização sobre características incomuns, que demonstram como os animais adquirem ou perdem sua complexidade ao longo da jornada.

Além disso, uma mudança evolutiva mais significativa nem sempre leva a uma maior diversidade, como os pesquisadores apontam no documento. Afinal, existe uma variação muito maior nos mamíferos placentários do que nos marsupiais.

Como o estudo dos marsupiais foi feito

Usando espécimes das diferentes fases de desenvolvimento de 22 espécies atualmente vivas, a bióloga Heather White, de desenvolvimento do Museu de História Natural, construiu uma linha do tempo de mudanças que melhor explicavam o que existe atualmente.

O conjunto altamente detalhado de varreduras micro-CT 3D revelou muitas mudanças no desenvolvimento dos crânios dos marsupiais.

Nesse caso, o desenvolvimento do crânio é especificamente retardado e deslocado nos marsupiais, em comparação com os mamíferos placentários e nosso ancestral compartilhado de 160 milhões de anos atrás.

Os resultados sugerem que a idade extremamente jovem dos nascimentos dos marsupiais representa o tipo mais especializado de desenvolvimento já visto.

Isso significa que exigiu mudanças maiores nos traços em comparação com nosso ancestral comum, em comparação com nossa estratégia de permitir que os jovens se desenvolvam dentro de nós por mais tempo.

Outros estudos indicaram que esse poderia ser o caso, com sinais indicando que tanto os placentários quanto os marsupiais mudaram substancialmente as placentas em relação à placenta de vitelo do nosso ancestral comum.

Além disso, um grupo de mamíferos extintos que se separou do resto do ramo mamífero antes dos placentários e marsupiais existirem reproduz-se de forma semelhante a nós também.

Conforme a especialista, agora a relação entre os ancestrais comuns mudou, colocando os marsupiais à frente do desenvolvimento. Agora, sabemos que sua reprodução não é intermediária, mas sim totalmente nova.

Requer mais pesquisa

Via BBC

No entanto, como White e seus colegas só puderam incluir 22 espécies, mais pesquisas são necessárias para apoiar suas descobertas.

Existem algumas limitações na estimativa do estado ancestral devido à falta de exemplos de desenvolvimento inicial do ornitorrinco, como indica o estudo.

No entanto, apesar das comparações atuais com espécies antigas, é necessário estabelecer outras relações e cronologias evolutivas.

Contudo, vale reforçar que não existem espécies mais ou menos avançadas, mas sim com jornadas diferentes ao longo dos anos. Os fatores ambientais também refletem nesses casos.

O que se sugere é que a estratégia dos marsupiais foi a melhor em termos de sobrevivência, por conta da instabilidade do seu ambiente.

Enquanto os mamíferos placentários precisam de longos períodos de gestação, um animal que nasce mais rápido pode procurar recursos mais rápido.

Ou seja, evita que a mãe e sua prole morram de fome, ao estar impossibilitada de caçar ou se defender.

Por isso, os marsupiais se tornaram referência em termos de evolução, com uma estratégia de menor risco para a espécie, e facilitando o crescimento independente do filhote.

Essa, inclusive, é uma explicação de como os marsupiais conseguiram chegar na Austrália, mesmo vindo da América do Norte. Outras espécies permaneceram, justamente pela incapacidade de prosseguir com uma longa gestação.

Dessa forma, a visão da ciência mudou com essa descoberta, e pode trazer novos cenários de estudo para compreender a evolução e as teorias da espécie.

 

Fonte: Sciente Alert

Imagens: BBC, UOL

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