Curiosidades

O crime das irmãs Papin que chocou a França no século XX

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Criminosos podem ter sido brutais em seus tempos, mas em alguns casos, eles também podem acabar sendo inspiração para obras de grandes artistas, desde ícones da literatura até pinturas. Como foi o caso do psiquiatra e psicanalista Jacques Lacan, que encontrou suas musas em um contexto inesperado, as irmãs Papin.

Na quinta-feira 2 de fevereiro de 1933, duas mulheres burguesas, mãe e filha de sobrenome Lancelin, voltavam para casa e não sabiam que seriam recebidas pelos anjos da morte que eram suas empregadas Christine e Lea Papin.

A polícia encontrou os corpos das Lancelin na frente da porta de entrada, cercados por bolsas, papeis rasgados, chaves e papéis rasgados, o que mostra que o incidente foi imprevisto. E as empregadas estavam no quarto abraçadas sem se separar uma da outra. Durante as investigações, as irmãs disseram que nunca tiveram problemas com seus patrões. Então o que teria levado as irmãs a cometerem o massacre em são consciência?

Foi dado a Lacan a tarefa de concretizar a personalidade das irmãs para ver se o ato delas foi por um surto psicótico. E para isso era necessário observar o inesperado acidente, o rigor, a falta de motivo aparente, a violência e a simetria entre as assassinas e as vítimas, que no caso a irmã mais velha faria o papel de mãe.

Os corpos tinham vários golpes na cabeça e no rosto, os olhos tinham sido arrancados e o sangue escorria pelas paredes junto com restos de massa encefálica das duas vítimas. E nesse momento é possível ver singularidades que simbolicamente poderia dar pistas do que se passava pela mente das irmãs Papin. Isso porque os olhos foram queimados durante o ataque.

A irmã mais nova, em todos os momentos, imita a mais velha e depois coloca facas nas pernas e nádegas das patroas como um selo final, o que podem ser chamadas de feridas desnecessárias, já que as Lancelins já estavam mortas. E curiosamente, as Papin limparam os objetos que usaram e os guardaram de volta. E no testemunho, elas falaram que estava tudo limpo.

Razões

Em um artigo chamado Motivos du crime paranoique: des Soeurs Papin le crime (As razões para o crime paranoico: o crime das irmãs Papin), Lacan analisa o passado e as possíveis razões que levaram as irmãs a cometerem o crime. Ele descobriu que a mãe das irmãs, Clemence, não cuidava de suas filhas e que assim que elas nasceram, ela as levou para serem cuidadas por sua cunhada Isabelle e depois, quando estavam adolescentes, as colocou em uma igreja onde elas aprenderam a ser submissas e a obedecer alguém mais poderoso que elas. E depois disso, a mãe das meninas as tirou de lá e as entregou para a família Lancelins.

E como Christine teve que assumir o papel de mãe, ela sentia o vazio dentro dela ser completo com o amor de sua irmã mais nova, Lea. E essa relação foi descrita por Lacan como complementaridade narcisista, que quer dizer que se um é afetado, o outro também irá sofrer, ou seja, se a uma é dado um gesto ruim, o outro vai se vingar. E em um nível patológico, essas respostas podem dar uma hipótese do que teria desencadeado o crime.

Loucura

Com o passar do tempo, as irmãs foram se tornando sombrias e misteriosas e elas nunca saíam de casa para nenhum evento e nem mesmo iam para algum lugar que não fosse a missa dominical. No fatídico dia, um acidente com o ferro deixou a casa em uma penumbra e as irmãs se sentiram ameaçadas. Assim, para evitar a possível represália que iriam ganhar de suas patroas, elas decidiram que a única solução era matar as duas.

Depois da confissão das irmãs, elas foram mandadas para um prisão em celas separadas. Christine foi condenada à morte por guilhotina, enquanto Lea foi condenada a 10 anos de trabalhos forçados e foi liberada em 1943, por bom comportamento. Ela viveu na casa de sua mãe até morrer em 1982.

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