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Fome no Brasil e como a desnutrição atrasa o desenvolvimento infantil

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Com a crise econômica que atinge o mundo, incluindo o Brasil, milhões de pessoas enfrentam a fome. Em todo o Brasil, 15,5% da população sofre com insegurança alimentar grave, sendo que as crianças são as mais atingidas por esse cenário crescente.

Maria Luiza, uma amazonense de 23 anos, sobrevive com uma alimentação escassa. A dona de casa está desempregada há três anos e seu marido trabalha com bicos ocasionais escamando peixes, uma atividade comum na cidade de Manacapuru, a 98 km da capital do Amazonas, onde vivem.

O casal tem dois filhos, sendo um bebê de 7 meses e outro de 3 anos. Porém, não conseguem viver uma vida doméstica tranquila, visto que lidam constantemente com a incerteza em relação à alimentação.

“Tem dias que não temos o que comer. Já cheguei a chorar depois que meu filho me pediu comida e não tinha nada para dar”, conta Maria Luiza. O estado do Amazonas se localiza na região mais atingida pela fome no Brasil: a região Norte.

Isso porque 71,6% sofrem com a insegurança alimentar, enquanto a fome extrema já faz parte do cotidiano de 25,7% das famílias. Isso equivale a cerca de 4,6 milhões de pessoas.

Esses índices superam os das médias nacionais: em todo o Brasil, aproximadamente 43,2% da população sofre com insegurança alimentar leve ou moderada e 15,5% com a forma grave.

Esses dados chocantes são do 2º Inquérito sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, realizado pela Rede PENSSAN.

Insegurança alimentar

A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) divide a insegurança alimentar em duas formas:

  • Insegurança moderada, quando as pessoas não tinham certeza se iriam conseguir a próxima refeição e, em algum momento, tiveram de reduzir a qualidade e quantidade de comida.
  • Insegurança grave, quando as pessoas ficaram sem comida e passaram fome, chegando a ficar sem comida por um dia ou mais.

De acordo com o órgão, 28,9% da população enfrenta insegurança alimentar moderada ou grave. Assim, diante desse cenário de fome crescente no Brasil, especialistas apontam para os efeitos que terá nas crianças.

Isso porque, durante os primeiros anos de vida, a evolução do cérebro acontece rapidamente – a 1 milhão de conexões entre neurônios por segundo. Então, a desnutrição pode impactar diretamente no abastecimento de nutrientes necessários para esses desenvolvimento.

Desnutrição

Existem duas formas de desnutrição primária, sendo elas a subnutrição e a obesidade. No primeiro caso, pode se apresentar em todos os níveis de insegurança alimentar, com foco nas fases moderada e grave.

Além disso, médicos alertam para um fenômeno que chamam de “desnutrição silenciosa”. Ela ocorre quando o diagnóstico só é dado por meio de uma doença já estabelecida.

“O cérebro de uma criança se desenvolve de uma forma muito intensa no período que vai da gestação até os 5 anos de idade e a desnutrição pode ter impactos profundos nesse processo, em casos mais graves ou de privação longa até irreversíveis”, diz Márcia Machado, professora do departamento de Saúde Pública da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC) e membro do Comitê Científico do NCPI – Núcleo Ciência Pela Infância.

De acordo com o banco de dados DataSUS, do Ministério da Saúde, 13,78% das crianças de até 5 anos atendidas pelo SUS de janeiro a setembro de 2021 apresentavam peso inadequado.

Falta de nutrientes na gestação

BBC

Especialistas apontam que o comprometimento do desenvolvimento pela má nutrição pode começar ainda na gravidez. Assim sendo, consideram os primeiros mil dias, período que vai do início da gestação até os 2 anos, como a fase mais importante para o desenvolvimento físico e mental do ser humano.

“Muitos estudos mostram que a privação de alimentos enfrentada pela mãe pode repercutir tanto no crescimento como no desenvolvimento da criança, pois o sistema neuronal necessita de eletrólitos, proteínas, vitaminas e outras substâncias para ser ativado”, diz Márcia Machado.

Fonte: G1

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