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Robô inspirado em caracóis pretende combater a poluição por microplásticos na água

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Todos nós estamos cientes dos problemas ambientais causados pelo plástico. E um dos ambientes mais afetados por essa poluição são os oceanos. Para se ter uma ideia, milhões de toneladas são depositadas todos os anos nos mares, sendo grande parte microplásticos. E o perigo que ele representa é maior do que somente um emaranhamento de toda vida marinha e da ingestão deles.

Isso porque os microplásticos causam danos às espécies e afetam toda a cadeia alimentar. Por mais que os esforços atuais estejam concentrados na remoção de resíduos plásticos que são visíveis, tais medidas não conseguem resolver de forma eficaz o problema dos microplásticos.

Até porque, normalmente são usadas redes ou correias transportadoras para fazer o recolhimento desses plásticos maiores. Isso não é útil quando o assunto são microplásticos porque, assim como o nome indica, as partículas são minúsculas e precisam de mecanismos de bombeamento que consomem muita energia.

Inspiração

Meteored

Com o objetivo de resolver esse problema, os pesquisadores da Universidade de Cornell procuraram inspiração na natureza com o caracol-maçã do Havaí. Com isso, eles criaram o protótipo de um robô que conseguia imitar o movimento do caracol para que o fluxo de água fosse impulsionado e o microplástico fosse capturado.

Esse robô imita o movimento feito pelo pé do caracol para fazer o fluxo de água e capturar partículas flutuantes. De acordo com Sunghwan Jung, professor do departamento de engenharia biológica e ambiental da Universidade de Cornell e um dos autores do estudo, a inspiração deles veio na maneira como o caracol recolhe as partículas de alimentos nessa interface de água-ar. Com isso, eles criaram um dispositivo que fosse capaz de recolher microplásticos tanto nos oceanos como nas superfícies.

Robô

Por mais que seja inovador, esse protótipo foi derivado de um projeto que já existia, e precisaria ser ampliado para que fosse usado em ambientes reais na prática. Então, os pesquisadores usaram uma impressora 3D para criar uma folha flexível, parecida com um tapete, e que tivesse capacidade de ondular.

Embaixo disso existia uma estrutura helicoidal parecida com um saca-rolhas e que fazia com que esse tapete ondulasse e gerasse uma onda na água. Além disso, entender o fluxo do fluido foi uma coisa crucial para caracterizar o comportamento do bombeamento.

Esse sistema de bombeamento de fluidos foi inspirado na técnica que o caracol usa e também funciona no ar. Conforme descobriram os pesquisadores, um sistema fechado com a bomba fechada e usando um tubo para aspirar a água e partículas iria exigir um consumo de energia bem alto. Enquanto que o sistema aberto inspirado no caracol é bem mais eficiente.

Embora o robô seja pequeno, ele funciona com somente cinco volts de eletricidade. O que mostra a sua capacidade de sucção da água.

Microplásticos

AquaRio

Além dos animais, os oceanos também têm 24,4 trilhões de partículas de microplásticos. Esse depósito de microplásticos triplicou nos últimos 20 anos, o que mostra um aumento bastante preocupante na poluição marinha. E ele não é somente uma camada de sujeira no fundo do oceano. Os microplásticos estão sendo consumidos por muitos animais marinhos.

De acordo com relatórios, pelo menos 1.500 espécies já foram vistas consumindo esses plásticos. Segundo uma pesquisa publicada no jornal Science of the Total Environment, baía de Hauraki, na Nova Zelândia, as baleias comem aproximadamente três milhões dessas partículas todos os dias.

Por mais que as consequências desse consumo ainda sejam desconhecidas, elas trazem grandes preocupações. Até porque, mesmo em águas que são moderadamente poluídas, como na costa oeste dos EUA, as baleias podem estar consumindo milhões de microplásticos e microfibras todos os dias. O mais curioso é que 99% desse consumo acontece pela ingestão de animais que já estão contaminados pelo plástico.

Saber qual é a taxa de ingestão de microplásticos é importantíssimo para que se compreenda quais são os possíveis impactos para a saúde das baleias. De acordo com pesquisas, se os microplásticos forem pequenos o suficiente, eles podem atravessar a parede intestinal das baleias e irem para os órgãos internos. Além disso, essa ingestão também pode fazer com que substâncias químicas disruptoras endócrinas sejam liberadas.

E mesmo que as consequências desse consumo a longo prazo ainda sejam limitadas, o provável é que comer esses materiais artificiais não seja algo benéfico tanto para o organismo das baleias como para as presas delas.

Esse declínio na população de baleias afeta não somente os cetáceos, mas também todo o ecossistema marinho e os seres humanos. Isso porque as baleias são engenheiras do ecossistema e agem como bomba, recirculando os nutrientes consumidos e servindo como vigias do ecossistema. Por isso que quando elas não têm uma grande população ativa, outras partes do sistema marinho também enfrentam problemas.

Os microplásticos são produzidos em grande quantidade através de atividades do dia a dia, como por exemplo, lavar roupas e dirigir. Para tentar combater esse problema, Kahane-Rapport deu algumas dicas do que as pessoas podem fazer.

  • Descartar o lixo de forma certa para evitar que ele acabe nos esgotos.
  • Colocar um filtro simples na máquina de lavar para capturar as microfibras.
  • Defender tratamentos melhores de águas residuais na cidade para que seja evitado a entrada de microplásticos no sistema de água.
  • Falar com representantes e políticos para promover mudanças mais amplas.
  • Fazer uma pressão para que grandes corporações descartem os resíduos de forma responsável.

Fonte: Meteored,  Socientifica

Imagens:Meteored, YouTube, AquaRio

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