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‘Não serve para nada’: por que é tão difícil ensinar matemática no Brasil?

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Os resultados do Pisa mostram que o Brasil enfrenta desafios significativos na melhoria da qualidade de sua educação, e ensinar matemática está cada vez mais difícil.

Embora o desempenho em leitura e ciências tenha ficado estável, o que foi considerado positivo pela OCDE, a realidade é outra. Sete em cada dez brasileiros de 15 anos ainda não conseguem resolver questões simples de matemática, como a conversão de moedas ou a comparação de distâncias.

Segundo especialistas, a necessidade de superar obstáculos é evidente para reverter esse cenário.

Célio Tasinafo, diretor pedagógico do colégio Oficina do Estudante, unidade Taquaral, na região metropolitana de Campinas, destaca que os problemas no ensino de matemática refletem os desafios mais amplos enfrentados pela educação no Brasil.

No entanto, o principal desafio reside na forma como se transmite o conteúdo. Em fala, ele diz que existe uma cultura de apresentar informações desvinculadas da realidade dos estudantes.

O professor avalia que os alunos não conseguem perceber a relevância do aprendizado da matemática no cotidiano.

Para ele, enquanto a ideia de que os conteúdos ensinados ‘não servem para nada’ prevalecer entre os adolescentes, não haverá estímulo para que se dediquem aos estudos.

Tasinafo destaca a existência de novas metodologias de ensino que incentivam os alunos a compreender como aplicar conhecimentos básicos ao ensinar matemática no dia a dia.

No entanto, essas técnicas não se aplicam devido à formação deficiente dos professores.

Na última terça-feira (5), o ministro da Educação, Camilo Santana, anunciou a intenção de eliminar as licenciaturas por EAD (educação à distância) como uma medida para mitigar esse problema.

Via Freepik

Mapeamento

Um desafio adicional, de acordo com o Iede (Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional), é a escassez de avaliações em larga escala sobre o aprendizado de matemática pelos estudantes.

O estudo “O Cenário do Ensino de Matemática no Brasil: O que Dizem os Indicadores Nacionais e Internacionais” mostra a importância desses dados para “subsidiar políticas públicas na área”.

O Iede espera que nos próximos anos o Brasil obtenha mais dados sobre o aprendizado de matemática de seus estudantes. Afinal, em 2022, o país aderiu ao TIMSS (Estudo Internacional de Tendências em Matemática e Ciências).

Conforme o instituto afirma, essa é uma avaliação internacional crucial que, a cada quatro anos, investiga o desempenho de diferentes estudantes. A pesquisa aborda o 4º ano (com idades entre 9 e 10 anos) e o 8º ano (entre 13 e 14 anos) no ensino fundamental em ciências e matemática.

Essa avaliação existe desde 1995, proposta pela Associação Internacional para a Avaliação do Desempenho Educacional (IEA, na sigla em inglês). Essa é a mesma organização responsável pelo PIRLS (Estudo Internacional de Progresso em Leitura).

Como ensinar matemática no Brasil?

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A partir desses estudos, é fato que as instituições precisam saber como ensinar matemática no Brasil.

Para isso, existem algumas teorias, já em prática, para aumentar o interesse e a absorção de conhecimento. É o caso, por exemplo, de introduzir e incentivar o uso de metodologias de ensino inovadoras. Elas tornarão a matemática mais envolvente e aplicável à vida cotidiana.

Abordagens práticas, como resolução de problemas do mundo real e aprendizado baseado em projetos, podem aumentar o interesse dos alunos e demonstrar a relevância da matemática em situações práticas.

Além disso, é importante priorizar programas abrangentes de formação continuada para professores, focados em métodos pedagógicos modernos e práticos.

Isso inclui o desenvolvimento de habilidades para transmitir conceitos de maneira acessível, além de capacitação em tecnologias educacionais que possam enriquecer o processo de aprendizado.

Por fim, vale implementar sistemas de avaliação contínua que forneçam feedback regular sobre o desempenho dos alunos e identifiquem áreas específicas que precisam de atenção.

Isso permite ajustes rápidos no ensino, adaptando-se às necessidades individuais dos estudantes, e contribui para um ambiente de aprendizado mais personalizado e eficaz. Assim como o Pisa, outras avaliações ajudarão a entender como esse cenário se movimenta e se modifica entre os jovens.

 

Fonte: R7

Imagens: Freepik, Freepik

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