De repente uma menininha inglesa entra em um guarda-roupa para se esconder durante um jogo de pique-pega e vai parar numa terra mágica, habitada por animais falantes e criaturas fantásticas e repleta de magia e beleza. Foi assim que o mundo inteiro conheceu As Crônicas de Nárnia nas telonas do cinema pela primeira vez, com o filme O Leão, a Feiticeira e o Guarda-roupa e dando início a um verdadeiro fenômeno pop.
Os filmes – três até agora, e um quarto já com o roteiro pronto – foram baseados na obra literária do autor irlandês C. S. Lewis, e é composta por uma série de sete livros: O Sobrinho do Mago (1955), O Leão, a Feiticeira e o Guarda-roupa (1950), O Cavalo e seu Menino (1954), O Príncipe Caspian (1951), A Viagem do Peregrino da Alvorada (1952), A Cadeira de Prata (1953) e a Última Batalha (1956). Os livros de As Crônicas de Nárnia ainda continuam na lista dos mais vendidos mesmo depois de mais de 60 anos, entrando para o nível de outros grandes clássicos mundiais.
A história é aparentemente simples e infantil: uma terra mágica que foi criada por um deus-leão de nome Aslam, cheia de animais mágicos e falantes, como grifos, dragões, ninfas, centauros, faunos e bruxas, e que vez ou outra cai nas garras do mal, tendo que ser livrada pelos filhos de Adão e Eva (humanos). Os filmes e livros costumam encantar crianças e adultos por sua inventividade, pureza e linguagem simples. Mas será que As Crônicas de Nárnia é uma obra tão infantil e inocente quanto parece? Você vai descobrir que não. Conheça os 4 mistérios e polêmicas por trás da história de As Crônicas de Nárnia.
1. Aslam é representação de Deus Pai, Filho e Espírito
Tanto Lewis (autor de As Crônicas de Nárnia), quanto Tolkien (autor de O Senhor dos Anéis) eram cristãos. Os dois eram melhores amigos, e costumavam debater seus livros. Mas Lewis, ao contrário de Tolkien, introduziu sutilmente em sua obra passagens da Bíblia e do cristianismo ao mesmo tempo.
Aslam, que significa ‘leão’ em turco, é o deus supremo de Nárnia, sendo chamado também de ‘Senhor dos Bosques’, ‘Filho do Imperador de Além-mar’, e outros mais. Ele seria a representação da Santíssima Trindade na obra, o que pode ser constatado quando ele cria Nárnia entoando cânticos – Deus-Pai -, é sacrificado no lugar de um traidor (pecador) e ressuscita – Deus-Filho -, e é por vezes apresentado de diferentes formas e como uma ‘força maior’ – Deus- Espírito Santo).
2. O Apocalipse cristão acontece no último livro
O livro A Última Batalha é um dos livros mais intrigantes e misteriosos de todas as crônicas. Nele, se concretiza um suposto apocalipse tal qual descrito na Bíblia.
Nesse livro, Aslam destroi a Nárnia que conhecemos pois esta seria apenas um reflexo da Nárnia verdadeira. Mas na nova e verdadeira terra mágica, apenas alguns seriam dignos de entrar. As crianças protagonistas entram nela em estado de espírito, pois todas estavam mortas sem ter consciência disso. Aqueles que adoravam a um deus falso, o deus Tash, são condenados e carregados por ele para a perdição.
3. A magia e o paganismo no Cristianismo
Apesar de ser uma obra considerada cristã, muitas passagens de algumas crônicas intrigam estudiosos especializados na obra de Lewis.
No livro A Viagem do Peregrino da Alvorada, Lúcia – uma das personagens das crônicas – tem que recorrer a um livro de magia antigo para quebrar um feitiço de invisibilidade que recaía sobre os habitantes de uma ilha.
O magia usada por Lúcia dá certo, e os Dufflepods (as criaturas) tornam-se visíveis, assim como Aslam. O Grande Leão então demonstra satisfação e aprovação pelo ato de Lúcia. Ou seja, se Aslam representa Deus, é como se Ele se alegrasse quando recorremos à magia.
Isso se explica pelo fato de Lewis ser “pagão” antes de se converter à religião cristã, mas não deixou suas raízes ocultistas totalmente para trás, mesclando as duas coisas.
4. A teoria do tempo-espaço de Nárnia
O cronograma de Nárnia é muito complexo, pois o tempo neste país é distinto do nosso, em outras palavras, a passagem de tempo entre Nárnia e a do nosso mundo são incoerentes. Dois dias aqui podem ser duzentos anos lá. Lewis misturou vestígios de complexas teorias de tempo-espaço, e tornou a história ainda mais surpreendente.
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