Anitta anunciou na última quinta-feira (28/07) que irá lançar um perfume para região íntima. De acordo com a cantora, a colônia “Puzzy” é sua oportunidade de “aproveitar para lucrar” em cima da polêmica de sua tatuagem no ânus.
“Chega de tanta gente lucrar e ganhar palco através do meu ‘polêmico’. Chegou a minha hora. Em breve meu perfume íntimo estará à venda nesse Brasil todooooooo”, escreveu no Twitter.
“Tem o tempo de duração da proteção, óbvio, mas você vai amar tanto que vai usar que nem desodorante, então é pra sempre”, explicou a artista.
De acordo com informações da coluna “Capital”, de O GLOBO, o perfume chegará ao varejo custando R$ 69 (embalagens de 25 ml). A distribuição do cosmético deve começar em meados de agosto, com o objetivo de chegar a mais de 80 mil pontos de venda pelo país. Ainda segundo a coluna, a farmacêutica planeja exportar o perfume para os Estados Unidos e México.
Nomeado como “Puzzy by Anitta” (que remete à gíria em inglês para vagina, “pussy”), a linha será toda em spray e as três fragrâncias receberão como nome grandes sucessos da artista: “Se Envolver”, “Agátta” e “Preparada”.
Perfume íntimo: uma moda que começou na gringa
A dermatologista Mayara Nascimento aponta que o consumo de perfumes íntimos começou na Europa e nos EUA, mas que só agora está chegando no Brasil.
“Temos poucos produtos de qualidade aqui. E o que seria um produto de qualidade? Precisa ser aprovado pela Anvisa, não pode ter álcool em sua composição de jeito nenhum, e tem que ser dermatologicamente e ginecologicamente testado.”
Serve tanto para homens e mulheres?
A dermatologista afirma que sim, que apesar do uso ser mais comum entre as mulheres. Por isso, ela aponta que os cuidados precisam ser maiores entre elas, já que a região íntima é mais interna.
“Homens e mulheres têm uma maior concentração de glândulas sudoríparas na região íntima, até mais do que na axila. É super normal ter transpiração e odor nessa área. A minha preocupação em relação ao produto é a questão de aceitação. Como se a gente fosse contra um odor que é natural”, disse.
Além disso, a especialista falou sobre o odor característico que as mulheres exalam durante a relação sexual, e explicou que isso faz parte da natureza humana.
“Quando a mulher está excitada, por exemplo, ela libera uma quantidade de hormônios e solta um odor característico. Tem estudos que mostram que ele inclusive atrai o parceiro. Bloquear isso é bloquear algo natural.”
Cuidados e contraindicações
O ginecologista Bruno Dourado aponta que o odor é importante e não deve ser inibido. “Temos que entender que vagina tem que ter cheiro de vagina, não cheiro de perfume.”
O especialista também aponta que o perfume íntimo pode ter efeitos no corpo que causam problemas que podem ser a curto e a longo prazo. “Os perfumes podem causar irritação na vulva, coceira e vermelhidão. Não queremos o uso deles. Não tem nenhum benefício para as mulheres. Caso tenha efeito, deve comunicar imediatamente à sua ginecologista e descontinuar o uso imediato”.
Mayara acrescenta que as alergias podem se espalhar pelo corpo e orienta que deve ser consultado um médico antes de usar ou não o produto.
Os dois profissionais ainda afirmam que o produto deve ser aplicado afastado da região para evitar efeitos nocivos.
Alertas sobre o uso de cosméticos na região íntima
Apesar de ser comum o uso de sabonetes e outros produtos para higienizar a região, médicos ginecologistas afirmam que a melhor combinação para cuidar da área é sabonete neutro e água.
“A vagina tem um mecanismo de autolimpeza, por isso não há necessidade de lavar por dentro. Você pode usar um sabonete neutro e água na parte externa, na vulva”, explica a ginecologista e obstetra Mariana Lemos Osiro, em entrevista ao G1.
Flavia Fairbanks, mestre e doutora em ginecologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), acrescenta que “qualquer coisa longe disso pode mudar a constituição do mecanismo de defesa. Cada vez que quebramos essa proteção, estamos expondo o organismo a riscos de outras infecções, bactérias e fungos”.
Já Carolina Ambrogini, ginecologista e sexóloga da Unifesp, afirma que culturalmente existe a ideia de que a região íntima feminina é suja. Por causa disso, as mulheres acabam lavando muito e usando cosméticos, como perfume íntimo, o que altera o pH vaginal.
“A flora vaginal é muito sensível, pode sempre mudar. A mulher precisa tomar cuidado com a limpeza excessiva, o uso de antibióticos e também com o sexo excessivo”, disse a médica, em entrevista ao G1.
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