O seriado “Chaves”, originalmente produzido e transmitido no México como “El Chavo Del Ocho’, marcou a televisão latino-americana com a história de um menino que morava em uma vila com os amigos. Juntos, eles protagonizavam confusões hilárias.
No Brasil, a série foi transmitida pelo SBT. A obra conquistou tanto o público que, ao longo das décadas, o SBT inseriu outras criações de Roberto Bolaños, como a versão animada do seriado e o glorioso Chapolin Colorado, que foram também incluídos na programação.
Devido a tamanha fama do seriado, o apresentador Gugu Liberato, através de sua produtora GPM [Gugu Produções Merchandising], junto de seu sócio Beto Carreiro, decidiu apostar em um seriado brasileiro que também se passava em uma vila. Além disso, o protagonista era um menino pobre ostentando uma touca e um elenco adulto reproduzia personagens infantis.
“Não falar nada do Chaves”
De acordo com o reportado pela Folha de S. Paulo, a produção foi divulgada em uma entrevista coletiva com atores, em janeiro de 2000, sendo inicialmente divulgada pela Record TV. Na época, era noticiado que já tinha 22 episódios produzidos.
A revista Veja inclusive divulgou que o seriado deveria receber convidados internacionais e aproveitar que Chaves não era mais produzido, para ser importado. No entanto, a referência era negada durante o anúncio, rejeitando a comparação.
Em entrevista ao Estadão, anos após a produção, o ator escalado para ser o protagonista Miguelito, Eduardo Estrela, disse que a produtora orientava “não falar nada do Chaves”. Por isso, o artista afirmou que nunca teria visto a produção mexicana, deixando a situação ainda mais estranha.
“Tinha uma coisa de não assumir que era em cima do Chaves. Óbvio que era em cima do Chaves. Os caras [pediram]: ‘não fala nada, não fala do Chaves’. Mas como?”, relembra Estrela sobre coletiva feita pela Record em 4 de janeiro de 2000.
“Lá fui eu tentar dar uma entrevista, primeira coletiva de televisão e eu tentando falar que não era o Chaves. Aí ficou muito patético quando eu falei que nunca tinha visto Chaves. Mas isso é a mais pura verdade”, continua.
Também na coletiva de imprensa, o supervisor Homero Salles informou que “a ideia de criar o programa surgiu em uma reunião da TV Record com a produtora”.
De acordo com ele, “as diferenças entre os programas vão ficar evidentes no ar. Nosso desafio é fazer um programa que tenha a mesma aceitação de Chaves. As comparações serão inevitáveis, mas o formato dessas atrações não é novidade”.
Cancelamento e fracasso
Depois do anúncio, a produção, que deveria estrear no final de janeiro daquele ano, sofreu diversos cancelamentos, sendo adiada para março. Após um tempo, preferiu descartar a continuidade do seriado. A alternativa da GPM foi então repassar, a custo zero, para a RedeTV!, que não tinha nem um ano no ar.
Sendo divulgado na programação da emissora, ficou apenas uma semana no ar em meio a uma polêmica pública. De acordo com a Folha, o diretor Rogério Gallo, da Rede TV!, disse a jornalistas que a série não tinha qualidade, apesar dos R$ 800 mil investidos na produção. Ele ainda teria classificado a obra como um “clone de Chaves”.
Conforme o site Aventuras na História, Gugu não teria gostado das críticas e obrigou a emissora a tirar o seriado do ar. Além disso, a baixa audiência, com picos de apenas 1 ponto no Ibope, e uma suposta quebra de contrato ajudaram ao fracasso de Miguelito.
Até os dias atuais, os episódios seguem inacessíveis, longe de serviços de streaming e com nenhum registro no YouTube.
Fonte: Aventuras na História
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