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Núcleo de ferro líquido de Marte é menor do que se pensava, revela estudo

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Dentre os planetas do sistema solar, Marte foi sempre uma grande fonte de mistérios. Com o passar dos anos, as pesquisas foram ficando mais intensas e os robôs enviados para lá nos dão informações e imagens cheias de detalhes. E as pesquisas sobre esse planeta não param. Até porque os planos de colonizá-lo não deixaram de existir.

Com isso, as descobertas sobre o Planeta Vermelho também são feitas com frequência. A mais recente foi através de uma análise dos tremores no planeta que a sonda InSight da NASA registrou. De acordo com ela, o núcleo de ferro líquido de Marte é menor do que o imaginado. O fato é parte de um estudo publicado no dia 25 de outubro na revista Nature.

Essa descoberta é um reforço para outra, publicada no mesmo dia, que mostrou a presença de uma camada de silicato derretido sobre o núcleo metálico marciano. O estudo que descobriu isso foi liderado por Henri Samuel, do Instituto de Física da Terra de Paris.

Núcleo de Marte

Galileu

De acordo com o novo estudo, a camada de silicato líquido, que é o magma, tem aproximadamente 150 quilômetros de espessura, enquanto que o núcleo do planeta é menor e mais denso do que o imaginado.  “A Terra não tem uma camada de silicato completamente derretida como essa”, disse Amir Khan, cientista sênior do Instituto Federal de Tecnologia de Zurique (ETH Zurich), na Suíça.

A sonda InSight registrou por quatro anos, através do seu sismômetro, os tremores em Marte. Então, os pesquisadores da ETH Zurich reuniram e analisaram esses dados para conseguirem determinar a estrutura interna do planeta.

Conforme mostram as observações, o raio do núcleo de Marte diminuiu de forma notável. Antes, acreditava-se que ele tinha entre 1.800 a 1.850 quilômetros, mas as estimativas novas mostram que, na realidade, seu tamanho é entre 1.650 a 1.700 quilômetros.

Então, se o núcleo marciano for realmente menor do que se pensava, mas tiver a mesma massa, a densidade dele é maior. Isso quer dizer que ele tem menos elementos leves, como por exemplo, enxofre, carbono, oxigênio e hidrogênio. Por isso que a proporção deles, que se pensava ser de 20% em peso, caiu para entre 9 e 14%.

“A densidade média do núcleo de Marte ainda é um pouco baixa, mas não mais inexplicável no contexto de cenários típicos de formação planetária”, disse Paolo Sossi, professor assistente no Departamento de Ciências da Terra da ETH Zurich.

Além disso, por conta do núcleo de Marte ter uma quantidade significativa de elementos leves, isso sugere que ele deve ter se formado muito cedo, provavelmente quando o sol ainda era cercado pelo gás da nebulosa de onde esses elementos poderiam ter se acumulado.

Composição

Galileu

Segundo os dados sísmicos do módulo InSight da NASA, o núcleo do planeta é feito de uma liga de ferro líquido com grandes quantidades de enxofre e oxigênio misturados.

Saber disso pode ajudar os cientistas na compreensão da história de Marte e qual é o motivo de ele ser diferente do nosso planeta, visto que ele é uma bola de poeira sem vida e árida enquanto o outro tem uma abundância de vida.

“Em 1906, os cientistas descobriram pela primeira vez o núcleo da Terra observando como as ondas sísmicas dos terremotos eram afetadas ao viajar através dele. Mais de cem anos depois, estamos aplicando nosso conhecimento sobre ondas sísmicas a Marte. Com o InSight, finalmente descobrimos o que há no centro de Marte e o que torna Marte tão semelhante, mas distinto da Terra”, disse o geólogo Vedran Lekic, da Universidade de Maryland.

Isso foi possível porque atualmente existe uma tecnologia que pode usar os terremotos como sendo uma espécie de raio X acústico. Isso pode ser feito porque eles se propagam para fora do seu ponto de origem antes de ficarem mais calmos. E a forma como eles fazem essa viagem reflete determinados materiais, com isso os cientistas podem criar mapas das composições internas dos planetas.

O InSight monitorou o interior de Marte durante quatro anos, e nesse tempo relativamente curto ele conseguiu detectar centenas de terremotos, dando assim informações detalhadas do interior marciano. Tendo esses dados, os cientistas conseguiram fazer o primeiro mapa detalhado do interior de Marte.

Mesmo que o núcleo ainda não tenha uma sondagem, em 2021, o InSight fez o registro de dois grandes eventos no lado oposto do planeta. Ele registrou um terremoto gigante, maior do que qualquer outro já registrado, e um impacto de meteorito que sacudiu o planeta.

Esses dois eventos aconteceram do lado oposto de Marte, por conta disso que o InSight foi capaz de analisar diferentes ondas, tanto as que viajaram ao redor do planeta, como as que viajaram por ele. Isso foi as primeiras ondas sísmicas que se sabe que se moveram pelo núcleo.

Através delas foi possível saber a densidade e compressibilidade dos diferentes materiais pelos quais elas viajaram. Isso deu à equipe liderada pela cientista planetária Jessica Irving, da Universidade de Bristol, no Reino Unido, a possibilidade de decompor a composição do núcleo de Marte.

Eles viram que, ao contrário do núcleo do nosso planeta, o de Marte parece ser um líquido mole sempre. E realmente o planeta tem uma proporção alta de elementos mais leves misturados no núcleo interno. Para se ter uma ideia, aproximadamente um quinto do peso do planeta é desses elementos, em sua predominância do enxofre. Além disso, existem quantidades menores de oxigênio, carbono e hidrogênio.

Por conta de tudo isso, o núcleo de Marte é menos denso e mais compressível do que o da Terra. Essa característica pode ajudar os cientistas a entenderem melhor as diferenças entre os dois planetas.

Fonte: Galileu, Science alert

Imagens: Galileu

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