É impossível falar sobre diversidade no mundo sem citar os animais, já que estão por toda parte e existem milhões de espécies. Contudo, justamente por essa diversidade pode ser que alguns animais acabem em ecossistemas que não são os seus. Essas espécies invasoras são bastante temidas pelos biólogos e ambientalistas porque elas são um risco para a biodiversidade e podem até levar outros animais à extinção.
A primeira coisa a se saber é o que é uma espécie invasora. Ela é um organismo, seja animal, vegetal, ou microbiano, que é introduzido em um ecossistema que está fora da área natural de distribuição dele. Quando essa espécie se estabelece, ela se torna uma ameaça para a biodiversidade local, para os ecossistemas e até para a saúde humana.
Tudo isso acontece porque essas espécies têm a capacidade de se proliferar de forma rápida nesses novos ambientes e, várias vezes, superar as espécies que são nativas. Consequentemente, um desequilíbrio nos ecossistemas é causado.
Os fatores principais que definem uma espécie como sendo invasora são: a capacidade de se estabelecer e a reprodução no novo ambiente, normalmente por conta da falta de predadores naturais ou competidores. Essas espécies invasoras também têm características que fazem com que elas sejam mais adaptáveis e resilientes, como por exemplo, reprodução rápida, alta taxa de crescimento e resistência a doenças.
Espécies invasoras X ecossistemas
Essas espécies exóticas invasoras são uma ameaça bem séria para a biodiversidade e para os ecossistemas no mundo todo. Isso porque, esses organismos que são introduzidos fora dos seus habitats naturais veem condições favoráveis para se proliferarem nos ecossistemas novos. Consequentemente, eles causam um desequilíbrio nesses locais, o que ameaça as espécies nativas.
Por eles não terem predadores naturais, além da falta de defesa eficaz nas presas nativas, isso faz com que o ambiente se torne propício para que elas se estabeleçam e expandam. Assim, essas espécies invasoras se tornam a segunda causa maior de extinção das espécies na Terra.
O que facilita a disseminação dessas espécies são perturbações nas áreas naturais, como o desmatamento e as mudanças climáticas que acabam criando nichos ecológicos que são propícios para a colonização.
Outra forma pela qual essas espécies conseguem se disseminar é através dos meios de transporte modernos, comércio global, viagens e turismo. Assim, elas podem passar as barreiras geográficas que, teoricamente, impediriam essa dispersão.
Normalmente, essa introdução de uma espécie inovadora é feita de forma não intencional, seja através do comércio ou do turismo. Contudo, em vários casos, a introdução pode ser sim planejada por objetivos econômicos e sociais. Essas espécies são levadas para serem usadas em sistemas produtivos, cativeiros, com ornamentos ou com fins recreativos, mas independentemente do motivo, todos aumentam o risco de elas se estabelecerem nesse novo ambiente.
Na realidade do Brasil, várias espécies invasoras se destacam por conta dos impactos significativos que tiveram, como por exemplo, o javali (Sus scrofa), o coral-sol (Tubastraea spp.), o mexilhão-dourado (Limnoperna fortunei) e o caracol-gigante-africano (Achatina fulica). Todas essas espécies são um grande desafio para a biodiversidade local, para a economia e para a saúde humana.
Além disso, lutar contra espécies invasoras é lutar contra o tráfico internacional de animais. Até porque, várias espécies entram no território nacional trazidas de forma ilegal por atravessadores para serem criadas ilegalmente aqui. Isso pode gerar vários problemas, como o caso da naja em Brasília.
Extinção
Como dito, essas espécies invasoras são a segunda maior causa de extinção. E mesmo que a causa seja diferente, o risco de extinção é uma coisa em comum de todos eles, tanto é que um novo estudo feito pelo ecologista conservacionista Haydee Hernandez-Yanez e dois colegas do Alexander Center for Applied Population Biology, no Lincoln Park Zoo, em Chicago, conseguiu identificar traços comuns entre plantas, pássaros e mamíferos com risco de extinção.
“Certas combinações de traços de história de vida e taxas demográficas podem tornar uma população mais propensa à extinção do que outras”, explicou Hernandez-Yanez.
No estudo, Hernandez-Yanez e sua equipe reuniram dados a respeito das taxas de crescimento, expectativa de vida e reprodução de 159 espécies de plantas herbáceas, árvores, mamíferos e pássaros, além de também terem verificado o status de ameaça mais atual na Lista Vermelha da IUCN, que é o principal e maior registro de espécies ameaçadas.
“Apesar de nossa amostra relativamente pequena de espécies, descobrimos que espécies com certos padrões demográficos correm mais risco de extinção do que outras, e que os preditores importantes diferem entre os grupos taxonômicos”, escreveram os pesquisadores.
“Por exemplo, os mamíferos que têm tempos de geração mais longos correm maior risco de extinção. Talvez porque quanto mais tempo as espécies levam para amadurecer e se reproduzir, mais difícil é para elas se adaptarem às rápidas mudanças ambientais. E especialmente se os animais se reproduzem apenas uma vez em sua vida. Enquanto isso, pássaros que se reproduzem com frequência e crescem rápido, de filhotes a adultos maduros, são mais vulneráveis à extinção, o que foi um tanto inesperado. Porque você pode pensar que produzir muitos filhotes aumenta as chances de sobrevivência de uma espécie”, explicaram os pesquisadores.
Na semelhança entre as espécies de plantas, as herbáceas perenes de caule macio, que são do tipo que morrem antes do inverno e florescem na primavera e no verão, têm mais probabilidade de perecer se amadurecerem cedo e tiverem altas taxas de sobrevivência como mudas juvenis. Mas não se observou padrões para as árvores lenhosas ameaçadas de extinção.
Fonte: Olhar digital, Science Alert
Imagens:Olhar digital, Paracatu rural