Natureza

O mundo está ficando sem tartarugas-verdes marinhas machos

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As tartarugas marinhas verdes, ameaçadas de extinção, enfrentam desafios que vão além da caça e da degradação de seus habitats.

Uma ameaça sutil, mas significativa, é a redução acentuada do número de filhotes machos, resultado de uma complexa interação de fatores que vão desde as mudanças climáticas até a exposição a poluentes.

Em áreas como a Grande Barreira de Corais, ao largo da costa de Queensland, nordeste da Austrália, a proporção desequilibrada entre machos e fêmeas é evidente, com centenas de fêmeas para cada macho, representando um desafio crucial para a continuidade da espécie.

A determinação do sexo das tartarugas durante a incubação dos ovos é influenciada pela temperatura, sendo que temperaturas mais altas favorecem o desenvolvimento de fêmeas.

Além disso, estudos recentes destacam outro fator preocupante: a presença de poluentes no ambiente marinho.

Via PxHere

Relação entre poluentes e nascimento de tartarugas marinhas fêmeas

Uma pesquisa conduzida na Ilha Heron, um local dedicado à monitoramento de tartarugas marinhas verdes, cientificamente conhecidas como Chelonia mydas, revelou uma ligação direta entre a exposição a poluentes e a inclinação para a geração de filhotes fêmeas.

Metais pesados e poluentes orgânicos foram identificados nos embriões, resultando em um desequilíbrio na proporção de sexos durante a eclosão.

Conforme descrito recentemente em um artigo publicado na revista Frontiers in Marine Science, esses contaminantes, denominados ‘xenoestrogênios’, interferem nos hormônios femininos, impactando o desenvolvimento dos filhotes.

O acúmulo desses poluentes nas fêmeas durante o período de forrageamento, enquanto buscam recursos alimentares, resulta na transferência dessas substâncias para os ovos, influenciando a proporção sexual na fase inicial de vida.

Urgência

A urgência de abordar não apenas as mudanças climáticas, mas também a poluição marinha, se torna evidente como um fator crítico para a sobrevivência das tartarugas marinhas.

Enquanto a redução das emissões de gases estufa é crucial, controlar os poluentes estrogênicos emerge como uma estratégia essencial para mitigar o declínio dos filhotes machos.

O autor sênior do estudo, Jason van de Merwe, ecologista marinho e ecotoxicologista do Australian Rivers Institute, destaca a importância de determinar quais compostos específicos podem alterar as proporções sexuais dos filhotes.

Ele enfatiza que isso é crucial para desenvolver estratégias que evitem que os poluentes feminizem ainda mais as populações de tartarugas marinhas.

Observando que a maioria dos metais pesados provém da atividade humana, como mineração, escoamento e poluição de resíduos urbanos, Jason van de Merwe sugere o uso de estratégias de longo prazo baseadas na ciência para reduzir a quantidade de poluentes que ingressam nos oceanos.

Via Pexels

Como preservar?

A partir desses estudos, preservar as tartarugas marinhas verdes, especialmente os machos, envolve uma abordagem abrangente que aborde diversas ameaças que enfrentam.

Para começar, é preciso estabelecer e manter áreas de reprodução seguras, onde as tartarugas possam desovar sem a ameaça de perturbações humanas.

Ainda, vale implementar práticas de manejo costeiro que minimizem a degradação do habitat, como regulamentações para construções costeiras.

Além disso, é preciso ter controle da poluição. Reduzir a poluição marinha, especialmente poluentes orgânicos e metais pesados, que podem afetar a determinação do sexo dos filhotes é o primeiro passo.

Simultaneamente, vale educar as comunidades locais sobre práticas sustentáveis de eliminação de resíduos para evitar a contaminação do ambiente marinho.

Enquanto isso, os especialistas devem continuar seu monitoramento e pesquisa. Foi por meio dele que se descobriu esse déficit com os machos das tartarugas marinhas verdes, e será possível entender melhor as ameaças específicas enfrentadas.

Alguns pesquisadores também buscam implementar estratégias de gestão para controlar a temperatura durante a incubação dos ovos e equilibrar as proporções de machos e fêmeas.

Dessa forma, será possível ter mais ovos encubados e saudáveis, gerando uma reprodução assistida mais eficiente.

Ainda, é fundamental reforçar as leis contra a caça ilegal de tartarugas marinhas verdes e seus ovos. Com essa conscientização, será possível preservar a diversidade local, mas sem comprometer os esforços para recuperar a vida das tartarugas marinhas e seus habitats.

 

Fonte: Olhar Digital

Imagens: Pexels, PxHere

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