Mulher no Líbano viraliza após assaltar banco para pagar tratamento da irmã

Uma mulher do Líbano se tornou uma Robin Hood da vida real ao assaltar um banco em Beirute na última quarta-feira (14). Isso porque ela escapou com milhares de dólares para financiar o tratamento hospitalar de sua irmã doente, segundo ela.

Sali Hafiz foi considerada uma “heroína” pelos libaneses, que compartilharam o vídeo do assalto nas redes sociais. Isso tudo num país fortemente impactado pela corrupção da classe dirigente, onde é quase impossível retirar dinheiro na rede bancária ou em caixas automáticos.

A Robin Hood libanesa transmitiu um vídeo ao vivo do assalto, em que ela grita com os funcionários do banco para que entreguem o dinheiro enquanto as portas do banco estão trancadas.

“Meu nome é Sali Hafiz, vim hoje (…) recolher os depósitos da minha irmã que está morrendo no hospital”, diz no vídeo. “Não vim para matar ninguém ou iniciar um tiroteio. (…) Vim reivindicar meus direitos”, acrescenta.

Assim sendo, o Líbano, atualmente, registra uma série de assaltos de clientes que tiveram suas economias bloqueadas em bancos há quase três anos por conta da grave crise econômica do país. Então, a falta de liquidez faz com que operações simples, como a retirada de dinheiro em um caixa eletrônico, seja algo impensável.

Portanto, a mulher imediatamente foi vista como uma heroína nas redes sociais do Líbano, onde parte da população se encontra desesperada por seu dinheiro e irritada com o sistema bancário, considerado corrupto.

Onda de assaltos

A segunda mulher que aparece no vídeo de Hafiz afirma ter sacado mais de US$ 13 mil. Além disso, outro homem atrás carregava o que pareciam ser maços de notas, embrulhados em plástico.

Desse modo, um correspondente da agência AFP no local afirma que gasolina foi jogada dentro do banco durante o assalto. Também encontraram uma arma no chão, mas não ficou claro se era real, segundo testemunhas.

O jornalista disse que Hafiz e seus supostos cúmplices conseguiram escapar do local por uma vidraça quebrada, antes da chegada da forças armadas. Toda a operação durou menos de uma hora.

No mês de agosto, um libanês despertou a mesma simpatia dos internautas e da população do Líbano depois de assaltar um banco em Beirute com uma arma. Na ocasião, ele reteve funcionários e clientes por horas para obter uma parte de seus US$ 200 mil em ativos congelados. O homem queria usar esse dinheiro para pagar as contas do hospital de seu pai doente. Embora ele tenha sido preso, ele foi rapidamente liberado.

Já em janeiro, outro cliente deteve dezenas de pessoas no leste do Líbano ao saber que não poderia sacar suas economias de moedas estrangeiras. Assim, a imprensa local afirmou que ele conseguiu recuperar parte de suas economias e, em seguida, se entregou às forças de segurança.

O Líbano entrou, em 2019, em sua pior crise econômica, com a moeda local perdendo quase 90% de seu valor no mercado e com o disparo de pobreza e desemprego.

Migração no Líbano

Reprodução/Mairon pelo mundo

Com a crise piorando a cada dia, a população libanesa busca meios de deixar o país. Segundo o Acnur, comissariado das Nações Unidas para refugiados, pelo menos 1.826 pessoas tentaram escapar do país de janeiro a agosto deste ano. Esse número representa um aumento de 73% em relação ao mesmo período em 2021, em que foram registrados 1.058 passageiros.

Dessa forma, muitas dessas pessoas tentam cruzar o mar rumo à Europa, correndo o risco de afundar no Mediterrâneo. “São jornadas desesperadas feitas por pessoas que não veem nenhuma maneira de sobreviver no Líbano, enquanto a situação socioeconômica continua piorando”, diz Dalal Harb, porta-voz do Acnur.

Dentre os principais motivos para fugir do país, cita-se a falta de acesso a serviços básicos e a carência de empregos.

Fonte: G1