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Relatório aponta que mais de 60 milhões de brasileiros sofrem com insegurança alimentar

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A fome está se agravando no Brasil, de acordo com um relatório da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). Conforme aponta o relatório, divulgado na última quarta-feira (6), a quantidade de brasileiros que enfrentaram a insegurança alimentar já ultrapassa os 60 milhões.

Assim, o documento mostra que o número de pessoas que já enfrentou a insegurança alimentar foi de 61,3 milhões, o que significa uma proporção de quase três a cada dez habitantes. Vale destacar que o Brasil possui uma população estimada em 213,3 milhões, sendo que 15,4 enfrentaram uma insegurança alimentar grave.

Os dados do relatório contemplam o período de 2019 a 2021. Desse modo, os números apontam para um aumento alarmante da fome no Brasil. Isso porque, entre 2014 e 2016, a insegurança alimentar atingiu 36,5 milhões de pessoas, com 3,9 milhões em condição grave.

A FAO separa a insegurança alimentar de duas formas:

  • Insegurança moderada, quando as pessoas não tinham certeza se iriam conseguir a próxima refeição e, em algum momento, tiveram de reduzir a qualidade e quantidade de comida.
  • Insegurança grave, quando as pessoas ficaram sem comida e passaram fome, chegando a ficar sem comida por um dia ou mais.

No ano de 2021, no mundo, 2,3 bilhões de pessoas enfrentavam uma realidade de insegurança alimentar, seja moderada ou grave. Isso representa 350 milhões a mais do que registrado antes da pandemia do coronavírus. Além disso, o relatório mostrou que o grupo que mais sofre com a insegurança são as mulheres.

Em 2021, 31,9% das mulheres ao redor do mundo enfrentavam insegurança alimentar. Isso expressa um aumento em comparação com os homens, que eram 27,6%. Em 2020, a diferença era de 3 pontos. Segundo as projeções da FAO, 670 milhões de pessoas ainda passarão fome em 2030, que é 8% da população global.

Escolas se arriscam em dar merenda para famílias em situação de insegurança alimentar

Avare

No Brasil, profissionais da educação têm contato direto com famílias que lutam contra a insegurança alimentar. Então, diante desse cenário, arriscam burlar as regras para ajudar os pais de alunos em situação crítica.

“A gente faz o que não pode fazer: chama as crianças fora do horário e dá merenda para elas levarem para casa. Às vezes, a própria família vem aqui pedir comida, como uma mãe que me disse: ‘o desespero me fez perder a vergonha — estou com fome’.” Esse é o relato de uma diretora de uma escola pública de São Paulo.

Assim sendo, os profissionais formam uma rede de apoio para as famílias, identificando quem precisa de mais ajuda e fazendo o possível para combater a fome. “Se alguém da cozinha vê uma criança pegando muita fruta e escondendo na mochila, a gente já sabe o que está acontecendo. No fim do dia, chama os pais e dá um pouco de comida”, diz a profissional anônima.

“Uma vez, um menino pegou tanta bolacha e guardou [na bolsa], que tivemos de chamá-lo na saída, discretamente. Explicamos que ele podia levar tudo para casa, mas que, quando precisasse, poderia pedir. Ele saiu pulando de alegria. Depois, montamos uma campanha de arrecadação”, conta.

No entanto, o Programa Nacional de ALimentação Escolar (PNAE) prevê apenas a alimentação dos estudantes de forma exclusiva. Isso significa que entregar merenda para as famílias é uma prática irregular.

Como consequência, a Secretaria de Educação pode ser responsabilizada pelos órgãos de controle por desviar recursos públicos para algo que não está previsto pelo PNAE.

“É uma questão humanitária”

“Os educadores tentam achar uma solução temporária e imediata para apoiar as crianças. Quem trabalha na educação sabe: aluno não aprende nada de barriga vazia”, destaca Gabriel Corrêa, gerente de políticas educacionais da ONG Todos Pela Educação.

“O difícil é que o profissional não sabe o que fazer quando vê uma criança com fome. Isso não é culpa dele, e sim da gestão pública, que deve disseminar informações e criar protocolos de como agir nestes casos. Precisamos de mais diálogo. As ações para uma criança na sala de aula não podem ser apartadas das que existem na área da saúde ou da assistência social”.

“Quando há uma situação assim, é natural e bem-vindo que educadores e profissionais façam de tudo para apoiar crianças e famílias. Mas são ações emergenciais que não podem substituir o poder público”, finaliza.

Fonte: G1

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