O famoso álbum Unfinished Music No 1: Two Virgins é um dos mais populares e queridos pelos fãs fervorosos dos Beatles, e não apenas pelas belas canções, mas também pela polêmica que esse disco acompanhou ao trazer o pênis de John Lennon na capa.
Lançado há mais de 50 anos, esse trabalho foi o primeiro de uma trilogia experimental que ele fez com sua esposa na época, Yoko Ono. As gravações eram irregulares, com músicas misturadas aos sons da natureza, loops instrumentais e amplificadores distorcidos.
No entanto, apesar da confusão, foi um álbum gravado em apenas uma sessão na casa de Lennon. Segundo ele, foi uma experiência única, gravando até meia-noite e depois “fazendo amor até amanhecer”. Segundo o cantor, o trabalho “foi muito bonito” de se fazer.
No entanto, não foi apenas a gravação diferente e os sons bagunçados que fizeram o álbum se tornar polêmico, mas sim a capa escolhida para ilustrar o disco. Na época, o casal achou uma boa ideia se colocarem nus diante da capa. Exatamente, o pênis de John Lennon ilustrou o Unfinished Music No 1: Two Virgins.
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Vivendo no meio do mainstream na época, a gravação vanguardista e experimental não agradou os críticos. Inclusive, os próprios companheiros de banda foram diplomáticos ao falar sobre a polêmica. George Harrison contornou a situação afirmando que o casal estava tão envolvido em si mesmo que “pensavam que tudo o que diziam ou faziam era de importância mundial”.
As músicas do controverso álbum sequer chegaram aos principais mercados, vendendo apenas 5.000 cópias no Reino Unido. Contudo, o aspecto visual foi o suficiente para causar uma revolução com os críticos.
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Segundo informações de entrevistas da época, John Lennon afirmava que desde o início, mesmo antes do disco e das músicas, ele já imaginava gravar Yoko Ono despida, pois “seu trabalho era puro”.
Por isso, não conseguiu pensar em outra forma de expressar aquela gravação se não com a capa polêmica. A mulher se sentiu um pouco envergonhada de se despir na sessão de fotos, por isso o Beatle a acompanhou na nudez, e fotografaram juntos.
Apesar de muitos terem encarado o pênis de John Lennon como uma provocação para os críticos ou para a mídia, ele insistia que não era nenhuma ideia revolucionária.
O único movimento que pareceu ter sido pensado pelo cantor foi um jornal The Times dobrado pela cama. Conhecidos como conservadores, a inclusão na capa certamente pode ser entendida como uma provocação de Lennon.
A mensagem tinha vários significados, mas principalmente pelo que os jornais fazem com o nu artístico, tornando-os um escândalo, mesmo que tenha intenções inocentes, como o pênis de John Lennon, segundo o cantor.
E não foi apenas a mídia que se sentiu ofendida. A própria gestora dos Beatles teve reações ruins. O assessor de imprensa, Derek Taylor, resumiu as reações em apenas uma frase: “pessoas imundas”.
No entanto, ele ajudou Lennon, e teve a ideia de realçar a hipocrisia da reação conservadora acrescentando uma frase bíblica na capa. A linha é do capítulo dois do Génesis: “E ambos estavam nus, o homem e sua esposa, e não tinham vergonha”.
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A justificação bíblica não ajudou na recepção do pênis de John Lennon na capa do álbum.
A gravadora EMI não quis distribuir o disco mundialmente, e outras opções procuradas só emitiu o disco após ele ser embalado em envelopes de papel pardo. Mesmo assim, várias lojas de Nova York recusaram as remessas, e cerca de 30 mil cópias foram confiscadas pela polícia.
Posteriormente, Sissy Spacek lançou uma canção sobre a capa: “John, You Went Too Far This Time”.
Por conta disso, o álbum sequer chegou a ser vendido no exterior, e a polêmica teve que ser abafada com trabalhos posteriores.
Atualmente, é possível encontrar algumas edições de colecionador no disco com o pênis de John Lennon, mas que ainda é vendido com um envelope censurando o casal.
Fonte: UOL
Imagens: Getty, Gazeta do Povo, UOL, El País