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Nem gripe, nem covid. Qual vírus está ameaçando o pulmão dos adultos?

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Quando se fala de vírus, ainda mais nos últimos tempos, eles já vêm com sua má fama. Até porque, um deles é o responsável pela pandemia de COVID-19 e outros são responsáveis por uma lista longa de doenças que fizeram parte da história da humanidade.

Infelizmente, a infinidade de vírus parece não ter acabado. Tanto é que surgiu a dúvida se um novo tinha aparecido. A realidade é que novo ele não é. Em 1956, ele foi isolado na coriza de chimpanzés que não paravam de tossir ou de espirrar. Além disso, ele ganhou sua má fama por ser o responsável por até 75% das bronquiolites e aproximadamente 40% das pneumonias em crianças menores de dois anos.

Por muito tempo foi dito que a infecção era provocada pelo vírus era transmitida aos bebês pelos adultos contaminados, mas eles saiam ilesos dessa contaminação. Mas isso está errado.

O vírus em questão é o sincicial respiratório, ou VSR, e pode sim fazer um estrago nos pulmões dos mais velhos e também nos adultos com menos idade, mas que tenham suas defesas comprometidas por alguma razão.

Os casos começam a subir nessa época do ano e só caem a partir de julho. Além disso, as internações de bebês por conta do VSR ficaram cada vez mais frequentes. “Se estamos vendo uma alta de infecção por VSR nelas, pode apostar que os adultos espelham essa situação”, garantiu a infectologista Lessandra Michelin, que é professora há mais de duas décadas da Universidade de Caxias do Sul (UCS), no Rio Grande do Sul e, ao mesmo tempo, gerente médica de vacinas da GSK.

Para se ter uma noção, de acordo com a Fiocruz, em 2023, entre os brasileiros com mais de 60 anos que foram infectados pelo vírus, 21% morreram. Isso quer dizer que uma em cada cinco pessoas infectadas não resistiu.

Confundido com outras viroses

JC

Sabendo da fatalidade do VSR, por que as pessoas o tratam como se fosse um vírus exclusivo da pediatria? Talvez porque a ameaça até possa ser maior se a infecção acontecer com poucos meses de vida. “E também porque geralmente sabemos quando uma criança está com o vírus sincicial: ela se torna um bebê chiador, que parece soltar um sopro ou suspirar a cada vez que expira”, explicou a doutora Lessandra.

No entanto, nos adultos não existe um sinal evidente como esse. Por isso, muitas vezes ele é confundido com uma gripe, um adenovírus ou outra virose respiratória qualquer. “Mesmo quando o indivíduo vai parar na emergência, deixam de fazer o teste para ver se é o vírus sincicial”, lamentou a doutora.

Justamente por isso que não se fala sobre os milhares de casos do vírus, e quem está infectado com ele pensa que está com influenza.

Foco do vírus

Educa mais Brasil

O vírus sincicial, assim como o da influenza da gripe e o Sars-CoV-2 da covid-19, pode ser transmitido pelo ar e também pode passar de uma pessoa para outra através da saliva, e nem é necessário beijar. Basta a pessoa infectada levar a mão à boca e depois cumprimentar a outra. Então, se essa pessoa esfregar seu rosto, coçar o nariz ou roer as unhas sem lavar a mão antes, o vírus terá chances de entrar.

Além disso, a taxa de transmissão dele também é maior. “Mas, quando se trata do vírus sincicial, uma pessoa infetada transmite para outras três”, contou Lessandra.

“Outra diferença é que ele é completamente focado no trato respiratório. O Sars-CoV-2 da covid-19, por exemplo, apesar de atacar fortemente os pulmões, é capaz de infectar vários órgãos do corpo. Assim como o vírus da gripe que, além de fazer mal ao trato respiratório, pode dar meningite, miocardite, insuficiência renal e muito mais”, continuou.

Já o VSR gera primeiro um processo inflamatório nas fossas nasais e depois migra pela “árvore” formada pelos brônquios e bronquíolos, tendo o risco de chegar ao tecido pulmonar propriamente dito.

Para se defender, o organismo produz muito muco. Consequentemente, o nariz escorre e a cabeça fica pesada e doendo, além da febre. E com o catarro e a inflamação, o caminho do ar pelos bronquíolos fica mais difícil.

E conforme o VSR vai descendo em direção aos pulmões ele vai atacando células do epitélio que revestem o trato respiratório. “Quando isso acontece, as células infectadas vão rompendo suas paredes e formando uma maçaroca com vários núcleos agrupados. Ela é o tal do sincício, que dispara um processo inflamatório dos mais intensos”, explicou Lessandra.

Para resolver essa situação, o organismo precisa da parceria de duas células de defesa, em uma quantidade relativamente grande. “Ocorre que ele acaba infectando essas células e, muitas vezes, consegue destruí-las”, disse a doutora.

Então, no final, é como se os arquivos que tinham informações sobre o vírus fossem deletados e o sistema imune não guarda informação da infecção. Daí que, durante uma mesma temporada do vírus, entre o outono e o inverno, a gente pode se reinfectar. “Se comparar com o influenza, a não ser quando surge uma nova cepa muito diferente, a pessoa só corre o risco de pegar gripe uma vez por ano ou temporada”, explicou Lessandra.

Vacina chegando

ABCVAC

Não existia nenhum imunizante para defender as pessoas desse vírus até pouco tempo atrás. Contudo, em maio de 2023, o FDA aprovou a primeira vacina contra o vírus sincicial: a Arexvy, da GSK. E em dezembro, a Anvisa fez o mesmo.

Essa vacina é feita a partir da proteína F, aquela que o vírus usa para furar as células, e deve ser dada em dose única para pessoas acima de 60 anos.

Fonte: UOL

Imagens: JC, Educa mais Brasil, ABCVAC

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