Os mitos, teorias e histórias sobre os círculos nas plantações

Quem já viu o filme “Sinais” deve saber o que são agroglifos. São marcas misteriosas que aparecem em plantações que são mais chamados de círculos nas plantações. Mesmo com evidências que provam o contrário, várias pessoas ainda acreditam que esses círculos foram feitos por alienígenas.

Mas como os OVNIs estão relacionados com esses círculos nas plantações? E por que esses designs foram historicamente associados ao sul da Inglaterra? O que responde essas duas perguntas são dois nomes: Doug Bower e Dave Chorley.

Esses homens eram amigos e moravam perto de Winchester, na Inglaterra. Em 1978, eles estavam sentados em um pub e pensando “o que poderíamos fazer para rir um pouco”, disse Chorley à revista TIME em 1991. Por conta de uma entrevista de um oficial aposentado da Força Aérea em 1947 dizendo que algo extraterrestre havia caído no deserto do Novo México, Bower e Chorley resolveram criar o seu próprio local falso de pouso de OVNI.

Com isso em mente, eles foram até um campo e começaram a criar uma verdadeira obra-prima com algumas tábuas, corda e um pedaço de arame preso à aba de um boné de beisebol. Ninguém percebeu os homens fazendo os círculos ou suas obras. Tanto é que eles fizeram várias viagens para o interior do sul da Inglaterra ao longo de vários anos até que a mídia notasse seus desenhos.

Quando a história ganhou força global, entusiastas de OVNIs começaram a aparecer em massa, então Bower e Chorley viram que era hora de assumirem sua farsa.

Desde essa época, os círculos nas plantações se tornaram uma forma de arte paisagística e uma atração turística. Além disso, sua relação como sendo obra extraterrestre já não é tão mais forte, mesmo algumas pessoas ainda os relacionando com seres fora do nosso planeta.

Círculos nas plantações

Live Science

Esses círculos nas plantações são padrões em grande escala feitos pelo achatamento de culturas como trigo, cevada ou canola. As pessoas que os fazem também usam tábuas de madeira para criar seus padrões. E para não deixarem rastros, os artistas os escondem em sulcos de pneus de trator já existentes. Isso cria a ilusão de que seus desenhos foram feitos do céu.

Por mais que eles sejam conhecidos como “círculos”, eles podem ter padrões mais complexos, e o sul da Inglaterra continua sendo um ponto de acesso para artistas desse tipo de arte, com obras incorporando triângulos, formas giratórias e crescentes. Mas eles também são vistos em outras partes do mundo.

Curiosamente, esses círculos podem aparecer por motivos aparentemente naturais, tanto que Chorley e Bower se inspiraram nos que foram encontrados na Austrália em 1966. Mas eles foram vistos não em plantações, e sim em uma lagoa no extremo norte de Queensland.

Relatos

Live Science

O primeiro relato relacionado com esses círculos foi visto em um livreto de xilogravura chamado “The Mowing Devil” de 1678. Segundo a Oxford Reference, ele conta a história de um fazendeiro mão-de-vaca que se recusou a pagar um trabalhador para cortar sua aveia. Então, da noite para o dia o diabo fez seu trabalho cortando sua plantação em círculos.

Além desse, em 1996, um agroglifo famoso conhecido como “conjunto de Julia” apareceu perto de Stonehenge. Segundo um piloto local, ele voou uma hora antes do agroglifo aparecer e não viu nada. Depois, ele voou de novo sobre o local e viu uma espiral de círculos progressivamente maiores, o que levantou hipóteses de que seria uma obra paranormal. Contudo, os relatos de testemunhas oculares eram incompletos.

Círculos no Brasil

G1

Recentemente, esses círculos foram encontrados em uma plantação de trigo em Ipuaçu, no Oeste catarinense. Claro que marcas que surgem do nada sempre chamam atenção das pessoas, e essa não foi diferente. Várias discussões a respeito do seu surgimento foram levantadas.

De acordo com o servidor da Epagri/Ciram, Sydney Kavalco, não existe uma certeza de como essa marca foi feita na propriedade. Mas ele afirmou que objetos simples podem amassar as plantas. “Existem equipamentos que podem amassar o trigo dessa forma. A grande questão é porque não deixa rastro, como é que entra na lavoura”, disse.

Segundo o professor Adolfo Stotz Neto, presidente do Grupo de Estudos de Astronomia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), além dessas marcas serem feitas de uma maneira “bastante simples”, “as pegadas são facilmente desfeitas” por quem quer que seja que as fizeram, além é claro de as pessoas poderem andar pelas próprias riscas.

Por conta disso que Adolfo descarta a possibilidade de essas marcas terem sido feitas por seres extraterrestres, mesmo não excluindo a possibilidade de que eles existam.

“Uma corda comprida, uma tábua bem lisa e duas pessoas fazem aquilo. Um fica segurando na ponta da corda e outro caminha, fazendo o círculo do tamanho que quiser”, disse ele.

De acordo com o proprietário da plantação de Ipuaçu, Sérgio Girotto, 62 anos, essa não é a primeira vez que as marcas enigmáticas aparecem em seu terreno. Conforme lembra o agricultor, há sete anos aconteceu uma situação parecida em que uma imagem foi feita aproximadamente 200 metros de onde o desenho atual foi visto.

“Hoje, nos deparamos pela segunda vez na nossa propriedade. A gente estava tomando café e vimos esses negócios misteriosos que a gente não sabe explicar de onde vêm”, afirmou ele.

Fonte: Live Science, G1

Imagens: Live Science, G1