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As pessoas que têm animais de estimação sabem o amor que esses animais podem dar e gerar nas pessoas. Às vezes, eles vêm para seus donos de uma forma um pouco inusitada, como foi o caso de Israel Mendes e o seu urubu.
Israel sempre teve o sonho de cruzar os céus do nordeste brasileiro em seu parapente ao lado de uma ave de rapina. E foi graças a um encontro casual que ele teve com um filhote de urubu órfão, que ele encontrou na lixeira, que o seu sonho virou realidade.
Atualmente, o homem é quase inseparável do seu companheiro que ele chegou a acreditar que não sobreviveria.
Encontro
G1
No final de 2021, o guia do ecoturismo que mora próximo à serra da Aratanha, na periferia de Fortaleza, foi contatado pelo Instituto Pró-Silvestre. Nessa época, a ONG de bem-estar animal estava com um problema. Eles tinham encontrado um filhote de urubu macho em uma lixeira mas não conseguiram encontrar o seu ninho. Isso significava que o pássaro iria morrer se ele fosse deixado sozinho por conta própria.
O urubu jovem precisava de um cuidador humano urgentemente. “A primeira vez que o vi, ele parecia em um estado tão ruim que pensei que ele não sobreviveria. Então eu o adotei, o que incluiu um processo legal e fiscalização das autoridades ambientais brasileiras. Eles achavam que quando o pássaro crescesse, ele teria muito espaço para passear”, contou Israel.
Depois de seis meses, Israel e o seu urubu voaram várias vezes juntos. O que provou ser uma história incrível de ligação humano-animal.
Ensinar a voar
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O mais interessante é que Israel fez mais do que somente adotar o pássaro, que ele batizou de Urú. O homem também o ensinou a voar. “Os peixes nascem sabendo nadar, mas os pássaros precisam criar penas e desenvolver sua estrutura óssea antes de voar. Além disso, embora voar seja instintivo para eles, os pássaros precisam de incentivo para decolar”, explicou.
Contudo, no caso de Urú, ele não tinha pai ou mãe para empurrá-lo para fora do ninho e bater asas para não cair no chão. Por isso que o urubu precisou confiar em seu humano, que o levou até um ponto alto e o encorajou a voar.
“Eu levava o Urú ao ponto de decolagem de parapente para que ele sentisse o vento e começasse a entender que foi feito para voar”, disse ele.
As aulas de voo dadas por Israel incluíam passeios de parapente, onde ele carregava Urú em uma cesta especialmente adaptada. Depois de quatro meses, aconteceu um teste mais longo e mais alto. Quando ele estava voando a 400 metros de altura, Israel abriu a porta do cesto.
“Ele já estava voando por conta própria e fazendo algum ‘reconhecimento’. Eu sabia que não o estava colocando em perigo”, contou.
Alguns minutos depois da cesta aberta, Urú decolou, mas foi atacado por urubus adultos por perto.
“Descobri que os urubus podem ser bastante territoriais. Eles assustaram o Urú e ele desapareceu por quatro dias. Fiquei arrasado e muito preocupado com ele”, lembrou.
Israel usou as redes sociais para rastrear o pássaro e conseguiu encontrar Urú depois que membros de uma tribo indígena local, os Pitaguary, postaram no WhatsApp um “urubu curioso” perto deles.
“Foi um alívio encontrar o Urú. Quando o peguei, ele beliscou meu braço com o bico. Eu ainda não entendi se ele estava com fome ou só com raiva de mim”, contou Israel.
Ligação
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Atualmente, Urú não se perde mais. No entanto, às vezes, ele é carente demais. Segundo Israel, Urú tem o costume de segui-lo como se fosse um cachorro quando ele vai trabalhar ou se encontrar com amigos. Por conta disso, o homem tem que fazer alguns truques para sair desapercebido.
“Às vezes tento distraí-lo com um pedaço de carne e depois saio sem fazer barulho, mas logo percebo a sombra de um pássaro na pista quando estou na minha moto”, contou.
Porém, Israel parece não se importar com essa ligação tão próxima que os dois têm. Tanto que ele chama o urubu de “filho”. “Urú e meu cachorro Marley são meus únicos filhos”, disse ele.
Fonte: G1
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