Recentemente, Martin Scorsese provocou burburinho na internet, após dizer que os filmes da Marvel “não são cinema”. Além disso, o cineasta comparou as produções da Casa das Ideias a parques temáticos. Aparentemente, as atuações parecem mais peças teatrais caricatas do que “drama humano genuíno”. Tudo isso foi dito por Scorsese, durante uma entrevista à Empire Magazine. O diretor de longa data está promovendo o lançamento de The Irishman, sua produção original, em conjunto com a Netflix. Levando em consideração a influência do trabalho de Scorsese na mais recente aposta da DC, Coringa, questionaram-no a respeito da proliferação do gênero de super-heróis, e em especial ,do Universo Cinematográfico Marvel. Foi aí que Scorsese admitiu que, apesar de ter tentado, ele não conseguiu imergir nos filmes da Marvel Studios.
“Eu não os assisto. Eu tentei, sabia? Mas isso não é cinema”, contou Scorsese à Empire. “Honestamente, o mais próximo que consigo pensar deles, por mais bem feitos que sejam, com os atores fazendo o melhor que podem sob as circunstâncias, são os parques temáticos. Não é o cinema de seres humanos tentando transmitir experiências emocionais e psicológicas a outro ser humano”.
Em contrapartida, Kevin Feige, o CEO da Marvel Studios e o manda-chuva por trás do MCU, já havia comentado que sua companhia está mais preocupada em conquistar espectadores do que receber indicações ao Oscar ou outras grandes premiações cinematográficas. Contraditoriamente, Pantera Negra, filme dirigido por Ryan Coogler, se tornou o primeiro longa de super-herói a ser indicado ao Oscar de Melhor Filme. Embora não tenha levado o prêmio, fez história e abriu as portas para os filmes do gênero.
Filmes de super-heróis formam um gênero?
Falando nisso, será que filmes de super-heróis podem ser considerado um gênero? De acordo com James Gunn, a mente criativa por trás da franquia Guardiões da Galáxia e do novo Esquadrão Suicida, “filmes de quadrinhos” não fazem parte de um gênero, já que as HQs compões apenas o material de origem. Certamente essa afirmação pode ser comprovada pelo que temos visto agora. Por exemplo, embora a Marvel possua uma fórmula, aquela que consegue tornar qualquer filme agradável aos fãs, a empresa resolveu imergir no experimentalismo nessa próxima fase.
Pelo menos, foi isso que Feige e Scott Derrickson afirmaram na San Diego Comic Con, ao apresentar Doutor Estranho no Multiverso da Loucura. Segundo o CEO e o cineasta, está na hora da Marvel sair da zona de conforto. Por isso, a sequência de Doutor Estranho será um filme de terror. Que dia, nós imaginaríamos a Casa das Ideias dando um passo tão fora do convencional?
Enquanto isso, mesmo diante das críticas em cima de suas produções, a Warner sempre buscou manter uma variação de gêneros em seus projetos. Só para ilustrar, de um lado temos Shazam! uma comédia familiar. Em contrapartida, do outro temos Coringa, um filme violento e proibido para menores. São dois extremos que obtiveram uma recepção satisfatória, apesar do último estar envolto em uma polêmica. Enfim, só porque, durante muito tempo, os filmes baseados em quadrinhos se limitaram a gêneros como ficção científica e ação, não significa que se restrinjam a isso. A indústria cinematográfica já se apoiava nas narrativas dos quadrinhos para adaptações de sucesso. Contudo, agora que o público se mostrou disposto a imergir em produções que fujam da monotonia, podemos esperar uma nova geração de filmes baseados em quadrinhos. Tudo começou com Logan, e agora, será fortemente impulsionado por Coringa. E aí, tá preparado?