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Mulheres ficam amigas após realizarem transplantes

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Cada história de amizade é única, mas às vezes uma em especial pode começar de uma forma diferente daquilo que se considera “convencional”. Esse foi o caso de Jailma Aleixo Teodoro, de 58 anos, e Viviane de Freitas Batista, de 36. As duas passaram por transplante pulmonar e começaram sua amizade no centro de reabilitação do Instituto Nacional de Cardiologia (INC), no Rio de Janeiro.

Entretanto, Viviane não sabia que Jailma tinha visto sua entrevista na televisão e que ela a inspirou a fazer o transplante. As duas foram diagnosticadas com linfangioleiomiomatose, doença pulmonar rara conhecida como LAM. Por conta disso, elas precisavam de um transplante por conta do quadro avançado da doença.

Segundo a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, essa condição afeta de três a cinco mulheres a cada um milhão de pessoas do sexo feminino. Quem tem essa doença desenvolve células musculares no pulmão que causam o aparecimento de cistos nos órgãos. Além disso, eles surgem também no sistema linfático e nos rins. Por conta disso, essa condição pode acabar obstruindo vias aéreas e vasos sanguíneos, podendo causar um colapso parcial ou total do pulmão.

“Demorou muito para me darem o diagnóstico. Quando comecei a ter os sintomas, em 2018, me falaram que era tuberculose porque eu tossia muito, mas não melhorou. Depois, que era pneumonia. Fiz o tratamento por 11 meses e nada. Depois de uma crise, começaram a suspeitar que era câncer”, lembrou Jailma.

Condição

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Por não descobrir o que tinha, Jailma precisou de uma intervenção judicial para conseguir atendimento no Inca, que é referência em tratamento de câncer. Lá, a mulher foi encaminhada para uma pneumatologista de outro hospital, onde finalmente recebeu o diagnóstico de LAM.

Os pacientes com LAM estão entre os principais grupos de risco para a COVID-19 justamente por conta do estado de seus pulmões, o que pode fazer com que a contaminação pelo vírus seja fatal.

Jailma foi infectada pelo vírus e teve que ser internada em uma UTI. Então, ela entrou na fila do transplante. Na época, a mulher achava que iria morrer a qualquer momento porque perdeu 40 quilos e “não tinha mais pulmão”, respirando por aparelhos.

“Os médicos ficaram surpresos por eu não ter entrado em coma. Apesar de ter perdido peso, não fiquei sem apetite e continuava conseguindo andar”, contou ela.

Nesse tempo, Jailma viu a história de Viviane na televisão e até hoje se emociona quando lembra do momento em que ouviu sobre o primeiro transplante de pulmão no Rio de Janeiro desde 2006. “Minha esperança voltou, era Deus me mostrando que havia uma chance para mim também”, disse ela.

Transplante

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Assim como Jailma, Viviane também demorou até ser diagnosticada com LAM. Os médicos chegaram a achar que ela sofria com depressão. Mas em outubro de 2019, ela começou a tomar remédios para desacelerar a evolução da doença e esperar o transplante. Também como Jailma, ela precisou ser internada na pandemia.

“Quando eu me recuperei, um enfermeiro do Einstein ficou sabendo da minha história e se impressionou. Duas semanas depois, me ligaram para perguntar se eu queria fazer parte de um projeto”, lembrou Viviane.

A pneumatologista Patrícia Faveret convidou Viviane para fazer o transplante no Instituto Nacional de Cardiologia, que foi possível graças ao projeto de tutoria do Hospital Israelita Albert Einstein, em parceria com o Ministério da Saúde.

O objetivo desse projeto é viabilizar procedimentos que não são feitos ou que têm fila muito grande no Sistema Único de Saúde (SUS). Assim, o paciente atendido é operado em um hospital particular, mas não tem que pagar pelo procedimento.

A cirurgia de Viviane foi a primeira no estado do Rio de Janeiro desde 2006. Ela fez o transplante em agosto de 2021 depois de ter tido incompatibilidade com três outros órgãos de doadores.

Inspiração

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No caso de Jailma, ela foi compatível com o primeiro pulmão disponível para transplante. Ela fez sua cirurgia em abril de 2022 e conheceu Viviane no primeiro dia de reabilitação, antes de ela ser operada.

“Eu falei que vi a história dela na TV e isso me motivou a seguir em frente, porque eu já não tinha mais esperança. Ela estava bem tranquila e comecei a perguntar como as coisas foram. Ver a Vivi respirando sem ajuda do aparelho de oxigênio me fortaleceu”, contou Jailma.

As duas mulheres continuaram sua amizade nas salas e sessões de terapias. Viviane não tinha ideia de como a sua história poderia inspirar outras pessoas. Mas depois de ter tido essa noção, hoje em dia ela dá apoio a outros pacientes e os motiva a continuar. “É muito gratificante fazer parte e dar apoio. É um processo longo, mas que vale a pena”, disse ela.

Fonte: Metrópoles

Imagens: Metrópoles

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