Vários asteroides já passaram perto do nosso planeta e viraram notícia. E os que irão passar também acabam virando notícia e às vezes até motivo de preocupação. Pensando nisso, a NASA lançou uma sonda espacial em uma longa jornada para a autodestruição. A missão chamada “Teste de Redirecionamento de Asteroide Duplo (DART)” enviou uma espaçonave que viajou até se chocar contra um asteroide.
A sonda atingiu o asteroide na última semana de setembro. O teste foi feito para saber a capacidade de desviar a rota de corpos celestes que, hipoteticamente, poderiam entrar em rota com a Terra no futuro. Embora a NASA informe que não existe ameaça desse tipo conhecida ao nosso planeta.
Agora, uma nova imagem mostrou que o asteroide atingido propositalmente deixou um rastro de detritos que se estendeu por milhares de quilômetros. A imagem foi capturada por um telescópio no Chile. Nela é possível ver uma nuvem parecida com a cauda de um cometa se espalhando atrás da rocha gigante.
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Esse registro foi feito dois dias depois da colisão por astrônomos no Chile, que conseguiram capturar o vasto rastro graças ao telescópio Soar (Southern Astrophysical Research Telescope).
O rastro deixado se estende por mais de 10 mil quilômetros, e a expectativa é que ele fique mais longo ainda até que se disperse por completo e se pareça com qualquer outra poeira espacial flutuando.
“É incrível a clareza com que conseguimos capturar a estrutura e a extensão das consequências do experimento nos dias seguintes ao impacto”, disse Teddy Kareta, astrônomo envolvido na observação.
De acordo com Michael Knight, do Laboratório de Pesquisa Naval dos EUA, o rastro de detritos será monitorado nas próximas semanas e meses.
Desvio do asteroide
O teste aconteceu a aproximadamente 11 milhões de quilômetros da Terra. A sonda da agência espacial colidiu com a lua Dimorphos, que orbita um asteroide um pouco maior chamado de Didymos.
De acordo com a NASA, o sistema Dimorphos/Didymos não oferecia risco ao nosso planeta. Ele foi escolhido por ser relativamente perto e dar a possibilidade de monitorar se a mudança de trajetória foi atingida.
Para essa missão, a NASA investiu 330 milhões de dólares. Mesmo gastando tanto, a agência afirmou que não existe chance nenhuma de qualquer um dos asteroides representar um perigo para a Terra agora ou no futuro.
Ainda de acordo com a agência, o impacto feito pela sonda deve criar somente uma cratera em dezenas de metros de largura e lançará um milhão de quilos de rocha e poeira no espaço.
“Essa missão não vai destruir o asteroide. Não vai transformá-lo em um monte de cacos”, disse Nancy Chabot, cientista planetária que administra a iniciativa.
De acordo com Thiago Signorini Gonçalves, professor de astronomia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o destino escolhido é apenas uma “questão de conveniência”.
“É um asteroide que fica relativamente próximo à Terra. Como o objetivo da missão é, em particular, testar a possibilidade de efetivamente desviar a órbita de um asteroide, é importante poder acompanhar a órbita posterior. Se fosse um asteroide muito distante, seria difícil fazer este acompanhamento”, explicou ele.
Sonda
A sonda usada na missão é do tamanho de uma geladeira e pesa aproximadamente 570 quilos. Ela é equipada somente com uma câmera, que é usada para navegar, selecionar o alvo e registrar a ação.
Contudo, a alguns milhares de quilômetros da sonda estava o satélite LICIACube, que gravou o impacto dela com o asteroide. Esse satélite tem duas câmeras para coletar imagens únicas da superfície do asteroide, além de detritos ejetados da cratera recém formada. Mesmo assim, a ESA, a agência espacial europeia, ressalta que não se deve esperar um vídeo detalhado dessa explosão.
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