Saúde

Mulheres brasileiras entram na menopausa aos 48 anos, em média

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Um novo estudo sugere que a idade da menopausa no Brasil passou, em média, para 48 anos. No entanto, os primeiros sinais de transição e irregularidade menstrual estão surgindo aos 46 anos.

Descobertas de um extenso estudo brasileiro, publicado na revista científica Climateric, revelam que 73,1% das mulheres experimentam sintomas, incluindo ondas de calor, durante o período que abrange a pré-menopausa até a menopausa, enquanto 78,4% enfrentam esses sintomas na pós-menopausa.

O estudo, conduzido em colaboração por pesquisadores da Faculdade de Medicina de Jundiaí, Faculdade de Medicina do ABC, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade de Pavia, na Itália, entrevistou 1,5 mil mulheres com idades entre 45 e 65 anos.

Essa abordagem permitiu aos autores traçar um perfil mais amplo da idade da menopausa entre as mulheres brasileiras.

Pesquisas exclusivas nacionais são fundamentais para entendermos a realidade das mulheres brasileiras e para orientar a abordagem diante das questões clínicas que surgem.

Esses estudos desempenham um papel crucial na formulação de estratégias de saúde para lidar com os desafios enfrentados durante o chamado climatério.

Isso porque os sintomas da menopausa afetam mais de 70% das mulheres e podem ser aliviados.

Via Freepik

O ginecologista Sérgio Podgaec, do Hospital Israelita Albert Einstein, ressaltou a importância dos estudos com a população nacional, destacando as diferenças culturais e climáticas entre os países, que podem influenciar a maneira como as mulheres enfrentam a menopausa e seus sintomas, como as ondas de calor.

Para ele, é crucial entender como a menopausa se manifesta nas mulheres brasileiras. Dentro desse contexto, é interessante explorar as variações regionais do Brasil, que podem apresentar respostas distintas.

Sintomas

Esses sintomas estão associados à diminuição dos níveis de estrogênio, o principal hormônio feminino, e geralmente surgem de forma abrupta, especialmente durante a noite.

É comum surgirem enquanto a mulher está dormindo, resultando em uma sensação intensa de calor na região do tórax e causando grande desconforto. O sintoma pode ser tão forte que algumas mulheres relatam sentir “algo queimando”.

Vale reforçar que essa é uma característica comum da mulher brasileira. É possível que o clima seja a principal explicação para isso, uma vez que o centro termorregulador é sensível às variações de temperatura externa.

Com menos estrogênio no hipotálamo, as mudanças de temperatura se tornam mais perceptíveis, e o corpo tenta reduzir o calor sozinho.

Um estudo recente também destacou diferenças nos relatos de ondas de calor entre mulheres brasileiras e de países europeus.

Pouca adesão a tratamento

O estudo também revelou que, embora a maioria das mulheres seja afetada pelos efeitos indesejados, apenas 52% delas procuram algum tipo de tratamento próximo da idade da menopausa.

Além disso, as mulheres de classes sociais mais elevadas são as que mais buscam atendimento.

Dentre aquelas que optam por tratamento, apenas 22% aderem à terapia de reposição hormonal, enquanto as demais recorrem a outras alternativas, como o uso de antidepressivos e terapias complementares, incluindo ioga e acupuntura.

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Para especialistas, existem alguns motivos que explicam por que mulheres não procuram o tratamento de reposição. O que ocorre, principalmente, é falta de acesso e de informações.

Isso porque o Brasil é um país amplo, e cerca de três quartos da população não tem acesso a serviços de saúde privados, enfrentando dificuldades para utilizar a rede pública.

Além disso, ainda existe um certo estigma em relação ao tratamento. Muitas pessoas ainda optam por não solicitar hormônios com medo de doenças como câncer de mama ou trombose.

Abandono

Outro achado notável do estudo é que, além de poucas mulheres aderirem ao tratamento, elas o abandonam em um curto período de tempo – aproximadamente oito meses depois.

De acordo com a pesquisa, os efeitos colaterais foram citados como uma das razões para essa interrupção.

Entre as reações mais comuns se destaca um sangramento irregular e dor nos seios, que acontece no início da terapia, assustando as pacientes.

Na análise, a falta de informação, o temor de desenvolver câncer de mama e até mesmo a dificuldade de acesso aos medicamentos são os principais fatores que explicam a baixa busca pela reposição hormonal e a suspensão do tratamento.

No entanto, é crucial ressaltar que as contraindicações para a terapia hormonal se aplicam apenas àquelas que têm antecedentes de câncer de mama.

Como consequência, muitas recorrem a antidepressivos, pois eles podem aliviar as ondas de calor. Embora não tenham o mesmo impacto da terapia hormonal, eles tendem a proporcionar resultados satisfatórios.

No entanto, quando começam a sentir melhora nos sintomas das ondas de calor, muitas mulheres que estão em tratamento hormonal decidem interrompê-lo por receio do uso a longo prazo.

A recomendação é buscar orientação médica próximo da idade da menopausa, para reduzir, efetivamente, os efeitos dos sintomas.

 

Fonte: Revista Galileu

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