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Pela primeira vez em 300 anos, a escada em que Jesus supostamente subiu é liberada para o público

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Cristianismo, como todos vocês sabem, é uma religião abraâmica monoteísta, centrada na vida e nos ensinamentos de Jesus de Nazaré, tais como são apresentados no Novo Testamento. A fé cristã acredita essencialmente em Jesus como o Cristo, filho de Deus. Talvez a maioria das pessoas já saiba de todas essas coisas, até porque, boa parte dessa história aprendemos na escola.

Alguns pontos são marcados na história de Jesus, como é o caso das Escadas Sagradas. Esse lugar supostamente foram as escadas em que Jesus andou a caminho de seu julgamento. Elas foram restauradas e reabertas em Roma.

A restauração aconteceu com a cobertura de madeira sendo removida pela primeira vez em quase 300 anos. Essa atração para os fiéis ficará aberta até o dia nove de junho. Mas segundo alguns especialistas, é improvável que Jesus tenha subido essas escadas em questão.

As Escadas Sagradas são compostas por 28 degraus de mármore que, segundo a história, são do pretório em Jerusalém. O palácio teria sido usado por Pôncio Pilatos, que era o prefeito romano de Judeia, quem presidiu o julgamento de Jesus que terminou com sua crucificação.

Segundo a lenda, Jesus subiu os degraus a caminho do seu julgamento. E a mãe do imperador romano Constantino, Helena, as levou para Roma depois de ter feito uma peregrinação à Terra Santa.

A tradição dos visitantes é subir as escadas de joelhos. E nos últimos 300 anos, os degraus foram cobertos de madeira para que ficassem protegidos. Mas na restauração atual, essa madeira foi retirada. Então, em abril deste ano, as escadas puderam ser vistas pela primeira vez.

Contradição

Segundo historiadores e arqueólogos, as escadas provavelmente não são do Palácio de Pôncio Pilatos. “Do ponto de vista científico, coloquei a probabilidade de que essas etapas viessem do palácio de Pilatos em Jerusalém a cerca de zero”, disse Jodi Magness, arqueóloga e professora de estudos religiosos na Universidade da Carolina do Norte.

Já outros especialistas viram algumas discrepâncias históricas as quais fazem ser improvável que Jesus tenha andado nessas escadas.

“Como muito pouco mármore foi usado em [Israel-Palestina] antes do segundo século, há muito pouca chance, creio eu, de que a escadaria seja autêntica”, disse Orit Peleg-Barkat, professor do Instituto de Hebraicos da Universidade Hebraica.

Além de a linha temporal também não fazer muito sentido. “O palácio de Pilatos foi destruído com o restante de Jerusalém pelos romanos no ano 70, muito antes de Helena visitar a Terra Santa”, explicou Magness. E também quem teria construído o palácio, teria sido o rei Herodes. E nem ele ou alguém de seu reino usavam mármore como material de construção.

“O mármore não é encontrado em nenhum lugar da Palestina e quase nunca foi usado na construção, certamente não no tempo de Herodes – ou antes dos 70”, continuou Magness.

Comparação

Vendo pelos palácios que restaram da época, os materiais locais eram cobertos com gesso ou estuque que imitava o mármore. “Até mesmo o mausoléu de Herodes, recentemente descoberto em Herodium, é construído de pedra branca local, não de mármore”, ressaltou.

Contudo, as Escadas Sagradas são de mármore. E a sua procedência é, talvez, de algum lugar na região do Mar Egeu. E segundo o professor de história, Patrick Geary, “não há razão para acreditar – além da fé – que esses passos eram do pretório romano em Jerusalém”.

Segundo a professora de história medieval da Universidade de Oxford, Julia Smith, as escadas não são as usadas por Jesus. “Na lenda popular, os degraus faziam parte do palácio de Pilatos em Jerusalém e depois foram trazidos para Roma por Helena. É precisamente isso, uma lenda”, disse.

E Smith disse ainda que talvez essas escadas sejam a tentativa de criar uma réplica. “Há muitos aspectos da topografia de Jerusalém que foram replicados em Roma, sendo mapeados em estruturas existentes na cidade e, a meu ver, a Escada Sagrada é uma delas”, explicou.

Mas o que importa, para os fiéis, é a tradição e não necessariamente a verdade arqueológica.

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