Curiosidades

A iguaria do festival de vespas do Japão

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A terra do sol nascente guarda vários mistérios e sempre foi um lugar curioso para nós do ocidente. O Japão é conhecido por sua culinária não muito convencional, ou pelo menos, para nós ocidentais. Se perguntarmos para algum japonês sobre alguns pratos, eles não verão nada de mais neles por mais exóticos que pareçam, como por exemplo, comer vespas.

Segundo Phoebe Amoroso, jornalista da BBC, essa iguaria é disponível somente uma vez por ano, em novembro. Por conta disso, o quilo do ninho de vespas é vendido por nove mil ienes, equivalente a 440 reais. Ela experimentou a iguaria no interior da província de Gifu, no maior festival de vespas do Japão: o “Kushihara Hebo Matsuri”.

A palavra “hebo” é um termo local para se referir a duas espécies de vespa negras que são conhecidas por não serem agressivas e, por conta disso, fáceis de capturar.

No festival, anualmente, no primeiro domingo de novembro, pessoas de toda a região levam os ninhos de vespas que foram apanhados nas florestas vizinhas para serem pesados em uma competição. O campeão leva um troféu para casa.

Mesmo que o festival seja apenas um fim de semana, a temporada de caça às vespas nas colinas é aberta no começo do verão. Dentro das florestas, os caçadores prendem um pedaço de papel branco, para atrair a atenção das vespas, em um peixe fresco, e esperam.

Quando uma vespa aparece para morder a isca, os caçadores a perseguem enquanto ela voa em direção ao seu ninho. Dessa forma eles conseguem localizar a entrada para o ninho no solo, desenterram-no e o transferem para uma caixa de madeira. Nessa caixa, eles continuam os insetos até o outono.

Durante a criação, os caçadores alimentam as vespas com um dieta à base de açúcar, água e carne crua. Eles fazem isso para tentar cultivar um ninho cheio de vespas adultas e larvas a tempo do festival.

Consumo de vespas

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O consumo de vespas costumava ser difundido em todo país, mas esse hábito está morrendo e ficando restrito a uma geração cada vez menor de idosos de Ena, na província de Gifu, onde está localizada a vila Kushihara, e de Nakatsugawa, a nordeste.

Segundo Kenichi Nonaka, professor de Estudos Culturais Interdisciplinares da Universidade Rikkyo, em Tóquio, as origens dessa tradição gastronômica são um mistério.

De acordo com o que sugerem algumas teorias, as vespas já foram uma fonte valiosa de proteína para essa comunidade do interior. Contudo, o professor que estuda a região há mais de 30 anos discorda. “100g de vespas negras contêm relativamente um alto teor de proteínas, mas, na realidade, ninguém come essa quantidade de uma vez”, pontuou.

Nonaka pesquisou outros lugares no Japão onde também era comum comer vespas. Com isso ele descobriu que os insetos só eram capturados quando as pessoas encontravam com eles por acaso, e eles eram consumidos apenas como uma fonte suplementar de alimentos.

Entretanto, de acordo com o professor, o que torna Kushihara e as regiões vizinhas únicas é que, ao contrário das pessoas em outras partes do Japão que pegavam os ninhos sozinhos, essa população procura ativamente as vespas como uma atividade social e as criam fora de suas casas.

Por conta disso, as vespas negras eram servidas com frequência nas celebrações locais. Isso fez com que a caça a esses insetos ficasse bastante enraizada na cultura e identidade regional.

Festival

BBC

Justamente por conta da importância das vespas para a comunidade de Kushihara, o festival foi criado em 1993. Nessa época, a geração mais velha de caçadores de vespas diminuiu, então o festival foi criado para salvar a tradição. E enquanto outras regiões fazem competições menores, Kushihara foi a única a receber uma cobertura significativa da imprensa. Isso ajudou ainda mais a consolidar sua reputação.

Em 2010, os organizadores idosos do festival começaram a falar em acabar com o evento, já que a população local está diminuindo e o êxodo rural tem deixado as ruas cada vez mais vazias. No entanto, alguns moradores mais jovens se dispuseram a levar adiante a tradição.

“Enquanto existir uma pessoa viva que ame vespa, teremos motivação suficiente para manter a tradição. Hebo é uma maneira de conectar as pessoas”, disse Daisuke Miyake, de 42 anos, guarda florestal local.

Fonte BBC

Imagens: BBC

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