Curiosidades

O que é a morte, cientificamente falando?

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A máxima diz que a única certeza da vida é a morte, e ela está certa. Independentemente de quem seja, a morte chegará para todos. No entanto, a definição sobre ela não é uma coisa única. Nas palavras de Ariano Suassuna, a morte é “o único mal irremediável, que une tudo o que é vivo”.

Realmente ela é uma coisa comum para todos os seres vivos, mesmo assim, ela depende de quem a observa. E ao contrário do que se tem entendido tradicionalmente sobre morte como sendo um evento irreversível, evidências recentes dão a entender que esse conceito é desatualizado e não totalmente alinhada com a biologia.

Até porque, conseguir definir o que está vivo pode ser um pouco mais difícil do que o imaginado. Isso porque, a definição de vida cobre um conjunto de características diferentes que unem os seres vivos. Biologicamente, a vida pode ser definida pela presença de organização celular, metabolismo, resposta a estímulos e reprodução. Nisso, a unidade fundamental da vida é a célula, que é responsável por gerir todos esses processos.

Já filosoficamente, a vida pode entender toda gama de processos envolvidos em estar vivos. E coisas mais objetivas, como por exemplo, a capacidade de sentir e ter consciência são colocados nas discussões a respeito do que faz parte de um ser vivente. E essas definições não são vistas somente nos livros de filosofia ou medicina. Isso porque entender o que é vivo ajuda até mesmo na busca por formas de vida em outros planetas.

Morte

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Enquanto isso, a morte é tida ao logo dos tempos como a “cessação irreversível” dos processos vitais. Tanto que a parada cardíaca era considerada o ponto sem volta, quando a morte é tratada como irreversível. No entanto, essa definição está sendo questionada há algum tempo.

Um ponto que mudou totalmente essa visão foi o surgimento da ressuscitação cardiopulmonar na década de 1960. Isso aconteceu quando foi estabelecido a separação entre a perda temporária da função cardíaca e a cessação permanente da vida.

Além disso, a discussão a respeito de morte cerebral também mudou essa definição, contudo indo pelo caminho contrário. Isso porque mesmo com o coração batendo, quem definia o que estava vivo ou não era o cérebro. Mesmo que as funções vitais fossem mantidas através de aparelhos.

As pesquisas mais modernas estão trazendo à tona descobertas que podem mudar ainda mais essa fronteira sobre o que é estar vivo e morto. Até porque, cientistas estão descobrindo que o limite que o cérebro consegue suportar sem oxigênio é maior do que o imaginado. Isso faz com que a janela de tempo para a ressuscitação seja maior e  a morte possa ser revertida.

Conhecimento

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Além disso, esse conhecimento com mais detalhes sobre os processos de reversão de funções cerebrais e orgânicas pode mudar as práticas médicas. Dessa forma, os profissionais podem não somente aumentar sua janela de oportunidade para salvar alguém, como também fazer uma redefinição da compreensão do funcionamento do cérebro quando está em situações extremas.

Contudo, da mesma forma que a biologia não tem uma autoridade sola para definir o que é estar vivo ou não, a neurociência também não tem exclusividade sobre a morte. Para isso é preciso um alinhamento entre ciência biológica, filosofia e até pensamento religioso.

Momentos antes

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Tudo que envolve a morte gera bastante curiosidade, principalmente os momentos antes de ela acontecer. Até porque é nesse momento que, em teoria, a vida da pessoa passa diante seus olhos. E foi justamente isso que um estudo quis compreender.

Recentemente, quatro pacientes que morreram depois de paradas cardíacas no Michigan Medicine, o hospital universitário da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, tiveram seus cérebros estudados. A atividade cerebral deles foi mapeada e monitorada. O objetivo disso é fazer parte de um novo estudo que entenda de uma forma melhor o que acontece no cérebro humano antes de ele dar seu último suspiro.

Para o estudo,  os suportes ventilatórios dos pacientes foram retirados. Com isso, dois deles tiveram um aumento da sua frequência cardíaca junto com um surto de atividade de onda gama. Esse tipo de onda normalmente é relacionado com a consciência ou atividade cerebral.

Por conta disso, de acordo com Galileu, isso pode explicar o famosos senso comum de “a vida passando pelos olhos” que as pessoas que tem experiência quase-morte sempre relatam. No caso do estudo, ele sugere que o cérebro é capaz de reproduzir as memórias feitas conscientemente mesmo depois de o órgão ter morrido.

Os pacientes que tiveram suas atividades cerebrais estudadas estavam em coma e sem nenhuma resposta. Por isso que, com permissão da família, eles foram retirados dos aparelhos de suporte à vida.

No caso dos dois pacientes que tiveram o aumento de atividade de onda gama, ela foi vista na mesma região do cérebro nos dois pacientes. O local é a chamada zona quente de correlatos neurais de consciência, que normalmente é relacionada com os sonhos e outros estados de consciência alterados.

Além disso, esse local onde essa atividade foi observada também está relacionada com as alucinações que são tidas em pessoas com epilepsia. De acordo com a Galileu, os dois pacientes que tiveram esse aumento de onda tinham um histórico de convulsões, mas elas não aconteceram antes deles morrerem.

Mesmo com essas revelações, o estudo foi feito apenas com duas pessoas, o que conforme os próprios pesquisadores ressaltaram, não é possível generalizar o resultado. Por conta disso que estudos com uma amostragem maior devem ser feitos para afirmar se essa atividade cerebral é ou não um sinal de consciência antes da morte.

Fonte: Olhar digital,  Aventuras na história

Imagens: Olhar digital, UOL

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