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Patrocínio da Coca-Cola à COP27 gera críticas

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Ativistas que lutam pela preservação do meio ambiente estão “perplexos” com a decisão do Egito de ter o patrocínio da Coca-Cola para a COP27, conferência das Nações Unidos sobre mudanças climáticas.

De acordo com os ativistas, o acordo com a Coca-Cola prejudica as negociações. Isso porque a maioria dos plásticos das embalagens da empresa é feita a partir de combustíveis fósseis. Já a Coca-Cola afirmou que “compartilha o objetivo de eliminar resíduos e valoriza os esforços para aumentar a conscientização”.

O Egito é o país que irá sediar a edição deste ano da COP27, que acontecerá em novembro, na cidade de Sharm el-Sheikh. O país anunciou a parceria com a Coca-Cola na última semana. “Por meio da parceria com a COP27, o sistema Coca-Cola visa apoiar a ação coletiva contra as mudanças climáticas”, afirmou o vice-presidente global de políticas públicas e sustentabilidade da Coca-Cola, Michael Goltzman.

Sendo assim, a oposição à decisão aumentou ao longo da semana por conta da ligação da Coca-Cola com a poluição por plástico. Assim, ativistas do clima acusam a empresa de greenwashing, que é o termo em inglês para se referir ao falso marketing verde.

Plástico

Coca-Cola

Maria Mendiola/Unsplash

Mais de 5 mil pessoas já assinaram petição para que a decisão seja revertida. No ano de 2019, a Coca-Cola afirmou que usa três milhões de toneladas de embalagens plásticas por ano. Desse modo, o plástico, encontrado em todos os continentes e nos oceanos, é uma das principais fontes de poluição na atualidade.

Além disso, sua produção contribui para o aquecimento global. Atualmente, 99% do plástico do mundo é produzido a partir de combustíveis fósseis em um processo conhecido como “craqueamento”. Esse processo, por sua vez, produz gases de efeito estufa e afeta diretamente as mudanças climáticas.

A decisão do Egito para firmar uma parceria com a Coca-Cola é alarmante, ainda mais porque, em 2021, uma auditoria da Break Free From Plastic apontou a empresa como a poluidora de plástico número um do mundo.

A marca de refrigerantes respondeu às reivindicações feitas pelo relatório e, em uma declaração ao The Intercept, disse: “Sempre que nossas embalagens acabam em nossos oceanos – ou em qualquer lugar em que não pertençam – é inaceitável para nós. Em parceria com outras empresas, estamos trabalhando para resolver esse problema global crítico , tanto para ajudar a fechar a torneira em termos de resíduos de plástico que entram em nossos oceanos quanto para ajudar a limpar a poluição existente”.

“Este relatório fornece mais evidências de que as empresas precisam urgentemente fazer mais para lidar com a crise de poluição plástica que criaram”, disse em comunicado Von Hernandez, coordenador global do movimento. “Sua dependência contínua de embalagens plásticas de uso único se traduz em bombear mais plástico descartável para o meio ambiente. A reciclagem não vai resolver esse problema”.

“Esta ação da presidência da COP27 vai contra o objetivo da conferência”, declarou Mohammad Ahmadi, da Earth Uprising International. Steve Trent compartilha desse sentimento, o CEO da Environmental Justice Foundation, que pediu para que o Egito revertesse a decisão.

No entanto, nem a presidência da COP27 no Egito e nem a UNFCCC – o órgão de mudança climática da ONU, comentaram o caso.

COP27

No ano passado, quando o Reino Unido sediou as negociações climáticas, o governo proibiu as empresas de combustíveis fósseis de patrocinar o evento. “Todo o modelo de negócios da Coca-Cola é baseado em combustíveis fósseis. Eles fizeram promessas de melhorar a reciclagem que nunca foram cumpridas”, afirmou Trent.

A Coca-Cola disse que reconhece que precisa agir mais em prol do meio ambiente. “Embora tenhamos progredido em relação às nossas metas do Mundo sem Resíduos, também estamos comprometidos a fazer mais, mais rápido.”

Assim sendo, os ativistas não estavam somente preocupados com o sinal enviado pelo patrocínio da Coca-Cola, mas também em como isso pode refletir nas negociações.

“Quando os poluidores dominam as negociações climáticas, não obtemos bons resultados. Como ativista africano, estou preocupado que mais lagos nossos vão ficar cheios de plástico de novo”, observou Nyombi Morris, ativista climático de Uganda e embaixador do Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários.

Fonte: BBC

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